Descobri mais uma obra interessante sobre comunicação e transformação social: Kurlansky, Mark. 1968: o ano que abalou o mundo. Ed. José Olympio. O autor pesquisou nas edições daquele ano da imprensa de vários países, reconstituindo o papel das transformações da mídia na eclosão das rebeliões da juventude, com tantas consequências por todos aqui conhecidas. De um modo geral, a chave interpretativa do autor é considerar uma certa inépcia tanto da grande mídia como das outras instituições do poder para controlar os novos usos que surgiam diante das novas tecnologias, a TV em particular, como brecha decisiva para a efervescência rebeliões anti-autoritárias ocorridas em todo o mundo. Algo que, ao meu ver, poderíamos comparar com os primeiros anos da internet na década de 1990 e a eclosão do zapatismo e do movimento anti-capitalista. Se o autor estiver correto, 1968 foi um experimento bastante limitado, se comparado ao que poderia acontecer com a afetiva apropriação/democratização, ou mesmo com o fim da "propriedade" dos meios de comunicação.
Guilherme Githay de Figueiredo
PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
novembro 02, 2009
1968: o ano que abalou o mundo
Nota do blog: 1968, o ano que não acabou, ainda dá pano pra manga. A obra recomendada (abaixo) pelo professor Guilherme Githay é uma delas. O autor questiona o papel da imprensa da época. Pela leitura de Githay, houve inépcia por parte da mídia no tratamento daquele evento histórico. Vale lembrar que, nessa época, Franco Basaglia trabalhava, há pelo menos dez anos, no desmonte dos manicômios italianos, e comia o pão que o diabo amassou para por o tema na pauta do debate público. Dez anos depois ele conseguiria obter do parlamento a Lei 180, que desmontava os hospitais psiquiátricos, criando em seu lugar um rede substitutiva. O fato foi explorado à exaustão na mídia, e hoje só é lembrado para ser contestado ou ser incensado aqui e acolá. O que tá faltando para que nossas histórias não fiquem submetidas a esse tipo de controle? A apropriação/democratização dos meios de comunicação, como afirma o professor da Universidade do Estado do Amazonas. Tá dada a dica de leitura, oportuna para nós brasileiros, às vésperas da Conferência Nacional de Comunicação. No mais, a luta continua. Resta saber quantas andorinhas querem fazer um novo verão.
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