maio 18, 2008

Pedagodia dos descarados

Nota do blog: Depois das agressões desferidas pelo ex-presidente da ABP, pelo jornal O Globo, em julho de 2006, contra a Reforma Psiquiátrica, atingindo frontalmente o Coordenador Nacional de Saúde Mental, a atual diretoria da entidade produziu um documento que é um primor de discurso do reformismo de araque, embora, a bem da verdade, não haja qualquer alusão à Reforma Psiquiátrica. Aí é pedir demais, pois seria reconhecer o anacronismo da psiquiatria conservadora. Leia, com esses olhos que a terra há de comer, e veja como se expropria a história de um movimento que luta por uma sociedade sem manicômios, cuja dimensão civilizatória passa ao largo da história dessa instituição. Salvo no período em que ela foi dirigida por Marcos Toledo de Ferraz, quando teve uma atuação brilhante junto ao Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental, o resto é fita pra inglês ver.

Luta em favor dos pacientes
16-05-2008
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A Associação Brasileira de Psiquiatria foi pioneira na luta para que o modelo de assistência em saúde mental no Brasil fosse constantemente atualizado, em consonância com os avanços na área. Pacientes com transtornos mentais diferentes, com graus de comprometimento e gravidade distintos, não podem ser tratados da mesma forma. É necessário criar uma rede de assistência que contemple as estratégias terapêuticas comprovadamente eficazes em saúde mental. Idealmente, essa rede seria hierarquizada, com referência e contra-referência, constituída por equipes de retaguarda nos centros de atenção primária, pronto atendimento psiquiátrico em pronto socorro geral, ambulatórios especializados, leitos e unidades psiquiátricas em hospital geral, hospitais especializados e centros de atendimento médico e psicossocial, entre outros dispositivos.

Como representante da especialidade no país, a ABP tem trabalhado junto ao poder público, ocupando os espaços de discussão de maneira crítica, no sentido de colaborar na construção de uma rede assistencial mais completa, que não exclua os pacientes que precisam de acompanhamento contínuo. Após a última audiência com o ministro José Gomes Temporão, novas ações foram colocadas em prática.

Foi criado um grupo de trabalho para propor iniciativas que aumentem a inserção da psiquiatria nos hospitais gerais. Este é um fator estratégico para a melhora do atendimento aos pacientes que apresentam comorbidades e para o combate ao estigma em saúde mental. O grupo já levantou propostas, que serão levadas ao próximo encontro com o ministro. Paralelamente, a Comissão de Acompanhamento da Política de Assistência Psiquiátrica no Brasil continua o seu trabalho. Regularmente realiza reuniões para avaliar a atuação do setor de saúde mental do MS, acompanha e analisa dados e informações sobre o atendimento no país e propõe projetos que contribuam com a melhora do modelo.

Em outra linha de ação, a ABP ampliou o programa ABP Comunidade, através do Projeto Psiquiatria para uma Vida Melhor, visando maior aproximação da especialidade com a população leiga. Desmistificar os transtornos mentais e esclarecer a população sobre o papel do psiquiatra no seu tratamento são formas de se combater o estigma e a discriminação.

No próximo dia 19 haverá o lançamento do ABP Comunidade local, cuja primeira edição será em Teresina (PI), e se estenderá até o dia 26 de maio. Tal evento é uma realização conjunta da ABP e da Associação Psiquiátrica do Piauí, que disponibilizará um quiosque no Teresina Shopping, onde os interessados poderão esclarecer dúvidas, receber folhetos informativos e indicações de locais de atendimento público em saúde mental no município. Além disso, nos dias 23 e 24 de maio, acontecerão cinco palestras gratuitas sobre temas ligados à psiquiatria. Atividades semelhantes serão realizadas em outros locais ao longo do ano, nas jornadas regionais e durante o XXVI CBP.

Em consonância com essas ações junto à comunidade, a ABP apóia a realização do Fórum sobre Saúde Mental, Direitos dos Portadores e Reinserção Social promovido pelo Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental da Santa Casa de São Paulo (CAISM), no dia 17 de maio, onde se fará representar por um de seus diretores. Sem dúvida este será um momento importante para se divulgar o programa ABP Comunidade e conhecer as principais iniciativas das associações de portadores de transtorno mental do Estado de São Paulo, do Conselho Regional de Medicina, da Sociedade Brasileira de Enfermagem Psiquiátrica e do Ministério Público Estadual no campo da defesa dos direitos e da reinserção social dos pacientes.

Com responsabilidade e boa fundamentação técnica, nossa luta não é contra instituições ou classes profissionais. Nossa luta é em favor dos pacientes.
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