maio 19, 2008

Passeata reivindica fim dos manicômios

Foto: Rogério Gonçalves - Goiânia, Maio/2008

18/05/2008
Luta antimanicomial
Passeata reivindica fim dos manicômios

O Dia Nacional de Luta Antimanicomial é 17 de maio, domingo, mas já na sexta-feira, 15, manifestantes tomaram ruas do Centro de Goiânia para pedirem o fim dos manicômios. “Maluco Beleza” é o nome da caminhada que reuniu psicólogos e demais especialistas em saúde mental, pacientes, representantes de entidades de direitos humanos, políticos e várias outras pessoas envolvidas com a causa.A psicóloga Deusdet Martins, integrante do Fórum Goiano de Saúde Mental, explica que o objetivo da manifestação é transformar o modelo de assistência aplicado hoje na área de saúde mental. “Esse processo já vem se transformando ao longo de 20 anos de luta”, diz.Segundo ela, há duas décadas, havia, no Brasil, mais de cem mil leitos psiquiátricos, onde as pessoas eram internadas, segregadas, excluídas do convívio social e violentadas de todas as formas. “Os direitos humanos delas não eram respeitados. Eram maltratadas”, expõe.Uma das principais bandeiras da Luta Antimanicomial é a substituição total dos leitos psiquiátricos por serviços humanizados. O modelo apregoado pelo Fórum são os Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Em todo o Brasil, há mil unidades. Em Goiânia, são sete. Nos Caps, de acordo com a psicóloga, as pessoas “são tratadas com respeito, enquanto nos manicômios são tratadas como objetos, não como gente”.O Fórum Goiano de Saúde Mental, que tem o apoio do Conselho Regional de Psicologia de Goiás e Tocantins (CRP-09), propõe a propagação de centros comunitários abertos, onde as pessoas são tratadas em liberdade e são respeitadas em suas diferenças. Deusdet diz que o tratamento pode ser feito desde o Programa Saúde da Família (PSF), na rede básica, até os Caps, considerado mais complexo. Outra defesa do segmento é a implantação do modelo III de Caps em todas as cidades com mais de 150 mil habitantes. A modalidade tem atendimento 24 horas por dia durante toda a semana, inclusive sábado e domingo.

Realidade local
Em Goiás, são 1196 leitos psiquiátricos cadastrados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Somente na capital, são 599, todos ocupados. Em todo o Estado, existem 19 Caps. Goiás ocupa o 22º lugar no ranking nacional. Já Goiânia possui sete serviços, mas apenas nas modalidades I e II, conforme normatização da portaria federal 336/2002. As unidades são definidas de acordo com a capacidade operacional. A modalidade I é prevista para municípios cuja população está entre 20 mil e 70 mil habitantes. Funcionam das 8 às 18 horas, em dois turnos, durante os cinco dias úteis da semana. Já o Caps II amplia a área de cobertura, com um terceiro turno de funcionamento, até às 21 horas. Está estipulado para municípios com população de 70 mil a 200 mil habitantes.

Na história
Dia Nacional da Luta Antimanicomial
Há 21 anos, especialistas da área, reunidos no II Congresso de Trabalhadores em Saúde Mental, realizado em Bauru (SP), indignados com a situação desumana e de abandono em que se encontravam pessoas com sofrimento mental, nos hospitais psiquiátricos, manifestaram-se publicamente pelo fim desta situação. Eles instituíram 18 de maio como Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Para lutar por um tratamento humano, nasceu um movimento social denominado Luta Antimanicomial. Desde então, são realizadas na data atividades culturais e políticas de protestos e denúncias contra a violação aos direitos civis e humanos dos portadores de sofrimento mental, reclusos em hospitais psiquiátricos e também as comemorações, pelos avanços conquistados ao longo dessa luta. Mais de 60 mil leitos psiquiátricos foram extintos desde então, restando ainda cerca de 38 mil a serem substituídos em todo país.

Com informações da assessoria de imprensa do Conselho Regional de Psicologia de Goiás e Tocantins

Reportagem
João Camargo Neto

Fonte: Boletim Informativo da vereadora Mariana SAnt'Anna

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