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Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
PICICA: "Ao analisar cada um dos 150 projetos, os
pesquisadores observaram que 60% deles provocariam, em muitos rios,
quebra da conectividade entre as cabeceiras protegidas dos Andes e as
planícies da Amazônia. Além disso, 80% das barragens propostas vão
provocar perda de florestas. Pelo menos 50% destas novas construções
foram consideradas de alto impacto ambiental e somente 19%, de baixo."
Uma das regiões de maior biodiversidade do planeta, a Amazônia está sofrendo grande pressão por conta da construção de hidrelétricas. Estudo publicado nesta quarta-feira na revista “PLoS ONE” revela que há projetos para 150 novas barragens nos seis maiores rios que conectam os Andes à Amazônia. Isto representa um aumento de 300% em relação às já existentes em uma área que se espalha por cinco países: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.
De acordo com a pesquisa, cujos autores principais
são Matt Finer (das ONGs Salve as Florestas da América e Centro para
Leis Internacionais de Meio Ambiente) e Clinton Jenkins (da
Universidade da Carolina do Norte), mais da metade das barragens seriam
para grandes usinas, com capacidade superior a 100 megawatts. Cerca de
40% dos projetos já estão em estado avançado.
Ao analisar cada um dos 150 projetos, os
pesquisadores observaram que 60% deles provocariam, em muitos rios,
quebra da conectividade entre as cabeceiras protegidas dos Andes e as
planícies da Amazônia. Além disso, 80% das barragens propostas vão
provocar perda de florestas. Pelo menos 50% destas novas construções
foram consideradas de alto impacto ambiental e somente 19%, de baixo.
"As cinco barragens de maior impacto ambiental estão
associados ao acordo energético entre Peru e Brasil (Inambari,
Mainique, Paquitzapango, Tambo 40 e Tambo 60), por causa da
fragmentação do rio e da necessidade de construção de estradas, linhas
de transmissão e de infraestrutura", destacou Finer.
Os Andes fornecem a maioria dos sedimentos,
nutrientes e matéria orgânica para a Amazônia. Muitas espécies de
peixes amazônicos desovam em rios que dependem da influência andina,
incluindo os que migram para as cabeceiras.
"A energia hidrelétrica pode ser boa se houver um
planejamento estratégico ",ressaltou Finer. - Recomendamos que as
barragens de baixo impacto sejam priorizadas, e as de alto, eliminadas,
com cuidadosa reconsideração em relação às de médio impacto. Além
disso, é preciso evitar a perda da conexão entre os Andes e a Amazônia.
Para o geólogo Albano Araújo, coordenador de
Conservação de Água Doce da ONG The Nature Conservancy (TNC), a
construção de barragens é a principal ameaça não apenas à Amazônia, mas
também ao Pantanal. Ele participou de uma pesquisa publicada em
fevereiro que avaliou os riscos ecológicos na bacia do Rio Paraguai.
"A barragem quebra a conectividade ao longo do rio e
a chamada conectividade lateral. A variação entre seca e cheia cria
áreas que inundam regularmente. Vários processos ecológicos na Amazônia
dependem desta inundação sazonal ", explicou. " É necessário levar em
conta a questão ecológica para decidir se há ou não barragens. E os
impactos podem ser minimizados na construção e na operação".
Ainda é necessário realizar mais estudos para entender melhor as consequências ambientais de barragens, ressalta Jenkis.
"A interrupção da conexão entre entre os Andes e as
planícies da Amazônia é muito importante. Ainda há muitas incertezas
porque ainda é um sistema pouco estudado ", ressaltou Jenkis. - O
impacto total das barragens propostas ainda não é conhecido, mas isto
deveria ser determinado antes da construção delas, e não depois, quando
será tarde demais.
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