PICICA: "É
recorrente nos escritos dos artistas amazonenses a denúncia ao status quo cultural
de seu Estado, ressaltando sempre o provincianismo destas paragens. No presente
artigo, fruto de uma pesquisa ainda insipiente, tentamos analisar a ambiguidade
desse discurso através de um pequeno estudo do campo artístico e cultural do
Amazonas num de seus períodos mais emblemáticos: o intervalo entre o fim do
boom da borracha na década de 1910 e a implantação da Zona Franca de Manaus nos
anos 60. Importa-nos entender como as condições sociais e os movimentos
artísticos se relacionavam nesse contexto, considerado pela historiografia
tradicional como os “anos da crise”, de modo a suscitar tais menções a essa
suposta pequenez do campo artístico e intelectual amazonense."
Clube da Madrugada
(Foto reproduzida do ET)
“HERÓIS
DO DESERTO”: NOTAS SOBRE A INTELECTUALIDADE AMAZONENSE (1920-1960)
Vinicius
Alves do Amaral*
Universidade
Federal do Amazonas (UFAM)
viniciuscarqueija@gmail.com
viniciuscarqueija@gmail.com
RESUMO
É
recorrente nos escritos dos artistas amazonenses a denúncia ao status quo cultural
de seu Estado, ressaltando sempre o provincianismo destas paragens. No presente
artigo, fruto de uma pesquisa ainda insipiente, tentamos analisar a ambiguidade
desse discurso através de um pequeno estudo do campo artístico e cultural do
Amazonas num de seus períodos mais emblemáticos: o intervalo entre o fim do
boom da borracha na década de 1910 e a implantação da Zona Franca de Manaus nos
anos 60. Importa-nos entender como as condições sociais e os movimentos
artísticos se relacionavam nesse contexto, considerado pela historiografia
tradicional como os “anos da crise”, de modo a suscitar tais menções a essa
suposta pequenez do campo artístico e intelectual amazonense.
PALAVRAS-CHAVE: Amazonas,
Provincianismo, Campo artístico, Academia Amazonense de Letras, Clube da
Madrugada.
ABSTRACT
It is applicant on the writing of the complaint to the
artists Amazonian cultural status quo of their state, stressing always the
provincialism of these stops. In this article, the result of a research still
incipient, try to analyze the ambiguity of this discourse through a small study
of the artistic and cultural Amazon in its most emblematic periods: the
interval between the end of the rubber boom in the 1910s and deployment of the
Manaus Free Trade Zone in the 60s. Is important for us understand how the
social and artistic movements were related in this context, considered by
traditional historiography as the "crisis years" in order to raise
such references to this supposed smallness of the artistic and intellectual
Amazon.
KEYWORDS: Amazon, Provincialism,
Artistic Field, Amazon Academy of Letters, Dawn’s Club.
Huáscar
de Figueiredo, jornalista e advogado, diria em artigo para a revista A Selva em 1937 que o Brasil é recortado
por desertos, cujo melhor exemplo é a Amazônia. “Não apenas, o deserto
geográfico, senão também o político, o social e, para que não completar a
série? O intelectual” (MAGALHÃES et. ali, 2001, p. 16). Já o escritor Márcio
Souza em seu livro A Expressão Amazonense
(1977) situa o Amazonas ainda como uma província, como “(...) um mundo
anestésico, a rebarba da história que, por uma linguagem diferente da
metrópole, não repartiu a totalidade da herança comum” (SOUZA, 1977, p. 28). Ao
contemplar as duas afirmações pode se inferir que de 1930 a 1970 nada mudou.
Será?
Buscando
responder tal pergunta analisaremos a formação do campo artístico e intelectual
amazonense num período considerado pela historiografia regional como os “anos
da crise”. Tratam-se do espaço entre as décadas de 1920 e 1960, entre a
decadência da economia extrativista centrada na borracha e a ascensão do
capitalismo industrial através da implantação da Zona Franca de Manaus. Por
conta do andamento de nossa pesquisa e pela vastidão do tema oferecemos aqui um
estudo de caráter introdutório, baseado na análise de farta produção
memorialística e acadêmica.
O
ARTISTA SÃO OS OUTROS: UMA PERSPECTIVA TEÓRICA
Sobre
nossa filiação teórica, acredito que o termo “campo artístico e intelectual” já
dá uma boa pista. A proposta de Pierre Bourdieu cativa por propor uma
conciliação entre duas visões antagônicas no que tange ao mundo artístico: a
primeira (adotada principalmente por boa parte dos artistas), que o concebe
como uma realidade apartada da realidade social, e a segunda (e aqui se
inscreve uma vertente do marxismo que tem Lukács como seu maior representante)
que o enxerga como apenas mais uma engrenagem das “superestruturas”.
