abril 06, 2012

TV Cultura: "(...)o que precisamos é produzir conhecimento, não entretenimento" (Jorge Cunha Lima)


TV Cultura: ‘é um equívoco a programação voltada à audiência, e não à missão de TV pública’
ESCRITO POR GABRIEL BRITO, DA REDAÇÃO. COLABOROU VALÉRIA NADER   

PICICA: "O que quer dizer ser público? Significa eqüidistante – tanto dos interesses do mercado, que definem a programação das televisões privadas, e também do governo. Isso pra poder fazer uma programação de interesse público, no caso, de formação crítica do telespectador. A formação crítica do telespectador não exige que tenhamos tanta preocupação, como se vê na gestão atual, em relação à audiência. Isso porque audiência é um critério de julgamento de valor comercial. E o que dá audiência, sabemos, é entretenimento. Mas, na televisão pública, o que precisamos produzir é conhecimento, não entretenimento."

Em meio a um polêmico processo de reformulação de sua programação, marcado também por um alto número de demissões em seu último período, a Fundação Padre Anchieta (FPA), mantenedora da TV Cultura, passa por uma severa onda de críticas. Críticas que aumentaram após a cessão de horário nobre para telejornal produzido pela Folha de S. Paulo, levantando acusações de que o fato expõe uma paulatina privatização e perda do caráter de TV Pública da emissora.

Com vistas a debater o assunto e dirimir dúvidas, o Correio da Cidadania conversou com Jorge Cunha Lima, ex-presidente da FPA e até hoje membro de seu Conselho Curador. Cunha Lima ressalta que a FPA é primordial e juridicamente uma fundação pública de direito privado, de modo que considera decisivo o processo sobre a estabilidade laboral a ser analisado pelo STF, que poderia “transformar a Cultura em repartição pública, algo que não é, apesar de ser mantida pelos governos e sociedade”.

São também veementes as críticas do ex-presidente da FPA aos perfis recentes de gestão da Cultura, “demasiadamente preocupadas com audiência” - o que, segundo explica, requer o entretenimento em lugar de uma televisão que colabore com a “formação crítica do telespectador, a verdadeira missão da TV Pública”. Quanto à decisão de conceder o horário à Folha, não passou por discussões amplas, veio de cima, já como fato consumado, conforme relata Cunha Lima - o que serve para dimensionar as permanentes pressões políticas e mercadológicas.

Apesar da crítica a respeito de tais desvios do caráter público da emissora, Cunha Lima descarta a ameaça de uma privatização de fato, uma vez que o princípio fundacional da mantenedora não o permitiria, além de rebater críticas a uma suposta falta de abertura no conselho, citando os entes sociais que dele fazem parte. Por fim, propõe uma lei geral voltada à comunicação pública e se declara favorável à regulamentação social de toda a mídia.

A entrevista completa pode ser conferida a seguir.

Para ler a entrevista, acesse Correio da Cidadania

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