Nota do blog: O título do filme é "Pequeno Grão de Areia" (Granito de Arena / Grain of Sand). Sinopse: documentário sobre a luta dos professores mexicanos de Oaxaca contra o neoliberalismo na educação. O filme trata como a destruição da educação é um projeto articulado a partir de diretrizes internacionais. As políticas implementadas na educação mexicana são as mesmas que muitas vezes vemos travestidas de "modernas" no Brasil. A dica é do CMI - Panamazônico. O filme proporciona excelente discussões sobre o valor da educação na sociedade capitalista liberal. Imperdível! Acesse a página de Granito de Arena: http://www.corrugate.org/granito_de_arena/granito_de_arena
Granito de Arena
Filme: "Pequeno grão de areia"
“Qual é o papel do professor neste novo contexto mundial,(...)?”
“Sabe o que eles querem?
Querem serventes, querem que a escola só sirva para capacitar melhor a força de trabalho que será explorada neste país, nas fábricas de zonas francas”.
“Quando o professor luta, ele também está ensinando”
Fragmentos extraídos de alguns depoimentos do filme Granito de Arena
O filme “Granito de Arena” (México, 2005) de Jill Freidberg retrata a história da organização e luta dos professores em defesa da escola pública, assim como por melhores condições de vida e preservação da identidade cultural das comunidades indígenas mexicanas, a partir da mobilização dos trabalhadores do ensino, dos estudantes e seus pais contra a destruição da Escola Normal Rural MACTUMACTZA – localizada em Tuxtla Gutierrez, Chiapas – México.
Jill Freidberg, diretor estadunidense independente (de Seattle), passou dois anos no sul do México para documentar os esforços dos mais de 100.000 professores, pais, estudantes que lutam para defender o sistema de educação pública do país dos devastadores impactos da política imperialista (da chamada “globalização econômica”). No filme, Freidberg combina imagens de greves e ações diretas com imagens inéditas de 25 anos de arquivo para oferecer um registro desta altiva e inquietante história de resistência, repressão, dedicação e solidariedade.
Mactumactza é uma das dezessete escolas públicas conhecidas como escola normal rural onde estudantes de famílias rurais pobres se preparavam para serem professores das escolas públicas do México. A maioria dos estudantes é de origem camponesa e na escola tinham direito ao alojamento, alimentação e garantia de que teriam vaga quando se formassem professores. Escolas deste tipo serviram durante 46 anos a algumas das comunidades mais pobres do Estado.
Em 2002, o Banco Mundial ofereceu empréstimo de U$S 40 milhões de dólares para o Estado de Chiapas com a condição de que as escolas normais rurais fossem transformadas em Escolas Técnicas semi-particulares.
“A principal característica das escolas rurais é oferecer uma formação política aos estudantes. Se elas acabarem, perderemos os professores que têm um enfoque diferenciado, um enfoque mais próximo do povo, das pessoas, dos camponeses”. (Claudia Herrera, jornalista do La Jornada).
O governo estadual respondeu às recomendações do Banco Mundial, impondo um exame padronizado para todos os estudantes que estudavam em MACTUMACTZA, alegando a inexistência de vagas no Estado para todos os professores que se formavam nesta escola.
“Este é um projeto para ir fechando aos poucos as escolas rurais. Precisamos de muitos professores em Chiapas. No entanto, não há disposição do governo para melhorar essa situação, o governo é manipulado pelo Banco Mundial e pelo FMI” (liderança sindical de Chiapas)
Determinados a defender o caráter público de MACTUMACTZA, os estudantes, pais e professores saíram às ruas e insistiram na negociação com as autoridades. Quando o governo respondeu com o cancelamento do semestre, houve ocupação da escola.
A polícia invadiu a escola, reprimiu e espancou violentamente os estudantes e trabalhadores que a ocupavam. Foram utilizados helicópteros e gás lacrimogêneo - não importando que lá estivessem crianças, mulheres e idosos que apoiavam o movimento em defesa da escola. O conflito se estendeu durante semanas e mais de 150 professores e estudantes foram presos e torturados em uma prisão de segurança máxima, um motorista de ônibus escolar foi assassinado.
Após este enfrentamento, centenas de professores saíram às ruas, em caravana que seguiu de Chiapas ao Distrito Federal, ganhando a adesão de inúmeras pessoas a cada parada nas comunidades pelo caminho. “Hoje a luta tem início! Essa luta é por MACTUMACTZA! Essa luta é por todas as escolas normais rurais deste país! Essa luta é em defesa da escola pública!”.
Os depoimentos de lideranças sindicais, professores, estudantes, pais de estudantes e pesquisadores da área da educação, revelam o processo de precarização e tentativa de privatização da educação pública no México, assim como, de precarização das condições de trabalho dos professores.
São denunciados também os diversos acordos estabelecidos entre o governo mexicano, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), nas últimas décadas, que acarretaram a degradação e destruição de inúmeras escolas públicas e que significaram concretamente a transformação da educação pública em serviço mercantil, limitando o acesso do povo mexicano à educação pública garantida como direito. Direito conquistado desde a revolução mexicana em 1910. Acordos que implicaram também no avanço das políticas de privatização, de baixos salários dos professores, de saturação de alunos por sala, de pouco investimento na educação, de estímulo à competição entre os professores, de redução do número de vagas e, através de “Programas de Qualidade”, da adequação dos currículos escolares aos interesses de empresas privadas como a Ford, Coca-cola, entre outras.
O filme resgata a história de resistência do povo e dos trabalhadores da educação do México a este processo e mostra as raízes das lutas populares recentes na área de ensino e da criação da Coordenadoria Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE).
“Mais importante foi que começou a ter uma organização pela base. Ser professor se transformou em uma definição de dignidade. O que é ser um professor digno? É aquele que não permite que atropelem os seus direitos, mas também não permite que atropelem os direitos dos demais”
“A luta é necessária. Com nossas marchas e mobilizações estamos colocando nosso pequeno grão de areia para a transformação desde país”
Fragmentos extraídos de alguns depoimentos do filme Granito de Arena
Granito de Arena (Pequeno grão de areia)
México, 2005
Diretor: Jill Freidberg
Premiado documentário sobre a luta dos professores, alunos e comunidade, com depoimentos de Eduardo Galeano, Maude Barlow.
Duração: 59 minutos
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PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
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