fevereiro 19, 2013

"Existe consenso em SP? Reflexões sobre a questão da cultura (1ª parte)" (Passa Palavra)

PICICA: "Quando o debate sobre a inserção do Fora do Eixo nos movimentos sociais em São Paulo veio à tona, em junho de 2011 (ver aqui), um dos problemas que se colocou foi o de definir com precisão o seu caráter institucional. É preciso esclarecer: apesar de todo o seu ar descolado e alternativo, o Fora do Eixo funciona com todos os preceitos de uma empresa capitalista, tendo por finalidade a obtenção de rendimentos, através da exploração de um esforço braçal e criativo dos diversos agentes culturais dispersos pela cidade e pelas redes digitais. Para o assunto que nos interessa, pouco importa saber se eles passeiam de iate ou preferem morar na mesma casa, dormirem em beliches e dividirem calçados." 

Existe consenso em SP? Reflexões sobre a questão da cultura (1ª parte)

18 de fevereiro de 2013  


São Paulo: Diferentemente da antiga indústria cultural, ao vincular a sua imagem a elementos simbólicos produzidos colaborativamente, o novo empresariado da cultura aproveita-se dessa riqueza enquanto capital simbólico coletivo, que ao final do processo haverá de ser revertido em dinheiroPor Passa Palavra

A cultura no centro da luta de classes em São Paulo

Um olhar panorâmico sobre o atual cenário da cidade de São Paulo, e talvez do Brasil, indica-nos que cada vez o tema da cultura ganha espaço e importância nas dinâmicas dos movimentos sociais. Muito do que hoje faz parte do campo político, digamos, progressista da cidade é constituído por grupos, coletivos e outras iniciativas que, de alguma maneira, privilegiam a matéria arte-cultura. Sem dúvida, esta impressão geral se deve, em grande medida, ao florescimento de um sem-número de saraus em diversas periferias da cidade, dando origem ao que se consagrou chamar cultura periférica. Mas é também resultado de uma longa jornada encampada por fazedores de hip-hop, samba, teatro, produtores e distribuidores de vídeo, música, comunicadores e mantenedores de espaços alternativos, que animam uma cena bastante diversa e mais ou menos ligada aos interesses populares.


Igualmente, mesmo os movimentos sociais, pequenos ou grandes, originalmente surgidos para atuarem com temas e necessidades mais tradicionais, como habitação, saúde, transporte ou violência urbana, têm dispensado alguma atenção ao tema. Talvez isso não ocorra tanto porque tenham todos eles chegado à conclusão de que essa dimensão, simbólica, da luta social seja de fato tão importante quanto a luta pela melhoria das condições básicas de sobrevivência; infelizmente, no interior da esquerda há ainda quem pense arte e cultura como mero reflexo das condições materiais e, portanto, item secundário a ser trabalhado e desenvolvido. Mas é que, na falta de processos de luta mais avançados e efetivos, a cultura apareceria como boa opção de refúgio, um lugar para se manter unido até que a conjuntura passe, ou então como instrumento de abordagem, uma isca através da qual se procuraria seduzir o público-alvo e então despertá-lo para os assuntos, estes sim, realmente importantes.

De todo modo, seja por reconhecimento da urgência destas demandas reprimidas ou por mera imposição da conjuntura ou pela mistura das duas coisas, o fato é que a pauta da cultura tem se colocado na ordem do dia dos diversos segmentos de esquerda.

Por outro lado, é preciso dizer que este movimento para a cultura também acontece por exigência das recentes transformações do capitalismo. A etapa atingida pelo atual sistema produtivo, sem eliminar as antigas formas de exploração, tem requerido, cada vez mais, pessoas habilitadas para trabalharem com signos, linguagens, informação, processos criativos. Não é raro, por exemplo, que os departamentos de recursos humanos das empresas prefiram candidatos que tenham tido experiência com teatro e bandas de rock aos que apresentam currículos quadrados e pragmáticos. Daí que, junto a outras conveniências, tenham se expandido pela cidade espaços, núcleos, fundações, ONGs e políticas públicas especializadas em atividades com arte e cultura direcionadas principalmente para os jovens.