Adotar
a perspectiva da “arte pela arte” significa, para Bourdieu, perpetrar uma
ocultamento das tensões sociais que são inerentes a qualquer grupo social. E
compreender a arte como subproduto da ideologia capitalista é negar uma série
de peculiaridades presentes nesse setor. Por isso, seus conceitos de “campo
artístico” e “habitus” cumprem uma função essencial de reforçar a pluralidade de
valores e práticas que a vida artística possui. Bourdieu designa como campo um
universo relativamente autônomo com relações específicas, mas que disfarçam as
relações objetivas (as relações sociais). Estas relações específicas seriam
reguladas por disposições construídas historicamente e interiorizadas
(BOURDIEU, 2010, pp. 65-66). Em outras palavras, o habitus seria a reunião das
leis do campo artístico. Esses são os critérios com o qual a produção artística
dialoga. Aos artistas caberiam mil estratégias e práticas para legitimar sua
obra, ou seja, conquistar uma posição invejável nesse campo, que nem sempre
significa ter sucesso financeiro[1].
Guiado
pelo intento de produzir uma abordagem que abarcasse a complexidade da arte e
da realidade social, Bourdieu produz uma reflexão original e de fundamental
importância para a historiografia da arte, como salienta o historiador Roger
Chartier:
A
obra, o artista, o filósofo só existem dentro de uma rede de relações visíveis
ou invisíveis que definem a posição de cada um em relação à posição dos outros,
ou seja, a uma posição social, em relação a uma posição estética. E me parece
ser esta uma linha essencial do trabalho de Bourdieu: sempre pensar as relações
que podem estar visíveis nas formas de coexistência, de sociabilidade, ou de
relações entre indivíduos, ou ainda de relações mais abstratas, mais
estruturais, que organizam o campo (...) da produção estética, filosófica,
cultural num momento e lugar dados (CHARTIER, 2002, p. 140).
Compreendendo
a arte como uma tessitura coletiva entre o universo estético e o mundo social,
Bourdieu nos fornece uma importante orientação para pensar os artistas
amazonenses: precisamos entender este campo como um espaço que, através de um
processo sócio-histórico, se constrói em meio á lutas e tensões sociais. Estes
embates definem e redefinem o que a arte amazonense deveria ser, como veremos a
seguir.
ERA
UMA VEZ UMA CIDADE “ESTAGNADA”...
Na
historiografia amazonense, tradicionalmente se constituíram dois marcos:
primeiro, o “período áureo da borracha” e, em segundo lugar, o período
subsequente geralmente considerado como os “anos da crise”. Trataremos aqui
rapidamente da construção e desconstrução desses momentos-chave da
historiografia regional.
O Amazonas, alçado á condição de província em 1850, começa a se desenvolver nessa mesma década graças á normatização da navegação á vapor. Na lista de produtos exportados dessa região, a borracha ainda tinha uma presença tímida. O boom da borracha se inicia entre 1880 e 1900, em meio a expansão da indústria de pneumáticos. Manaus já tinha uma forte tradição como cidade portuária, mas com a riqueza do “ouro negro” ela se modifica radicalmente.
Manaus
foi uma das poucas cidades brasileiras a ter vivenciado a belle époque, quando,
ao finalizar o século 19, passou a usufruir dos benefícios que a sua próspera
situação financeira permitia. Toda riqueza da região era proveniente de uma só
fonte – a borracha – e o lucro proveniente da comercialização deste produto
sustentou um amplo e frágil império, gerando uma nova condição econômica que
repercutiu em todos os setores da sociedade amazonense. (...) Nesse sentido,
Manaus sofreu uma mudança radical em sua visualidade, sua população foi
ampliada com a introdução de elementos e costumes de procedências
diversificadas, aliados a outros fatores (MESQUITA, 2006, p. 142).
Contudo,
a Primeira Guerra Mundial atrapalharia a pauta de exportações amazônicas. Além
disso, sementes de seringueira haviam vingado na Ásia. Em pouco tempo, a
produção asiática superou á brasileira lançando o Amazonas e o Pará em meio á
“grande crise”. Assim sendo, a partir da década de 1910, Manaus encontra-se
completamente estagnada, até que em 1967 o Estado encontra uma nova atividade
econômica capaz de tirá-la do maramos. Trata-se da industrialização,
incentivada pelo governo através da instalação da Zona Franca de Manaus. Em
poucas linhas, essa é a narrativa tradicional que encontramos sobre a primeira
metade do século XX no Amazonas. Recentemente, muitos historiadores e demais
pesquisadores das Ciências Sociais dedicaram uma atenção especial em revisitar
esses momentos históricos demonstrando que nem tudo era “áureo” e muito menos
“estagnado”.
No
que tange aos pouco explorados “anos da desolação”, são essenciais os trabalhos
de José Aldemir de Oliveira, Manaus de
1920 a 1967: A Cidade Doce e Dura em Excesso, e José Vicente de Aguiar, Manaus: Praça, Café, Colégio e cinema nos
anos 50 e 60. Ambos relativizam a
imagem cristalizada de um intervalo de tempo pautado pela imobilidade ao
demonstrarem que havia uma movimentação cultural e social própria em Manaus.
José
Aldemir Oliveira ocupa-se da relação entre os homens e o meio urbano,
enxergando a construção do espaço como um esforço cultural eivado de tensões
sociais. Os festivais folclóricos realizados no mês de junho, por exemplo, mobilizavam
toda a cidade. Cada quadrilha de cada bairro competia pelo título de campeã. No
entanto, a partir de 1970, o evento vai sendo empurrado para locais mais
distantes pelo poder público até que boa parte de sua popularidade decai. Eis,
portanto, um bom exemplo dessa tensão social na construção da espacialidade: o
poder público, comprometido com o aparelhamento da cidade para a implantação do
capitalismo industrial, desmobilizando práticas populares.
