“Cristianismo é empresa criminosa”

Foto: AFP - Fernando Vallejo

Mulheres de Olho

“Cristianismo é empresa criminosa”
23 May 2008

O cristianismo não é uma religião, mas uma empresa criminal. E assim tem sido desde que a seita cristã que chamou a si mesmade católica, ou seja, universal, pegou carona no triunfo do imperador Constantino (um genocida que, no ano 312, exterminou uma dezena de outras seitas cristãs e de outros cultos e feitiçarias do Império Romano) para então se atribuir a função de única detentora da verdade e da moral. Os 1.700 anos que se seguiram foram plenos de crimes e infâmias: as oito cruzadas contra os muçulmanos que banharam de sangue a Terra Santa; as cruzadas dos papas contra os próprios correligionários cristãos que se atreveram a discordar do autocrata de Roma, ou seja, os albigenses,os valdenses, os apostólicos, os fraticelli, os begardos, os camisardes… Os horrores das Inquisições católica e protestante: a queima de hereges e bruxas que perdurou durante sete séculos. A noite de São Bartolomeu, a destruição das culturas indígenas da América, a oposição à ciência e à liberdade de pensamento e de imprensa, as guerras da Reforma e da Contra-reforma, etc., etc., etc. Não há civilização cristã: há barbárie cristã. Fabulação, mentira, falsificação, hipocrisia, engano,derramamento de sangue…

As declarações são do escritor Fernando Vallejo, que vem ao Brasil em julho para a próxima edição da FLIP. Como autor internacional convidado e confirmado, ele foi onipresente nos cadernos de cultura com seu discurso virulento contra a Igreja Católica. Primeiro, no sábado, 17, o Caderno 2 do Estadão publicou a entrevista da qual reproduzimos trechos. Depois, na quarta, 21, foi a vez do Segundo Caderno de O Globo estampar Vallejo na capa, repetindo os mesmos ataques. O registro - que deveria ser positivo, na medida em que abre espaço para vozes críticas à IC - também incomoda, na medida em que de certa forma “isola” essas críticas num ambiente de discussão que não é politizado, como os cadernos de cultura. Fica a pergunta: se uma mulher feminista abrir a boca para dizer exatamente as mesmas coisas, terá espaço idêntico?

Anne Resende Braga, colaboradora

Fonte: Mulheres de Olho

*****

Nota do blog: Saiba mais sobre Fernando Vallejo, o escritor que renunciou à cidadania colombiana. Acesse Enkidu.