 

Outra dimensão deste processo ainda pode ser verificada pelas formas de que o capital se utiliza para ir fincando suas bandeiras na medida em que avança sobre o espaço urbano. Hoje, na cidade de São Paulo, talvez o caso mais emblemático disso seja o projeto Nova Luz, que se apresenta como uma possibilidade de consolidar na região uma grande área voltada para a “atividade cultural e entretenimento”, através da Escola de Música Tom Jobim, da Sala São Paulo, da instalação do Teatro da Dança e de outros complexos culturais. Revelador é saber que o grande articulador político deste projeto, Andrea Matarazzo, será sempre lembrado por ter investido, quando subprefeito, em medidas como a interrupção de programas de habitação popular no centro, paralisação de mutirões autogestionados, descentralização de albergues, construção de arranjos urbanísticos “antimendigos” e outras ações de agrado ao capital imobiliário.

Portanto, também pelo lado das classes dominantes, a cultura tem se apresentado como item indispensável de suas estratégias políticas e econômicas. Tudo isso permite o surgimento de noções vagas – como as de que “tudo é cultura”, culturalismo versus economicismo, ou de que a cultura em si carrega um valor positivo – que se não forem analisadas criticamente acabam mascarando projetos políticos inconciliáveis que se escondem por trás das várias iniciativas. E é aqui, no quadro desta onda culturalista que contamina a cidade de São Paulo hoje, que a questão do Fora do Eixo volta a ser objeto de preocupação por parte de movimentos, coletivos e pessoas que se põem ao lado das lutas sociais.

O novo empresariado cultural: ou a “velha roupa colorida

Quando o debate sobre a inserção do Fora do Eixo nos movimentos sociais em São Paulo veio à tona, em junho de 2011 (ver aqui), um dos problemas que se colocou foi o de definir com precisão o seu caráter institucional. É preciso esclarecer: apesar de todo o seu ar descolado e alternativo, o Fora do Eixo funciona com todos os preceitos de uma empresa capitalista, tendo por finalidade a obtenção de rendimentos, através da exploração de um esforço braçal e criativo dos diversos agentes culturais dispersos pela cidade e pelas redes digitais. Para o assunto que nos interessa, pouco importa saber se eles passeiam de iate ou preferem morar na mesma casa, dormirem em beliches e dividirem calçados.

 

Muito já foi dito sobre o processo pelo qual o capitalismo foi desenvolvendo formas de explorar a produção simbólica e transformar a cultura em mais um de seus ramos de negócio. Ao longo do século XX, não foram poucas as experiências artístico-culturais que, mesmo tendo brotado como espaços de resistência e negação das engrenagens políticas e econômicas, acabaram sendo submetidas às regras destas engrenagens. Grande exemplo disto foram os movimentos contraculturais nascidos nos EUA e na Europa na década de 60 e que ganharam força também no Brasil durante os anos 70. Apesar de ser impulsionado por sentimentos de recusa e anseios de transformação radical, mobilizando símbolos transgressores, o poder efetivo de crítica desta cena foi sendo neutralizado na medida em que era assimilado pelos princípios de funcionamento dos atravessadores da Indústria Cultural, até que chegasse à condição de ser apenas mais um produto, ainda que alternativo, do mercado de bens simbólicos.

Grosso modo, essa velha indústria cultural com que estamos acostumados estrutura-se em torno da proteção do direito autoral. Ou seja, a lucratividade dos agentes intermediários deste negócio – os famosos atravessadores – é assegurada pela vantagem exclusiva que as empresas do ramo (gravadoras, editoras, empresas radiodifusoras e televisivas) detêm sobre os meios de produção e exploração comercial de um dado produto artístico. Por isso, seus grupos de pressão no plano jurídico-político se orientam pela defesa intransigente das leis de proteção da propriedade intelectual, pela proibição da livre cópia, da pirataria etc.