José
Vicente Aguiar lembra que também não se poderia falar de estagnação no meio
cultural destacando a importância de um quadrante urbano em específico. A
região compreendida pela Praça Heliodoro Balbi (mais conhecida como Praça da
Polícia), o Colégio Estadual D. Pedro II, o Café do Pina e o Cinema Guarani,
para o autor, é encarada como um verdadeiro complexo de oxigenação cultural. O
ensino humanista, a boemia, a sensibilidade cinematográfica e a sociabilidade
ofertada pela praça alimentariam inclusive movimentos artísticos (AGUIAR, 2002,
p. 155).
A
conclusão para o qual ambos parecem confluir é de que o manto da “estagnação”
encobre uma cidade com um ritmo dos mais ricos. Fica claro, então, que as
narrativas tradicionais, tanto da Belle Époque manauara quanto da “grande
crise”, foram construídas por uma elite urbana fortemente apoiada no
extrativismo que, desconsiderando a condição dos demais grupos sociais,
classificou esse momento com base na sua condição em especial, qual seja, a
crise econômica. Nunca é demais lembrar, portanto, que “(...) da mesma maneira
que a cidade não é produzida de modo equânime, a crise não pode ter o mesmo
significado para o conjunto de seus moradores” (OLIVEIRA, 2003, p. 137).
CAMINHOS
VENTUROSOS: IMPRENSA, EDUCAÇÃO E POLÍTICA
Ao
investigar as raízes do periodismo amazonense, a historiadora Maria Luíza
Ugarte Pinheiro encontra no processo de aparelhamento da província do Amazonas
a origem da expansão da cultura letrada e, por conseguinte, impressa (PINHEIRO,
2001, p. 43). Expansão essa tímida, mas que com o “boom da borracha” toma novos
contornos. Pinheiro, no entanto, foca sua análise para as pequenas folhas e
revistas que após a crise da borracha em 1910 se difundem. Além de permitirem a
participação de setores mais populares, os periódicos também eram importantes
veículos de cultura (CRUZ, 2000, p. 81).
Afinal,
em um país onde os livros constituíam mais um artigo de luxo trazido pelas
casas importadoras não poderia ser diferente; as primeiras editoras de sucesso
no Brasil datam de 1930 e 1940. Em Manaus, os livros ainda eram financiados
pelo Estado ou pelo próprio autor, sendo impressos em pequenas tipografias.
Talvez o empreendimento de José Sérgio Cardoso, já nos anos 50, seja o mais
próximo de uma tentativa de se efetivar um mercado editorial no Amazonas
(VASCONCELOS, 2011, p. 268).
Outra
importante dimensão é o ensino. A formação de muitos membros da elite urbana
amazonense foi realizada ou no Rio de Janeiro ou no exterior durante boa parte
do período “áureo” da borracha. O contraste entre o ambiente cosmopolita em que
estudaram e o cenário limitado em que atuariam é um ponto a se considerar na
construção do discurso do provincianismo amazonense. Ainda que o Amazonas seja
precoce no que tange á história da universidade no Brasil, a Universidade Livre
de Manaós (fundada em 1909) esfacelou-se após a “grande crise” sobrevivendo
apenas alguns cursos como a Faculdade de Direito, Odontologia e Farmácia. Dado
ainda a predominância do bacharelismo, não raro encontrarmos em vários círculos
culturais muitos artistas e intelectuais diplomados em Direito[2].
O
ensino secundário representava uma porta de entrada e, posteriormente, uma
promessa de estabilização aos “homens de letras” do Amazonas. A expansão de
instituições de ensino, iniciada em meados do século XIX, legou o Ginásio
Amazonense D. Pedro II e o Colégio Dom Bosco, duas entidades para as quais
afluíram os filhos dessa aristocracia falida.
Ali, por iniciativas dos professores ou alunos, fundaram-se grêmios
literários e jornais estudantis[3].
O
fato de muitos desses artistas se sustentarem não mais exclusivamente de seus
cargos políticos, como faziam os intelectuais do Império, mas de sua produção
simbólica – seja em artigos nos jornais, em peças de publicidade para as
empresas e o governo ou ministrando aulas nas instituições de ensino – marca
uma ruptura. Estamos falando aqui da profissionalização do intelectual,
iniciada para Sérgio Miceli durante a República Velha por conta de um grupo de
artistas que ele chama de anatolianos
devido á admiração que cultivavam pela arte francesa (MICELI, 2001, p. 54).
Ora,
os anatolianos tinham consciência da
marginalidade em que se encontram diante da “República Mundial das Letras” e,
mais que isso, no interior da própria sociedade brasileira: afinal, em sua maioria
são oriundos de famílias tradicionais em decadência. Com as portas da política
fechadas para esses segmentos sociais, restavam procurar alternativas na
imprensa, na literatura ou na educação. Contudo, talvez melhor seja dizer que
as portas da política permaneciam entreabertas, uma vez que a expansão da
cultura letrada corre em paralelo com a constituição de uma burocracia estatal.
