março 31, 2015

O Manifesto do PT e os comentários do professor Luis Oliveira e Silva

PICICA: "2. Condenam-nos não por nossos erros, que certamente ocorrem numa organização que reúne milhares de filiados.

COMENTÁRIO: Falso e cínico. Os “erros” do PT não se devem ao fato de reunir “milhares de filiados”. Deve-se ao fato de que estes “milhares de filiados” tiveram o seu poder usurpado por um bando que tomou de assalto a direção do partido, desviando o partido para os caminhos de um pragmatismo sem qualquer escrúpulo. O que incluiu não apenas degradação moral e política, mas também corrupção. O manifesto mostra que setores importantes do partido insistem em cerrar fileiras com o bando do escrúpulo zero. Como fizeram por ocasião do “mensalão”.

3. Perseguem-nos pelas nossas virtudes. Não suportam que o PT, em tão pouco tempo, tenha retirado da miséria extrema 36 milhões de brasileiros e brasileiras. Que nossos governos tenham possibilitado o ingresso de milhares de negros e pobres nas universidades. Não toleram que, pela quarta vez consecutiva, nosso projeto de País tenha sido vitorioso nas urnas. Primeiro com um operário, rompendo um preconceito ideológico secular; em seguida, com uma mulher, que jogou sua vida contra a ditadura para devolver a democracia ao Brasil.

COMENTÁRIO: Verdadeiro, ainda que superestimando os feitos. A crítica da direita ao PT é eivada de preconceitos de classes. Sem falar no caráter seletivo da denúncia que fazem quanto à corrupção. O ódio ao PT é, em geral, um ódio de classe. O que torna o jogo político perigosamente gelatinoso."
 


MANIFESTO DO PT E MEUS COMENTÁRIOS

Manifesto dos DRs

1. Nunca como antes, porém, a ofensiva de agora é uma campanha de cerco e aniquilamento. Como já propuseram no passado, é preciso acabar com a nossa raça. Para isso, vale tudo. Inclusive, criminalizar o PT — quem sabe até toda a esquerda e os movimentos sociais.
 

COMENTÁRIO: o desgaste do PT se estende, infelizmente, à esquerda. O que é uma injustiça.

2. Condenam-nos não por nossos erros, que certamente ocorrem numa organização que reúne milhares de filiados.

COMENTÁRIO: Falso e cínico. Os “erros” do PT não se devem ao fato de reunir “milhares de filiados”. Deve-se ao fato de que estes “milhares de filiados” tiveram o seu poder usurpado por um bando que tomou de assalto a direção do partido, desviando o partido para os caminhos de um pragmatismo sem qualquer escrúpulo. O que incluiu não apenas degradação moral e política, mas também corrupção. O manifesto mostra que setores importantes do partido insistem em cerrar fileiras com o bando do escrúpulo zero. Como fizeram por ocasião do “mensalão”.


3. Perseguem-nos pelas nossas virtudes. Não suportam que o PT, em tão pouco tempo, tenha retirado da miséria extrema 36 milhões de brasileiros e brasileiras. Que nossos governos tenham possibilitado o ingresso de milhares de negros e pobres nas universidades. Não toleram que, pela quarta vez consecutiva, nosso projeto de País tenha sido vitorioso nas urnas. Primeiro com um operário, rompendo um preconceito ideológico secular; em seguida, com uma mulher, que jogou sua vida contra a ditadura para devolver a democracia ao Brasil.

COMENTÁRIO: Verdadeiro, ainda que superestimando os feitos. A crítica da direita ao PT é eivada de preconceitos de classes. Sem falar no caráter seletivo da denúncia que fazem quanto à corrupção. O ódio ao PT é, em geral, um ódio de classe. O que torna o jogo político perigosamente gelatinoso.


3. Maus perdedores no jogo democrático, tentam agora reverter, sem eleições, o resultado eleitoral. Em função dos escândalos da Petrobrás, denunciados e investigados sob nosso governo -– algo que não ocorria em governos anteriores –, querem fazer do PT bode expiatório da corrupção nacional e de dificuldades passageiras da economia, em um contexto adverso de crise mundial prolongada.
 

COMENTÁRIO: Verdadeiro quanto aos “maus perdedores” e ao “bode expiatório”. Contudo, cabe lembrar que o “Fora Dilma” copia os anteriores “Fora etc.”. E que o PT abandonou a luta contra a corrupção, taxando-a de “udenismo”. É falso e cínico dizer que as dificuldades na economia são passageiras devidas a um contexto adverso. A manutenção do modelo macroeconômico herdado dos tucanos não poderia levar a sensação de "bonança" muito longe.

4. Como já reiteramos em outras ocasiões, somos a favor de investigar os fatos com o maior rigor e de punir corruptos e corruptores, nos marcos do Estado Democrático de Direito. E, caso qualquer filiado do PT seja condenado em virtude de eventuais falcatruas, será excluído de nossas fileiras.
 

