PICICA: "O debate político que se propõe se define a partir de uma filosofia
prática e passa pela produção de sentido, antes que pela decifração do
real. Decifrar o real é encontrar o sentido como dado a priori que
já comporta em si um esquema de valores estabelecidos que justifica o
real tal como ele é, levando a esquivar-se diante da miséria,
resignar-se diante do intolerável. O que se propõe é um pensamento que,
na apreensão mesma do intolerável, responda enfaticamente através da
produção de novos sentidos e valores, numa prática que renuncie a toda
política de compromisso com os valores vigentes que resultam na imensa
fabricação da miséria humana, material e espiritual."
Deleuze e Guattari - imagem psota em estudosespinosanos.wordpress.com
Deleuze e Guattari, filosofia prática: direito, política, crítica e clínica.
Departamento de DireitoCurso Livre
Local
Unidade GáveaPeríodo de Aulas
20/08/2012 a 14/11/2012Segundas e quartas-feiras, 19h às 22h.
Introdução
Uma das noções norteadoras do pensamento de Deleuze e Guattari é a de que uma filosofia política que se preze, hoje, deve estar centrada na análise do capitalismo e de seus desenvolvimentos. O interesse por Marx, por parte dos autores de O anti-Édipo e Mil platôs, é a análise do capitalismo como sistema imanente que se reproduz sempre em escala crescente, incorporando inclusive as forças produtivas que se constituem, originalmente, à sua margem e, no mais das vezes, em resistência a ele. Se essa análise, contudo, desloca a si mesma em relação ao debate marxista, é porque soube criar novos conceitos para pensar a singularidade da experiência política da Europa pós-68. Entre eles, o conceito de linha de fuga (ao invés de contradição) para explicitar os movimentos constitutivos de cada sociedade para além dos regimes jurídicos e institucionais que visam a uniformização e o regramento da vida social. Além disso, o conceito de classe dá lugar ao de minoria, que não se define pelo número, pois ela pode ser mais numerosa que uma maioria. Esta se apresenta como um modelo que procura se impor como norma, enquanto a minoria é antes um processo que uma adequação ao mesmo (modelo): a minoria é um devir-outro, uma ruptura com o mesmo e uma abertura para o novo como processo de criação.O debate político que se propõe se define a partir de uma filosofia prática e passa pela produção de sentido, antes que pela decifração do real. Decifrar o real é encontrar o sentido como dado a priori que já comporta em si um esquema de valores estabelecidos que justifica o real tal como ele é, levando a esquivar-se diante da miséria, resignar-se diante do intolerável. O que se propõe é um pensamento que, na apreensão mesma do intolerável, responda enfaticamente através da produção de novos sentidos e valores, numa prática que renuncie a toda política de compromisso com os valores vigentes que resultam na imensa fabricação da miséria humana, material e espiritual.
Em suma, a filosofia de Deleuze e Guattari se apresenta como aliada daqueles que se somam no esforço de pensar, não apenas pela força de seus conceitos, mas também por enfatizar que o pensamento se define enquanto atividade criadora, que não pode ser descolada do mundo que se põe a pensar sem correr o risco de deslizar para ideias gerais pré-concebidas e inócuas. Assim, o pensamento se afirma enquanto prática imanente decorrente das forças da experiência vivida em sua singularidade – pois não há filosofia que não seja filosofia política.
Objetivo
Propor uma série estudos sobre as obras de Gilles Deleuze (1925-1995) e Félix Guattari (1930-1992), que conjugam de modo original e provocativo domínios variados do saber: das matemáticas à economia política, da antropologia à psicanálise, da política ao direito, das artes plásticas e cinema à literatura. Essa é uma das razões da composição plural do corpo docente e da diversidade das abordagens propostas nas ementas. Pretendemos ainda reunir outros pesquisadores e leitores de Deleuze e Guattari para encontros que ocorrerão entre as aulas, sob a forma de mesas de debate sobre temas específicos.Público Alvo
Aberto a interessados de todas as áreas de saber e atividade.Carga Horária
Este curso tem carga horária de 75 horas.Programa
- As noções de problema, multiplicidade e virtual- A Forma e suas Aventuras – Morfogênese e Sistemas Complexos
- Deleuze e a psicanálise em dois momentos
- A Filosofia Política de Deleuze/Guattari: as relações com Marx
- Metafísicas Canibais: Descolonialização do pensamento e criação de conceitos
- Direito e política em Deleuze e Guattari
Ementas do curso
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CORPO DOCENTE
Coordenador Acadêmico:
Maurício Rocha, Doutor em Filosofia – PUC Rio, 1998. Professor do Departamento de Direito da PUC Rio.