Na
Manaus de 1910 podemos encontrar dois exemplos interessantes: enquanto o
jornalista e escritor negro Alcides Bahia posicionava-se como porta-voz de
facções políticas como a família Néry, atuando inclusive como assessor durante
seu governo, o médico e também escritor Adriano Jorge havia sido eleito
deputado federal apoiando a campanha civilista de Ruy Barbosa. Na mesma década,
em meio á crise política que culminou com o bombardeio da capital amazonense
pela União, Adriano Jorge pegaria em armas para lutar contra Silvério Nery
enquanto Bahia defendia seus compadres nas páginas da Folha do Amazonas (BRAGA,
2011, p. 42; BRITO, 2011, pp. 26-27).
Entre
as décadas de 1910 e 1920, o Amazonas é permeado por uma série de incidentes
políticos, frutos de lutas no interior das oligarquias locais. O cume do
descrédito popular para com a política tradicional viria em 1924, com o sucesso
(efêmero) da rebelião tenentista. Não é de se admirar que em 1930 ascenda ao
poder estadual o escritor e poeta Álvaro Maia, que em seu poema Canção de Fé e
Esperança conclama que o povo e a elite amazonense se unam para modernizar um
Amazonas negligenciado pelos arranjos da “República do Café com Leite”. Sob os
auspícios de Getúlio Vargas, Maia seria nomeado interventor federal novamente
entre 1935 a 1945 (BITTENCOURT, 1973, pp. 62-64). Há também o caso do
historiador Arthur Cézar Ferreira Reis, indicado para governar o Amazonas em
1964 pelo próprio Marechal Castelo Branco, mas voltaremos a ele mais tarde.
IMORTAIS
BARÉS[4] E
CAVALEIROS DE TODAS AS MADRUGADAS
O
médico Djalma Batista numa série de ensaios (Cultura Amazônica: Um ensaio de interpretação) publicados na década
de 1950 fala de duas gerações que estavam tentando salvar culturalmente o
Amazonas, apesar dos trancos e barrancos (BATISTA, 2006, p. 77). Ao que se conclui,
ele está falando dos artistas reunidos ao redor da Academia Amazonense de
Letras (AAL) e do Clube da Madrugada (CM), respectivamente. Acreditamos que a
precariedade da consolidação desses grupos enquanto centros, mesmo da AAL, não
permita que se fale em movimentos monolíticos e irreconciliáveis. Contudo, é
inegável que durante um momento ambos estiveram em confronto.
Acalentou-se
por muito tempo a ideia de fundar uma academia de letras em solo manauara até
que em 1918 a iniciativa é efetivada. É possível falar de um ecletismo no
interior da agremiação, onde a literatura romântica e a poesia simbolista
encontravam boa acolhida. Apesar de cultivarem o preceito da arte pela arte, os
imortais também se ocupavam de debater os grandes problemas amazônicos – a
formação de um campo de saber interdisciplinar com o sugestivo nome de Amazonologia pelos intelectuais reunidos
não só na AAL, mas no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas merece um
estudo á parte.
Em
1954 na Praça da Polícia nasce o Clube da Madrugada, fruto de inquietações de
jovens boêmios inspirados pelo modernismo. Importante dizer que muitos deles
anos antes simpatizavam com o “beletrismo”: Os grêmios literários estudantis,
de onde saíram, homenageavam Álvares de Azevedo, Castro Alves, Gonçalves Dias e
Olavo Bilac (SILVA, 2011, p 13).
Não
se pode creditar ao distanciamento geográfico toda a culpa pelos ecos tardios
da Semana de Arte Moderna de 1922. É preciso considerar a articulação entre
esse grupo artístico hegemônico e a rede de ensino em que atuavam:
Logo
não se pode compreender inteiramente o funcionamento e as funções sociais do
campo de produção erudita sem analisar as relações que mantém, de um lado, com
as instâncias, os museus, por exemplo, que tem a seu cargo a conservação e, de
outro lado, com as instâncias qualificadoras, como por exemplo o sistema de
ensino, para assegurar a reprodução do sistema de esquemas de ação, de
expressão, de concepção, de imaginação, de percepção e apreciação objetivamente
disponíveis (...) (BOURDIEU, 2009, p. 117).
O
contato com a nova literatura brasileira se deu em uma série de viagens que
alguns destes jovens realizaram entre 1951 e 1952 á Porto Alegre e ao Rio de
Janeiro. Em novembro de 1955, na Revista
Madrugada (que possuiu apenas uma edição), estes jovens publicam seu
Manifesto:
O
Manifesto Madrugada, partindo do status quo, mediante constatação de que as
atividades culturais, no Amazonas, sofriam um atraso de meio século, radicaliza
em vários pontos o comportamento intelectual de seus afoitos signatários, que o
redigiram numa hora de entusiasmo (...). Urgia, pois, fazer um manifesto (TUFIC,
1984, pp. 27-28).
