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Igreja latino-americana chegou nessa quinta-feira (19) pela primeira
vez à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). O fez para
denunciar a vulnerabilidade dos direitos dos camponeses e dos povos
indígenas por parte das empresas extrativistas que exploram os recursos
naturais da Amazônia e da Mesoamerica. Três dos bispos que participaram
na audiência de Washington – Brasil, Guatemala e Peru – afirmam que
compartem o mesmo problema da região."
A Igreja latino-americana contra os abusos na Amazônia
A
Igreja latino-americana chegou nessa quinta-feira (19) pela primeira
vez à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). O fez para
denunciar a vulnerabilidade dos direitos dos camponeses e dos povos
indígenas por parte das empresas extrativistas que exploram os recursos
naturais da Amazônia e da Mesoamerica. Três dos bispos que participaram
na audiência de Washington – Brasil, Guatemala e Peru – afirmam que
compartem o mesmo problema da região.
O bispo peruano, Pedro Barreto, presidente do
Departamento de Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal
Latino-americano (Celam), destaca a recente criação da Rede Eclesial
Panamazônica (Repam): “É um espaço de diálogo e de apoio mútuo, porque
nos seis milhões de quilômetros quadrados da Amazônia os problemas são
muito parecidos. As populações indígenas e ribeirinhas [que não são
originárias da Amazônia] estão muito atingidas em seus direito
fundamentais. São aproximadamente 35 milhões de irmãos e irmãs”.
“O Papa Francisco tem falado que a terra é um dom de
Deus, e que temos que administrar, com responsabilidade”, sinaliza
Barreto, fazendo referência à responsabilidade dos Estados. “Desde o
assassinato da Irmã Dorothy no Brasil em 2005, não tem havido mais
mortes de religiosos nas mãos de garimpeiros (buscadores de pedras
preciosas). Não entanto, do total de ambientalistas assassinados no
mundo, a maioria aconteceram no Brasil”, sinaliza Dom Roque Paloschi,
bispo de Roraima, a região que padece de um dos mais graves conflitos
nas terras indígenas desse país, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol.
Segundo a ONG Global Witness, de 147 mortes de
ambientalistas em 2012, 36 aconteceram no Brasil. Paloschi também faz
menção do caso de Erwin Kräutler: “O bispo do Xingu tem proteção
policial desde vários anos, devido ao conflito pela hidroelétrica de
Belo Monte. Estes projetos estão sendo construídos sem as devidas
consultas, que são quase sempre agressivas com a população: a legislação
não é respeitada”.
“Há na Amazônia uma avalanche de projetos
orquestrados pelo grande capital, mas também há inúmeros projetos de
exploração ilegal: a mineração é muito forte, mas também avança com
força o agronegócio e a monocultura de cana-de-açúcar, soja, palma e
eucalipto”, acrescenta Dom Roque, membro da Comissão da Amazônia da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Não entanto, Barreto esclarece que não se opõem à
atividade extrativista. “A Igreja tem um anúncio muito claro, em algumas
regiões esta atividade não pode dar-se, como nas reservas, nem também
onde existe vulnerabilidade direta dos direitos humanos”.
O bispo de Hueheutenango (Guatemala), monsenhor
Álvaro Ramazzini, espera que depois da audiência na Comissão
Interamericana “esta problemática seja mais bem visibilizada: que se
escutem as vozes das populações indígenas, empobrecidas com as
consequências da atividade de exploração que vai contra o meio ambiente.
Queremos fazer visível uma problemática que não é bem conhecida e menos
ainda compreendida”.
Ramazzini acrescentou que em seu país a operação das
mineradoras canadenses pese a que devem respeitar os Standards do Banco
Mundial, não são fiscalizadas, e pior ainda, não tem acontecido a
consulta prévia aos povos indígenas de acordo com a Convenção 169 da
Organização Internacional do Trabalho. “A violência se percebe ainda
mais na exploração de ouro e prata, não obstante, também na exploração
de minério não metálico – seixo, brita e areia - está provocando danos
nas beiras e cursos dos rios, e por isto temos que enfrentar
alagamentos”, enfatizou Ramazzini, presidente da Comissão Justiça e
Solidariedade da Conferência Episcopal da Guatemala.
Jacqueline Fowks, Lima, 19 de março de 2015
Foto: A selva amazônica no Peru / WWF LAC
Fonte: CIMI
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