abril 22, 2012

Messianismos à parte, sem uma política da alegria a Mãe Terra não tem salvação


PICICA: A essa hora do entardecer, nesse 22 de abril, fico a pensar que mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo participaram da mobilização do "Dia da Terra 2012". O vídeo de mobilização é o que você vê acima. Não tem como deixar de ser envolvido pela emoção de ver a exuberância da Mãe Terra, tão maltratada nas últimas décadas pela desumanidade cruel do capitalismo predatório. Em Manaus, nem uma mísera manifestação. O Encontro das Águas ameaçado por uma subsidiária da VALE; as comunidades ribeirinhas do Jatuarana e do Mainã sob proibição do exército em ter acesso ao Programa Luz Para Todos, e ainda por cima com o risco de perderem as terras onde seus antepassados fizeram moradia desde o século XIX; o Polo Industrial de Manaus poluindo mananciais e pondo fim ao cinturão verde entre os bairros da Colônia Antônio Aleixo e do Puraquequara; sem contar com construção do futuro Polo Naval próximo daquela região, na área rural de Manaus, com a promessa de 12 mil empregos; tudo isso sob a mais baixa resistência social de todos os tempos na história do Amazonas. Vejo nisso o fracasso de uma geração incapaz de deter o avanço da catástrofe ecológica prevista pelos que não se deslumbraram com o desenvolvimentismo. Muitos abandonaram suas 'armas'. A construção do comum já não conta com esses guerreiros-cansados-de-guerra - exceções de praxe. Urge a revalorização da nossa potência coletiva. É preciso por fim às paixões entristecidas. O capitalismo agigantou-se, impregnou os afoitos, e vem dando sinais de auto-destruição. Dois fundamentalismos disputam o espólio do niilismo contemporâneo: a Lei do Mercado e a Lei de Deus, em suas versões apocalíticas; uma submetendo os humanos à frustração de suas demandas e outra à renúncia de seus desejos. Mas há um terceiro ator em cena que, disposto a celebrar pactos contra a mediocridade, o tédio e a tristeza, aposta na invenção como um acontecimento capaz engendrar novas formas de cooperação. Os novos afetos de revolta, como afirma Peter Pál Pelbart, vem junto com uma nova dimesão política da alegria, e a alegria como uma dimensão do político. Eles já estão entre nós.

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