Corpo Docente
Luiz Alberto Rezende de Oliveira, Cosmólogo e filósofo, ministra cursos sobre ciências e filosofia e é o atual Curador do Museu do Amanhã (Prefeitura do Rio de Janeiro). Doutor em Física – Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas/MCT, 1988. Pesquisador adjunto do CBPF/MCT, Rio de Janeiro.
Lydie Oiara Bonilla Jacobs, Antropóloga, com ênfase em Etnologia indígena, realizou pesquisa de campo junto aos Paumari, povo falante de língua arawa, que vive na região do médio Purus (Amazonas). Traduziu para o francês, com o autor, o livro Métaphysiques cannibales de Eduardo Viveiros de Castro (2009). Doutora em Antropologia – École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris, 2007. Pós-Doutoranda pelo PPGAS Museu Nacional UFRJ.
Rodrigo Guéron, Coordenador adjunto do Programa de Pós Graduação do Instituto de Artes da UERJ; Autor do livro “Da Imagem ao Clichê, do Clichê a Imagem. Deleuze, Cinema e Pensamento” (2011); diretor e roteirista de cinema e televisão. Doutor em Filosofia – UERJ, 2004. Professor do Instituto de Artes da UERJ
Tatiana Roque, Formada em Matemática, doutora em História e Filosofia das Ciências, atuou como Directrice de programme no Collège International de Philosophie (Paris). Atualmente é professora do Instituto de Matemática da UFRJ e pesquisa sobre História e Filosofia da Matemática e das Ciências.
Auterives Maciel Junior, Professor de filosofia, com ênfase em estudos sobre subjetividade. Doutor em Psiquiatria, Psicanálise e Saúde Mental – UFRJ, 2001. Professor do Departamento de Psicologia da PUC Rio.
Docentes que participarão das mesas*:
Eladio Constantino Pablo Craia, Membro de vários grupos de pesquisa do CNPq; foi coordenador do GT Pensamento Contemporâneo da ANPOF e atualmente é coordenador do GT Deleuze da mesma associação. Autor do livro “A Problemática Ontológica em Gilles Deleuze” (2002). Doutor em Filosofia – Unicamp, 2003. Professor do Departamento de Filosofia da PUC do Paraná.
Sandro Kobol Fornazari, Pesquisador do Projeto Temático FAPESP: Ruptura e Continuidade: Investigações sobre a relação entre natureza e história a partir de sua formulação pelo Grande Racionalismo Seiscentista (FFLCH USP). Publicou “Sobre o suposto autor da autobiografia de Nietzsche (2004), além de diversos artigos sobre a filosofia de Deleuze. Pós-Doutor em Filosofia – USP, 2010. Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de São Paulo.
Hélio Rebello Cardoso Jr., Autor e organizador de várias obras sobre Deleuze, Guattari e Foucault. Pós-Doutor em Filosofia – Université de Paris X Nanterre. Livre Docente – UNESP, 2006. Professor do Departamento de História da UNESP de Assis
James Bastos Arêas, Doutor em Filosofia – PUC Rio, 1999. Professor do Departamento de Filosofia da UERJ.
Paulo Guilherme Domenech Oneto, Doutor em Filosofia – Université de Nice, 2001. Professor da Escola de Comunicação da UFRJ
Marlon Cardoso Pinto Miguel, Doutorando em Filosofia – ENS-Paris / Université de Paris. Professor do Masterseminar European Studies na Universität Leipzig.
Carlos Augusto Peixoto Jr., Doutor em Saúde Coletiva – IMS/UERJ, 1996. Professor do Departamento de Psicologia da PUC Rio.
Ovídio de Abreu Filho, Pós-Doutor em Filosofia, PUC Rio, 2003. Professor do Departamento de Antropologia da UFF.
Mauro José Sá Rego Costa, Doutor em Educação, UFRJ, 1994. Professor da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense – UERJ.
*Convidados sujeitos a confirmação. Eventualmente, outros docentes / pesquisadores poderão substituir os indicados acima.
Saiba mais. Acesse PUC - RJ
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