PICICA: "Um dos maiores representantes do classicismo do século XVII, Poussin
trouxe para a arte clássica tanto um rigor intelectual e matemático
quanto a sensibilidade de uma poesia visual única em seu período.
Durantes os séculos seguintes, seu trabalho foi inspiração para artistas
como Jacques-Louis David, Paul Cézanne e Pablo Picasso."
Poussin: entre o intelecto e o sensível
Poussin, "A Praga de Ashdod".
Um dos maiores representantes do classicismo do século XVII, Poussin trouxe para a arte clássica tanto um rigor intelectual e matemático quanto a sensibilidade de uma poesia visual única em seu período. Durantes os séculos seguintes, seu trabalho foi inspiração para artistas como Jacques-Louis David, Paul Cézanne e Pablo Picasso.
Nicolas Poussin nasceu na França em 1594 e faleceu em Roma em 1665. Seu desejo em ser artista despertou com a visita de um pintor a sua aldeia. Ambicionando seguir carreira, mudou-se para Paris, mas não conseguiu pagar a bons professores e acabou por estudar com pintores menores.
Poussin, "O Rapto das Sabinas" (1637).
Poussin, "A Adoração do Bezerro Dourado".
Em 1624, conseguiu ir para Roma, onde trabalhou até ao final de sua vida. Lá estudou fervorosamente e escolheu cuidadosamente suas influências: as telas de Rafael, as cores de Ticiano, os frisos dos túmulos greco-romanos e estátuas de antigos escultores. Seu desejo era que a beleza dessas obras o ajudasse a transmitir sua visão de terras de outrora.
Poussin desprezava o realismo e a superficialidade acadêmica. Suas pinturas possuem uma distribuição calculada da estrutura pictórica, incomum no século XVII. Nesse distribuir matemático das composições, o artista jogava com o equilíbrio das massas, com o balanço dos planos e das luzes. Os volumes, os planos, o claro-escuro e o colorido raro são orquestrados com habilidade e grande segurança. Era praticamente um escravo das noções clássicas de pureza, grandiosidade e distância, e, no entanto, possui a vivacidade plástica e o movimento melódico.
Poussin, "Cephalus e Aurora".
Poussin, "Atenas Apresentando Armas a Aeneas".
Sua sensibilidade em captar as nuances do gesto, do desenho, da cor e da movimentação é primorosa. O detalhe variava de acordo com a obra em questão, criando assim para cada tela uma narrativa própria e memorável. Seus temas vão desde cenas canónicas de ternura discreta, orgias báquica, luto, a virtude cívica e mandamentos bíblicos. Outros, são de sua própria criação, ou assuntos que nenhum artista havia escolhido para trabalhar. Com isso, Poussin ficou conhecido por uma pintura peculiar e vigorosa que não se prende a um estilo único.
Poussin, "A Inspiração do Poeta".
Alguns de seus quadros têm uma mensagem moral ou filosófica; outros procuram chamar a atenção do homem para a questão da efemeridade da vida. Os homens elevados a heróis por Poussin são os que trocam o vício e os prazeres pela virtude e pela razão. Em Midas e Baco, Poussin sugere o questionamento da ânsia por riquezas que o homem possui, desvirtuando valores. E, o mais importante, fazendo com que ele perca tudo o que lhe é de verdadeiro valor.
Poussin, "Midas e Baco".
Um dos trabalhos mais famosos de Poussin, Os Pastores de Arcádia, retrata uma lápide enorme, onde se lê Et in Arcadia ego (Até na Arcádia estou), nome pelo qual a pintura ficou conhecida. Em uma paisagem tranquila e ensolarada, três belos jovens pastores e uma jovem em finas vestes reúnem-se em torno de uma lápide. A natureza que seria desordenada, na tela é submetida à uma ordem geométrica, e árvores tornam-se quase que elementos arquitetônicos da composição.
Um dos pastores encontra-se inclinado tentando decifrar a inscrição. A frase em latim refere-se à morte, que até mesmo em terras idílicas está presente. As figuras do quadro se agrupam ao redor da lápide formando uma espécie de moldura humana com seus rostos melancólicos e gestos comedidos. Apesar da seriedade do tema, Poussin o trata com extrema delicadez,a a ponto de a morte perder todo o terror.
Poussin, "Apolo e Daphene".
Poussin, "O Triunfo de Neptuno e Anfitrite".
Em suas representações de mitos clássicos, Poussin opera através da dualidade, onde a sensualidade é latente e sutil. Em Dança para música do tempo as jovens deusas e ninfas divertindo-se não parecem divinas, mas filhas da terra. A seda colorida que recobre seus corpos deixa os contornos sensuais, o céu azul de nuvens douradas que recobre a paisagem lírica convida a participar da cena.
Poussin, "Dança para a Música do Tempo".
Em Rinaldo e Armida, há uma evidente tensão sexual entre o guerreiro adormecido ao pé de uma arvore e a bela jovem com sua pele branca e seios desnudos ajoelhada ao seu lado.
Poussin, "Rinaldo e Armida".
A arte de Poussin é a perfeita junção do poético e da razão. O artista modificou a história da arte ao ampliar o campo de experimentações e quebrar as fronteiras do que era posto como arte francesa e italiana. E assim abrir caminho para artistas como Géricault, Ingres e Delacroix.
Poussin, "Moisés, Bebé Salvo no Rio".
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