COMENTÁRIO: Tergiversação. Não se trata de “qualquer filiado do PT” envolvido em corrupção. Trata-se de uma estratégia de poder, levada a cabo pelo bando do escrúpulo zero. Ou o partido se livra deles, doa a quem doer, ou eles vão levar o pouco que ainda resta de bom no partido para a cadeia, junto com eles. O empreendimento de assalto aos cofres da Petrobras guarda relação direta com o “mensalão”. São faces distintas do mesmo pragmatismo. Quando o partido, por ocasião do “mensalão”, recusou a proposta de refundação, e endossou a estapafúrdia tese de que a AP470 era uma farsa, ele deu um salvo conduto ao bando usurpador. Deu no que deu...

5. O PT precisa identificar melhor e enfrentar a maré conservadora em marcha. Combater, com argumentos e mobilização, a direita e a extrema-direita minoritárias que buscam converter-se em maioria todas as vezes que as 2 mudanças aparecem no horizonte.
 

COMENTÁRIO: A condição para que este enfrentamento com a direita seja possível e eficaz é o PT fazer uma profunda e sincera autocrítica, doa a quem doer. Sem isto, não vai colar. Vai parecer coisa de marqueteiro. Como nas últimas eleições.

6. Para isso, para sair da defensiva e retomar a iniciativa política, devemos assumir responsabilidades e corrigir rumos. Com transparência e coragem. Com a retomada de valores de nossas origens, entre as quais a ideia fundadora da construção de uma nova sociedade.

COMENTÁRIO: Esta afirmação parece desdizer tudo o que foi dito acima. Não dá para passar a mão na cabeça do bando do pragmatismo do escrúpulo zero e dizer, ao mesmo tempo, que se deve retomar os “valores de nossas origens”. É uma coisa ou outra.


7. Ao nosso 5º Congresso, já em andamento, caberá promover um reencontro com o PT dos anos 80, quando nos constituímos num partido com vocação democrática e transformação da sociedade – e não num partido do “melhorismo”. Quando lutávamos por formas de democracia participativa no Brasil, cuja ausência, entre nós também, é causa direta de alguns desvios que abalaram a confiança no PT.


COMENTÁRIO: Também desdiz o que foi dito anteriormente. Diz, acertadamente, que a falta de democracia interna “é causa direta de alguns desvios que abalaram a confiança no PT”. É disto que se trata! Mas para ser conseqüente com o diagnóstico, a partido precisa identificar o bando pragmático julgá-lo politicamente. Doa a quem doer. O PT só sai desta se constituir uma “comissão da verdade”, transparente e com controle externo, e cortar na carne.


8. Nosso 5º Congresso, cuja primeira etapa será aberta, a fim de recolher contribuições, críticas e novas energias de fora, deverá sacudir o PT. A fim de que retome sua radicalidade política, seu caráter plural e não- dogmático. Para que desmanche a teia burocrática que imobiliza direções em todos os níveis e nos acomoda ao status quo. O PT não pode encerrar-se em si mesmo, numa rigidez conservadora que dificulta o acolhimento de novos filiados, ou de novos apoiadores que não necessariamente aderem às atuais formas de organização partidária.
Queremos um partido que pratique a política no quotidiano, presente na vida do povo, de suas agruras e vicissitudes, e não somente que sai a campo a cada dois anos, quando se realizam as eleições.
Um PT sintonizado com nosso histórico Manifesto de Fundação, para quem a política deve ser “atividade própria das massas, que desejam participar, legal e legitimamente, de todas as decisões da sociedade”.
Por isso, “o PT deve atuar não apenas no momento das eleições, mas, principalmente, no dia-a-dia de todos os trabalhadores, pois só assim será possível construir uma 3 nova forma de democracia, cujas raízes estejam nas organizações de base da sociedade e cujas decisões sejam tomadas pelas maiorias”.
 

COMENTÁRIO: Verdadeiro. Será isto possível, mantido o bando pragmático no poder? Sem uma profunda e sincera autocrítica. Sem cortar na carne, doa a quem doer?

9. Tal retomada partidária há de ser conduzida pela política e não pela via administrativa. Ela impõe mudanças organizativas, formativas, de atitudes e culturais, necessárias para reatar com movimentos sociais, juventude, intelectuais, organizações da sociedade – todos inicialmente representados em nossas instâncias e hoje alheios, indiferentes ou, até, hostis em virtude de alguns erros políticos cometidos nesta trajetória de quase 35 anos.
Dar mais organicidade ao PT, maior consistência política e ideológica às direções e militantes de base, afastar um pragmatismo pernicioso, reforçar os valores da ética na política, não dar trégua ao “cretinismo” parlamentar – tudo isso é condição para atingir nossos objetivos intermediários e estratégicos.


COMENTÁRIO: Verdadeiro. Será isto possível, mantido o bando pragmático no poder? Sem uma profunda e sincera autocrítica. Sem cortar na carne, doa a quem doer?


Fonte: Luis Oliveira e Silva

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