Ao
CM caberia, portanto, a tarefa de colocar o Amazonas no rumo da evolução
artística nacional, introduzindo os ideais modernistas principalmente na
literatura e nas artes plásticas. O que significava produzir uma arte
condizente com a realidade local, ou seja, “re-descobrir a Amazônia através de
sua própria linguagem” (TUFIC, 1984, p. 46). Evidente que a AAL figuraria, para
os clubistas, como o reduto maior do provincianismo dada a sua histórica
hostilidade para com o modernismo – basta lembrar que um de seus mais
destacados membros, o filólogo João Leda, reuniu uma multidão para vaiar e
desmoralizar Mário de Andrade quando de sua visita á cidade em 1927 (SILVA,
2011, p. 11).
A
própria atitude menos despojada que os clubistas mantinham (as reuniões na
praça, as exposições de artes plásticas ao ar livre) também representava um
confronto para com a dinâmica mais restrita da produção dos acadêmicos. É
preciso lembrar ainda que a figura do nacional-popular passa a ser recorrente
no pensamento nacional, espraiando-se para o terreno da economia
(nacional-desenvolvimentismo) e da política (populismo) (PÉCAUT, 1990, p. 105).
No Amazonas o trabalhismo, através de Plínio Coelho e Gilberto Mestrinho, passa
a ganhar terreno nas eleições de 1954. Ainda que seja tentador estabelecer uma
conexão entre o CM e o trabalhismo, é difícil reconhecer o movimento como uma
voz uníssona no que tange á política: podemos encontrar entre suas fileiras
desde monarquistas como Luiz Bacellar até comunistas como Theodoro Bottinely[5].
Entretanto, muitos de seus fundadores creditavam ao movimento um fundo social
bastante nítido quando afirmam que se tratava de “uma literatura de classe média, mas onde já se nota a presença do
homem na porta das fábricas, nos sindicatos e no cais, lutando pelos seus
direitos” (TUFIC, 1984, p. 47).
Assim, a luta estética assume contornos de luta de classes.
No
entanto, acredito que seja necessário perguntar se realmente havia uma classe
média envolvida no Clube da Madrugada. Ou seria esse um traço colhido do
discurso modernista que tanto encantavam os clubistas? É preciso lembrar que
apesar de declararem filiados ao movimento nascido em 1922, sua produção está
em maior sintonia com a Geração de 1945,
conhecida por rejeitar alguns preceitos de seus predecessores (PINTO, 2012, p.
150). Ou seja, de que modernismo estamos falando? Inúmeras são as perguntas e
acredito que ainda estou longe de respondê-las adequadamente. O que importa por
hora é reconhecer que o CM mobilizou recursos os mais variados para alcançar
sua legitimidade enquanto grupo artístico.
Desde
os mais tradicionais, como a imprensa, até os mais recentes naquele momento,
como o rádio e o cinema. Central nesse processo é a figura do escritor Aluísio
Sampaio, eleito líder do movimento entre 1961 a 1964. Sampaio, por meio de seus
contatos, consegue um espaço para o CM nas páginas de um jornal de grande
circulação, O Jornal: o Suplemento Madrugada durou por 10 anos.
Além disso, havia o programa Dimensões
na Rádio Rio-Mar, mantido com a ajuda do radialista e clubista Eramos Linhares.
Quanto ao cinema, o CM estabeleceu contato com os cineclubes que proliferaram
pela cidade no começo da década de 1960. Alguns de seus eventos, como a II
Feira de Artes Plásticas, foram filmados por estes jovens amantes do cinema.
Outro
ponto essencial era o intercâmbio mantido com grupos artísticos de outros
centros culturais, como Brasília e Fortaleza. Colaborações eram sempre
remetidas ao Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, considerado então como
um dos maiores órgãos de divulgação cultural do Brasil.
Assim,
não é surpresa que em 1966 mesmo o padre Raimundo Nonato Pinheiro, ardoroso
defensor da Academia Amazonense de Letras, reconheça o mérito do Clube da
Madrugada: “Como quer que seja, entendo que a linha do Clube da Madrugada não
deve ser a de oposição á Academia Amazonense de Letras. Ambas as entidades
devem visar ao incremento literário e artístico, tendo em mira o progresso
cultural do Amazonas” (PINHEIRO, 1966).
Além disso, em 1969, os poetas Elson Farias e Jorge Tufic unem-se ao clã de
imortais barés.
Ainda
assim pairava sobre os clubistas uma longa lista de epítetos – em sua maioria,
depreciativos – como “rebeldes sem causa” ou “boêmios pretensiosos”. Após 1964 seriam
acrescentados mais alguns: comunistas e subversivos. Conforme Tufic:
Tiveram,
pois, que bater no Amazonas á cata de ‘subversivos’, onde vieram encontrar,
numa lista previamente confeccionada, o nome de um Clube que cheirava a célula
comunista. Tanto bastou para que a chancela madrugada entrasse como tema
obrigatório dos ipes-emes[6],
mediante a prisão de clubistas indiciados (TUFIC, 1984, p. 58).
