O PT, A ESQUERDA E O GOVERNO DILMA NÃO TÊM PROJETO PARA A ÁREA DA CULTURA BRASILEIRA
PICICA 1: Antes dos 'companheiros' da direita do PT cairem de pau, leia a matéria e constatem a pertinência da crítica.
PICICA 2: "A verdade é que o atual período de crise permanente do MinC reflete isso, uma unidade predominantemente canastrã em obediência ao que foi imposto por anos a fio de um sistema industrial sincronizado com a mídia. Quantas boas frases foram ditas durante a eleição por muitos artistas e intelectuais que não soaram tão forte quanto as que foram ditas no dia do encontro de Dilma com artistas no Teatro Casa Grande? Se havia necessidade daquele encontro? Sim, era o momento de somar forças e simplificar uma ação em prol da candidatura de Dilma. Mas que isso não deixa de ser um simplismo mergulhado na própria ditadura de imagem construída pela mídia, não há a menor dúvida. E é dessa imagem fácil que a esquerda vem nutrindo a fábula de que tem projeto para a cultura."
Por Carlos Henrique Machado Freitas
O que tem dado à Ana de Hollanda o direito à eternidade são as condições também de eternidade que em sua trajetória da à máfia da Lei Rouanet e ao cartel Ecad. Estamos vivendo uma experiência nova, pois estamos acordando para perceber que a esquerda, o PT e o governo Dilma não têm perspectiva de futuro para a área da cultura. Infelizmente é esta a nossa realidade histórica. E foi com este material, ou seja, nenhum, que Antonio Grassi veio, ao longo de dez anos construindo as suas alianças justo no território onde a pretensão e a cobiça povoam um espaço deserto de ideias. Por isso e justamente porque é extremamente diversificado que o Cultura Viva é um projeto revolucionário. É revolucionário sobretudo no mundo, não só no Brasil porque a direita que acredita na cultura como representação também do lucro, é que pauta em escala global, o cotidiano de um universo cada vez mais dependente de um sistema único, pobre que busca soluções entre a fantasia e a cultura como valor de mercadoria.
Antonio Grassi alcançou a sua plenitude como homem que, com um jogo primário, fabrica adesões, dentro e principalmente fora do PT. Quando ele entrou na regência desse sistema miúdo, aquela velha cena histórica de artistas decorando a imagem da esquerda valorizando a participação da própria maneira da indústria anunciar seus produtos, o modelo econômico e social da gestão da esquerda estava pronto.
A verdade é que o atual período de crise permanente do MinC reflete isso, uma unidade predominantemente canastrã em obediência ao que foi imposto por anos a fio de um sistema industrial sincronizado com a mídia. Quantas boas frases foram ditas durante a eleição por muitos artistas e intelectuais que não soaram tão forte quanto as que foram ditas no dia do encontro de Dilma com artistas no Teatro Casa Grande? Se havia necessidade daquele encontro? Sim, era o momento de somar forças e simplificar uma ação em prol da candidatura de Dilma. Mas que isso não deixa de ser um simplismo mergulhado na própria ditadura de imagem construída pela mídia, não há a menor dúvida. E é dessa imagem fácil que a esquerda vem nutrindo a fábula de que tem projeto para a cultura.
Talvez este seja um dos grandes problemas da esquerda racional, a de não conseguir ser objetiva em abrir espaço para novas vozes. Imaginem! Num universo de mais de oito milhões de pessoas envolvidas com o programa Cultura Viva, um dos dados mais significativos da era Lula na gestão cultural, Antonio Grassi conseguiu fechar o diafragma num foco em que ele pudesse dominar.
Tenho dito, de forma recorrente, que o território dominado por esse comércio político que hoje representa o MinC, é minúsculo e, em alguns momentos é estrategicamente grosseiro. Não é atoa que a Ministra da Cultura recebe em seu gabinete o vice-presidente das Organizações Globo e, no dia seguinte corre para o palanque em que está Haddad e principalmente Lula, para trabalhar com essa binaridade, já que o PT sequer discute internamente a cultura, que fará expor publicamente este tema.
Nós do PT temos que assumir isto o mais rápido possível. Ao contrário de parecer fraqueza, é o caminho para uma solução. Somente assim zeraremos a conta e passaremos a régua. Porque tudo o que está feito como “solução técnica” ou “solução política” é a realização política da direita fantasiada de esquerda.
A partir do momento que juntarmos os fragmentos soltos para construir uma política de fato consciente e possível, com características claras de um projeto de esquerda, teremos sim um projeto de país. Por enquanto, a nossa presença que mais se confunde com os cacoetes da indústria alimenta as forças socioeconômicas hegemônicas.
Acho que está na hora de criarmos uma motivação concreta, pois essa demanda, satisfeita que está na zona de conforto comandada por Grassi e meia-dúzia de gatos pingados, só não entrou no próprio sistema da globalização cultural porque falta-lhe capacidade. Por isso esse ministério não está em lugar nenhum, está apenas se subordinando ao mercado que nem o próprio MinC do governo Dilma sabe qual é, tal a escassez de ideias registradas nesses quinze meses de uma penosa gestão. Estamos recebendo um abraço de afogado do PSDB e do DEM, pela bóia furada de Antonio Grassi.
Fonte: Trezentos
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