Nota do blog: FHC, ressentido, ataca o "lulismo" em artigo publicado na mídia hegemônica. Miguel do Rosário dá o troco.
Oleo do Diabo
Desmontando o golpe
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Afinal, tudo se resume a uma questão fundamental. Quem, no Brasil, tem moral para ser arvorar como paladino e guardião dos valores democráticos? A mesma imprensa que ajudou a articular o golpe de Estado em 64 e depois a preservá-lo? A mesma imprensa que apoiou o golpe de Estado contra Chávez na Venezuela, em 2002? A mesma imprensa que acaba de apoiar o golpe de Estado em Honduras?
Eu queria saber quem deu, à imprensa, ou melhor, aos grupinhos familiares que monopolizam a comunicação de massa no Brasil, o poder de definir o que é democrático ou não, ou se a democracia avança ou retrocede no país? Eu não fui. Os eleitores não foram. Quem, então? A Hebe Camargo? O Silvio Santos? Caetano Veloso?
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Não vejo nenhum enfraquecimento da democracia ou das instituições. Ao contrário, temos hoje um Ministério Público cada vez mais combativo e atuante, com quadros renovados. Há uma nova geração de juízes e policiais federais que vem realizando um trabalho notável no combate ao crime organizado e à corrupção nos meios políticos. Os partidos políticos, por sua vez, estão vivendo a vida, acumulando experiências, que é a única forma possível de amadurecer.
Atualmente, um percentual muito maior da população participa do processo eleitoral do que no passado e, com a internet, a imprensa corporativa perdeu o monopólio do debate político. O poder dos jornais impressos ainda é enorme, mas declinante, e, de qualquer forma, sem a qualidade democrática que há na internet, onde todos participam. A democracia, portanto, não está ameaçada no Brasil.
Acusa-se o PT de negar os ideais do passado, mas o que se pretende com esse discurso, é simplesmente constranger o partido dos trabalhadores, interferir em sua dinâmica própria, sua evolução ideológica necessária. O tempo do sectarismo acabou. A esquerda tem que se renovar, e um dos pontos principais é fugir (como tem feito) dessa armadilha capciosa criada pela direita midiática, que é se enquadrar num idealismo ingênuo, rancoroso e derrotista.
A esquerda não se caracteriza pelos meios, e sim pelos fins. Se é preciso estabelecer tal ou qual medida conservadora em determinado momento, isso não é fazer uma política de direita, ou uma economia de direita (como acusa o bobinho Caetano, em surto de analista político), porque os aspectos ideológicos devem ser abertos para todo o espectro governamental. Se o objetivo é combater a miséria e promover a ascensão social de milhões de trabalhadores, e se esses objetivos são cumpridos, é ocioso a disputa conceitual. O que eu vejo, na verdade, é a direita querendo puxar para si todas as conquistas e empurrar para o outro lado todos os problemas. Por acaso existe, hoje, nesses tempos pós-marxistas, alguma bíblia sagrada que estabelece que essa ou aquela medida são de esquerda ou direita? Não, o que há são posições ideológicas que procuram se apropriar de conceitos alheios. No fundo, não há importância se uma política recebe uma etiquetinha vermelha onde se lê "esquerda", ou outra, azulzinha, onde se lê, direita. Nesse sentido é que o pragmatismo lulista engoliu dois grandes sapos: a vaidade esquerdista, um tanto acadêmica, um tanto infantil; e a astúcia da qual a direita sempre se orgulhou de exibir.
Leia o texto na íntegra em www.oleododiabo.blogspot.com
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