Exemplo
maior dessa perseguição pode ser o caso do padre e também poeta do CM, Luiz
Ruas. Preso nos momentos iniciais do novo regime no 27º Batalhão de Caçadores,
lá traduziu o livro de Rimbaud, Uma Temporada
no Inferno (FARIAS, 2006, p. 67). Contudo, após Arthur Reis ser indicado
governador o relacionamento tanto da AAL quanto do CM com o governo melhoram. O
historiador pretendia sincronizar os planos de modernização do Estado
(compreendendo aqui, entre outras medidas, a implantação da Zona Franca de
Manaus) com o desenvolvimento cultural, por isso investiu em concursos (prêmio Estelita Tapajós), publicações (série Edições Governo do Estado) e até mesmo
vídeos promocionais – Trata-se de Amazonas,
Amazonas (1966), dirigido por um Glauber Rocha muito contrariado.
Seu
sucessor, o empresário Danilo de Mattos Areosa, seguiria a política cultural
esboçada pelo historiador, que havia migrado para a presidência do recém-criado
Conselho Federal de Cultura. Em 1967, o Seminário
de Revisão Crítica da Cultura no Amazonas é organizado pela Secretaria de
Cultura e conta com a participação de membros tanto do Clube como da Academia.
Das discussões no Seminário nasce a proposta da Fundação Cultural do Amazonas,
destinada a incentivar os eventos artísticos e folclóricos. Areosa
oficializaria a Fundação alguns meses depois (FARIAS, 2006, pp. 109-111).
Parece
contraditório que o Estado tenha assistido o campo artístico amazonense
justamente num momento de grande repressão e censura, realizando o que tanto os
imortais quanto os clubistas clamam há anos: uma política cultural. Entretanto,
a política cultural prometida pelos governos de Reis e Areosa não vingou, sendo
a Fundação Cultural extinguida anos depois (TUFIC, 1984, p. 62).
Longe
de representar uma concessão de homens sensíveis ás causas artísticas, as ações
de Reis e Areosa eram realizadas de acordo com uma linha de pensamento esposada
por parte das classes responsáveis pelo golpe de que a cultura precisava ser
normatizada. Os elementos influenciados pelo comunismo ou pelo trabalhismo
seriam evitados, embora a cooptação
também faça parte desse plano – afinal, o novo regime necessitava de
legitimidade simbólica imediata. Além disso, havia um mercado cultural em
expansão no país em 1964 e a modernização encetada pelo regime que veio a
seguir não inibiu este movimento, mas trabalhou para controlá-lo. Enquanto a “arte
subversiva” era expurgada por meio da censura, as demais eram regulamentadas.
A
partir de 1964 são baixadas inúmeras leis, decretos-leis, portarias, que
disciplinam e organizam os produtores, a produção e a distribuição dos bens
culturais – regulamentação da profissão de artista e de técnico,
obrigatoriedade de longas e curtas-metragens brasileiros, portarias
regularizando o incentivo financeiro às atividades culturais etc. O Estado
promove ainda reuniões de empresários, da área pública e privada, como o Encontro
dos Secretários de Cultura ou o Congresso da Indústria Cinematográfica
Brasileira. Dessa rede de atividades, é interessante notar que as críticas ao
controle estatal tenderam a se dirigir quase que exclusivamente ao aspecto da
censura (ORTIZ, 2012, p. 89).
Acredito
que aqui exista uma confluência entre um governo decidido a controlar este meio
e artistas ansiosos para conferir maior legitimidade á seu ofício. Nem todos
agiam em conformidade ideológica com o regime. Um grupo em especial construiu
sua identidade em contraponto á essas medidas culturais “oficiais”: são os
jovens que ao final da década de 1960, influenciados em parte pela
contracultura, formam grupos de teatro experimental e ajudam a definir o que
conheceríamos como Poesia Marginal.
A
CONSCIÊNCIA DA PEQUENEZ OU É DURO SER ARTISTA NOS TRÓPICOS
As
desvantagens de ser artista em Manaus entre 1920 e 1960 não cansam de ser
citadas pelos mais variados nomes. Djalma Batista, por exemplo, no já
mencionado ensaio elenca um rol assustador de condições desfavoráveis: o
isolamento geográfico, a precariedade dos serviços urbanos (a má iluminação,
falta de água, racionamento de alimentos), escolas e colégios em frangalhos, a
defasagem nas informações sobre o mundo e as grandes ondas de migração para os
grandes centros. Em suma, a falta de estímulo e a necessidade imperiosa de
ganhar a vida são os dois grandes fatores responsáveis pela manutenção do
provincianismo (BATISTA, 2006, p. 83).
Aqueles
que mesmo cientes de todos esses obstáculos ainda se aventuram a produzir arte
no Amazonas são para o bom doutor verdadeiros heróis. Diante da fragilidade do
seu meio, estes homens lançam mão de inúmeras estratégias para viabilizar seus
projetos. A mais comum em todo esse período foi a aproximação com grupos
sociais relativamente poderosos como o empresariado, a Igreja Católica e
principalmente o Estado. Vejamos o caso do Teatro Escola Amazonense de Amadores
fundado por Gebes de Mello Medeiros em 1944, sob os auspícios do Departamento
de Imprensa e Propaganda do Estado Novo:
Ressurge,
em 1959, sob o patrocínio e com todas as benesses do novo governador, Gilberto
Mestrinho. Em 1964, quando o grupo recebe voz de prisão em Macapá, pela
encenação de A Prostituta Respeitosa,
são figuras bem conhecidas do governo militar que socorrem os artistas: Jarbas
Passarinho, no Pará e Arthur César Ferreira Reis, no Amazonas, que haviam
apoiado oficial e financeiramente a viagem do grupo (AZANCOTH, COSTA, 2002, p.
