Com sutileza elefantina, a Prefeitura de São Paulo psiquiatriza a população de rua. Eis a roupagem "muderna" do higienismo dos anos 1930, tão bem identificados nas entrelinhas negritadas, nos textos abaixo, por uma especialista nas manhas e artimanhas das linguagens politicamente corretas. Valeu, companheira! (*) Da próxima vez, me autorize a revelar sua identidade)
Domingo, 18 de Maio de 2008
Moradores de rua de SP terão atendimento psiquiátrico
160 profissionais da Secretaria Municipal da Saúde darão atendimento médico aos usuários dos 39 albergues
Diego Zanchetta
Moradores de rua abordados por agentes da Prefeitura de São Paulo durante as madrugadas deste inverno terão, pela primeira vez, um atendimento médico imediato. Com participação de 160 profissionais da Secretaria Municipal da Saúde, a população convidada a dormir em algum dos 39 albergues municipais passará, antes, por exames para identificar possíveis doenças e problemas psiquiátricos.
O secretário Paulo Sérgio de Oliveira Costa, da Assistência Social, afirmou que o objetivo é manter uma estrutura hospitalar destinada ao funcionamento da Operação Frentes Frias. O programa anual começou neste ano 40 dias antes do previsto, no dia 12. A capital tem hoje uma média de 13 mil pessoas morando nas ruas, segundo levantamento do governo municipal. No ano passado, os agentes municipais fizeram 100.594 atendimentos de moradores de rua, quase o dobro dos 50.575 de 2006. "A operação será algo maior que só oferecer um prato de comida. Precisamos identificar as pessoas que precisam de tratamento psiquiátrico, que têm problemas com drogas ou sofrem com doenças."
Costa, que assumiu o cargo há pouco mais de um mês, no lugar de Floriano Pesaro, foi a Nova York conhecer o trabalho com moradores de rua da metrópole americana, onde uma rede de 92 albergues atende 34.637 moradores de rua. "Percebemos que lá o trabalho é descentralizado, o morador é atendido em estruturas afastadas da região central. Aqui, queremos reproduzir parte desse modelo."
BORACÉIA
Na Oficina Boracéa, um dos maiores albergues municipais na Barra Funda, zona oeste, já há uma Assistência Médica Ambulatorial (AMA) especializada no atendimento psiquiátrico. "Mas também realizamos muitos exames para identificar o HIV, câncer e tuberculose, por exemplo", explica Marisa Rosa Barbosa, uma das coordenadoras do albergue. "É muito raro alguém entrar aqui sem problema de saúde. Principalmente distúrbios mentais são comuns entre a população de rua." No total, os albergues de São Paulo dispõem de 9 mil vagas. Neste ano, segundo a Assistência Social, foram abertas 1.426 vagas para adultos e 200 para crianças e adolescentes.
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http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080403/not_imp150282,0.php
Quinta-Feira, 03 de Abril de 2008
Morador de rua vai ter atendimento psiquiátrico
Prefeitura abre AMA no albergue Boracea com tratamento individual
Vitor Hugo Brandalise
A primeira Assistência Médica Ambulatorial (AMA) instalada junto a um albergue para moradores de rua será inaugurada hoje, às 8h30, no bairro de Santa Cecília, centro de São Paulo. Construída em parceria entre as secretarias da Saúde e da Assistência e Desenvolvimento Social, a AMA Boracea será, também, a primeira da cidade a oferecer atendimento psiquiátrico individual aos pacientes. Serão 9 mil atendimentos por mês.
"Embora não se trate de uma unidade exclusiva para moradores de rua, é certo que, lá, eles terão atendimento diferenciado. Poderão cuidar da higiene, terão reforço alimentar e poderão ficar até 12 horas em observação, antes de serem liberados ou encaminhados para outras unidades", afirma a coordenadora de saúde da região central, Ivanilda Marques.
A estimativa da Secretaria da Saúde é de que cerca de 850 pessoas vivam em situação de rua na região de Santa Cecília. "A AMA aproxima o morador de rua da unidade de saúde. Vai servir de porta de entrada para outras unidades do centro, como o Caps (Centro de Atendimento Psicossocial de Álcool e Drogas) e o Serviço de Atendimento Exclusivo de DST e Aids", afirma Ivanilda.
A iniciativa de oferecer tratamento psicológico na AMA - geralmente, postos de saúde destinados a resolver ocorrências de baixa complexidade - foi tomada após a constatação da Secretaria de Saúde, no ano passado, de que aproximadamente 35% da população de rua da capital sofre de distúrbios psiquiátricos de intensidade moderada a grave. "Equipes de assistentes sociais já fazem abordagem e acompanhamento de pessoas em situação de rua. Agora, poderão encaminhá-los mais facilmente a unidade de saúde."
Além das consultas psiquiátricas, a nova unidade terá clínica médica especializada na identificação de tuberculose - doença muito incidente na população de rua -, pediatria e farmácia próprias. O quadro de pessoal da nova unidade é formado por cerca de 20 profissionais, entre clínicos gerais, pediatras, enfermeiros, e técnicos. O investimento total para reformar o albergue e comprar equipamentos foi de cerca de R$ 680 mil. O custo mensal com pessoal será de R$ 211 mil.
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