17).
O
poeta Elson Farias fala da falta de apoio oficial que os clubistas sentiam.
Cita o caso do livro Frauta de Barro
do poeta Luiz Bacellar, premiado no Rio de Janeiro em 1959, mas que só foi
publicado em 1963, após passar pelas editoras São José e Sérgio Cardoso e por
dois órgãos estaduais de governadores diferentes (FARIAS, 2006, pp. 107-108).
Djalma Batista atribui á Academia Amazonense de Letras (a qual presidiu entre
1967 e 1968) um papel essencial na promoção de concursos literários, ciente de
que estariam bem amparados nessa empreitada:
No
Silogeu alegar-se-á falta de recursos. Mas diremos: nada tinha a Academia, e o
interventor Nelson de Mello, em 1934, deu-lhe um prédio e instalações, que o
governador Leopoldo Neves restaurou, em 1950. Não há presentemente saldo em
caixa, mas qualquer Governo do Estado alcançará a extensão da proposta
(BATISTA, 2006, p. 93).
De
uma geração posterior ao CM, Márcio Souza tece em seu livro um longo manifesto
contra o provincianismo motivado pela perda trágica do amigo, o pintor Hanneman
Bacellar. O garoto negro e pobre que tinha sido relevado como um talento
promissor em uma das Feiras de Artes Plásticas do Clube da Madrugada
suicidou-se em Belém em 1971, após agredir seus parentes. A obra de Bacellar,
radical em sua essência, foi desqualificada pela opinião pública, fundamentada
em uma mentalidade que, no dizer de Souza, enxerga a arte nunca como trabalho,
mas como ornamento (SOUZA, 1977, p. 27). Bacellar ao recusar ser enfeite
afastou-se das franjas da cooptação e com isso pagou o preço da marginalização,
preço a que nenhum artista estaria imune:
“E lembramos de Hanneman atravessando para sempre a calçada do Palácio
Rio Branco, em Manaus, segurando sua tela ‘Cafuné’. Esta cena sempre poderá se
repetir, assim como o seu último ato, com qualquer artista perseguido” (SOUZA,
1977, p. 21).
Temos
aqui, portanto, exemplos de segmentos mais e menos próximos dos jogos do poder.
A ambígua relação com o Estado não é privilégio apenas destes homens que se
dizem encarcerados em um horizonte pouco atraente, mas de artistas e movimentos
no país inteiro. Ela se deve em parte ás suas conexões com a elite dirigente,
mas também com suas pretensões ideológicas, como o pesquisador Daniel Pécaut
afirma ao analisar a principal semelhança entre a geração de 1930 e a de 1960:
Tanto
uns como outros se consideravam responsáveis pela organização racional da
esfera social. Esse encontro não decorre do fato de que os que agem diretamente
sobre a sociedade estejam convencidos de que somente o Estado pode promover as
mudanças necessárias. Decorrem do fato de se situarem muito naturalmente, ainda
que com posições diferentes, num plano acima do social, e de se considerarem
co-autores da produção das representações do plano político (PÉCAUT, 1990, p.
184).
No
plano amazônico, essa construção de realidades racionais (e ideais) parte
sempre da constatação de uma realidade indesejada, qual seja, o provincianismo
e a crise econômica. Chega ao ponto de Djalma Batista sugerir um projeto de
desenvolvimento regional através da dialética entre campo intelectual e
econômico. A lógica de seu discurso é bem compreensível: o Amazonas se encontra
rebaixado econômica e intelectualmente, para tanto é preciso quebrar a
mentalidade de sua elite por meio do conhecimento e da arte para que se formem
quadros comprometidos com a política de valorização da Amazônia (BATISTA, 2006,
p. 90).
Há
mudanças substanciais no campo artístico e intelectual amazonense entre 1930 e
1960, com a formação de novos movimentos e novas articulações com grupos
sociais distintos, mas essa persistência na enunciação do provincianismo pode
apontar inúmeras possibilidades de interpretação. Talvez por conta da força
desta barreira material e mental, as mudanças pareçam se realizar com um ritmo
próprio, mais lento, o que pode dar a impressão de que anda mudou.
Contudo,
também podemos estar falando de uma estratégia discursiva das mais bem
elaboradas: afinal, cada artista e cada grupo precisam dimensionar a sua
importância histórica e nada melhor que eleger uma tradição consolidada ou uma
dificuldade de grandeza maior como inimigo. Em seu Manifesto, o CM se propõe a
reatualizar o Amazonas artisticamente. Márcio Souza em seus ensaios não
desconsidera a validade da iniciativa do Clube, mas este optou pelo legalismo e
com isso “(...) secou seus impulsos básicos e fez o movimento girar nos eixos
saindo da posição contestadora e crítica par ao nível inócuo da boemia a
gravitar na ordem do poder” (SOUZA, 1977, p. 152). A obra, tanto escrita como
teatral, de Márcio Souza representaria esse sopro de vida. Assim sendo, cada
qual reivindica a si um lugar ao sol na eterna luta contra o provincianismo.
Há
também que se considerar a fertilidade desse tema na produção artística desses
movimentos. Afinal, não podemos esquecer que o esforço de transpor os “limites
esterilizantes da província” pode ser a matéria prima inicial desses autores e
não apenas retórica ou subsídio para projetos ideológicos. Estamos falando aqui
de algo mais profundo, de uma condição existencial específica motivando a
produção artística como sugere Selda Vale Costa:
Talvez
se trate mais de visualizar a província como espaço cultural e evidenciar que o
insulamento, o sentir-se só, abandonados pelo governo federal, pelo Brasil,
essa temática-lamento constante, talvez seja mais uma armadilha, uma espécie de
subterfúgio, uma metáfora para não se mirarem nem medirem seu próprio peso como
intelectuais. Entretanto, esse ilhamento, real ou idealizado, cria as condições
para uma migração para dentro de si mesmos, certo ensimesmamento, que cria e
recria, elabora e inventa uma ideologia da amazonidade (COSTA, 2007, P. 306).
Fica
assim perceptível o quanto esse discurso é ambivalente e quão complexo a esfera
artística e intelectual amazonense pode ser. Forjado em meio a interesses
diversos, oscilando entre a retórica e a denúncia, podendo ser entendido tanto
em perspectivas ideológicas como psicológicas, o discurso sempre reiterado do
provincianismo é denunciador de um campo artístico rico e pouco estudado até
agora.
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Café, Colégio e cinema nos anos 50 e 60. Manaus: Editora Valer/ Governo do Estado do Amazonas, 2002.
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Ano 94, n. 32. Academia Amazonense de Letras: Manaus, dez. 2012.
* Mestrando em História
Social pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade
Federal do Amazonas e bolsista do Centro de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Ensino Superior (CAPES).
[1]
Segundo Roger Chartier, Bourdieu identificou nos campos culturais duas
características peculiares: Primeiro, esse status de mundo econômico invertido,
onde as ações são gratuitas e não visam o lucro; segundo, a sua poderosa
capacidade de auto-reflexão e consciência de si. CHARTIER, 2002, p. 141.
[2]
Com base num levantamento preliminar, podemos citar: daqueles ligados á
Academia Amazonense de Letras e ao Instituto Geográfico Histórico do Amazonas
temos Péricles Moraes, Waldemar Pedrosa, Aderson Menezes, Aderson Dutra,
Geraldo Pinheiro, Leônico Salignac Souza, André Araújo, Mirthríades Corrêa,
Arthur Cézar Ferreira Reis e Oyama Ituassu; já entre aqueles pertencentes ao
Clube da Madrugada entre 1950 e 1960 temos Francisco Vasconcelos, Aluísio
Sampaio, Carlos Gomes, Benjamin Sanches, Ernesto Pinho Filho, Sebastião Norões
e Raimundo Theodoro Bottinely.
[3]
Sobre a intelectualidade estudantil ver LIMA, 2012.
[4]
Este é o nome de uma das muitas etnias que viviam onde hoje se localiza a
cidade de Manaus que com o decorrer do tempo transformou-se em sinônimo de
“manauara”.
[5]
Conexões entre o Clube da Madrugada e o trabalhismo podem ser encontradas tanto
no ensaio de Márcio Souza quanto na dissertação de Arcângelo da Silva Ferreira.
[6]Inquéritos
Policiais Militares, instituídos por decreto-lei no dia 27 de abril de 1964.
* Mestrando em História Social pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Amazonas e bolsista do Centro de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES).
[1] Segundo Roger Chartier, Bourdieu identificou nos campos culturais duas características peculiares: Primeiro, esse status de mundo econômico invertido, onde as ações são gratuitas e não visam o lucro; segundo, a sua poderosa capacidade de auto-reflexão e consciência de si. CHARTIER, 2002, p. 141.
[2]
Com base num levantamento preliminar, podemos citar: daqueles ligados á
Academia Amazonense de Letras e ao Instituto Geográfico Histórico do Amazonas
temos Péricles Moraes, Waldemar Pedrosa, Aderson Menezes, Aderson Dutra,
Geraldo Pinheiro, Leônico Salignac Souza, André Araújo, Mirthríades Corrêa,
Arthur Cézar Ferreira Reis e Oyama Ituassu; já entre aqueles pertencentes ao
Clube da Madrugada entre 1950 e 1960 temos Francisco Vasconcelos, Aluísio
Sampaio, Carlos Gomes, Benjamin Sanches, Ernesto Pinho Filho, Sebastião Norões
e Raimundo Theodoro Bottinely.
[4] Este é o nome de uma das muitas etnias que viviam onde hoje se localiza a cidade de Manaus que com o decorrer do tempo transformou-se em sinônimo de “manauara”.
[5] Conexões entre o Clube da Madrugada e o trabalhismo podem ser encontradas tanto no ensaio de Márcio Souza quanto na dissertação de Arcângelo da Silva Ferreira.
[6]Inquéritos Policiais Militares, instituídos por decreto-lei no dia 27 de abril de 1964.
Fonte: Academia.edu
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