Acontece que o desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação, em especial a internet, caminha para tornar estes mecanismos de lucratividade ultrapassados. Afinal, com a popularização deste novo aparato, o acesso aos meios de produção artístico-culturais se ampliou significativamente, diminuindo a dependência em que artistas e consumidores estavam relativamente aos grandes grupos econômicos do setor. Isso, por um lado, vai corroendo a base de existência desta velha indústria cultural, mas, por outro, dá origem ao surgimento de um novo empresariado da cultura, que desenvolve formas próprias de obter vantagens econômicas sobre a produção cultural independente e colaborativa. O Fora do Eixo, portanto, insere-se neste novo modelo.

O novo empresariado cultural é formado por uma constelação de agentes ajustados às novas condições de nosso tempo, empreendimentos que não precisam buscar sua fonte de lucro no direito exclusivo que tenham sobre a venda de um CD, um livro ou uma boa ideia qualquer. Neste novo modelo de indústria cultural, basta que as empresas “colem” a sua imagem ao processo de criação de outros grupos, coletivos, redes e pessoas; misturando, associando, embaralhando a sua marca à riqueza de saberes e símbolos que são produzidos por outros.

Mas como é que eles conseguem tirar vantagem econômica disso?

 

Pablo Capilé, o grande articulador do Circuito Fora do Eixo, gosta de dizer que o que fazem se trata de uma “disputa narrativa”. De fato, o primeiro passo consiste em convencer os parceiros e voluntários envolvidos de que todos os esforços envidados no curso de um projeto não se caracterizam como trabalho, mas sim ativismo, militância, manifestação de desejos. O novo ativismo, para ele, deve trocar trabalho por vida. Mas o próprio Capilé explica que esta mudança é, na verdade, uma “ressignificação”.

Pois, se não fosse apenas uma ressignificação, como explicar que “A cada 1 real captado, esse movimento é capaz de transformar em 100” – como Capilé afirmou recentemente? “Para fazer o Existe Amor em SP, o movimento gastou R$ 20 mil. Se cada um fosse fazer por fora, um evento como esse custaria R$ 500 mil.” (ver aqui) Estaríamos diante de um passe de mágica?

Ora, nada mais providencial para demonstrar que a multiplicação dos pães neste caso só se torna possível porque existe uma enorme quantidade de trabalho não-pago envolvida. O que Capilé procura compensar elogiando o esforço da “militância”. Ao converter seu trabalho em vida, um grande número de agentes produziu e distribuiu flyers, divulgou na internet, carregou caixas e ofereceu os seus serviços solidariamente, inclusive os grandes músicos que abrilhantaram o espetáculo etc.

Uma objeção aqui poderia ser feita: “Ué, mas não pode estar havendo aí exploração, uma vez que o resultado desta soma de esforços não foi colocado à venda no mercado, de onde um ou outro grupo pudesse tirar vantagem, ninguém pagou para consumir o evento”. Pois é aqui que reside a novidade. Grupos como o Fora do Eixo vão buscar suas principais fontes de renda a partir de outros meios; elas não acontecem aí, no momento em que o público usufrui o dado produto cultural, mas posteriormente.

Uma das vias principais é certamente a dos editais. O Fora do Eixo é uma máquina de obtenção de editais, públicos e privados. Para tanto, a produção coletiva de grandes eventos ou as campanhas massivas pela internet, por qualquer tema que for, desempenham aqui um papel especial: elas são demonstrações da capacidade que o circuito tem de mobilizar, coordenar e direcionar esforços de produção criativa, os quais, por sua vez, são capazes de atrair olhares e novas plateias. O que o Fora do Eixo negocia e oferece a governos e empresas com quem estabelece convênios e parceiras não é exatamente um produto artístico, mas precisamente esta capacidade de articular e gerir trabalho criativo e organizar plateias. Tanto maior será a sua vantagem na obtenção de editais quanto maior for a demonstração de sua capacidade mobilizadora.


Capilé em encontro com a nova Ministra da Cultura, Marta Suplicy

É assim que os R$ 20 mil reais investidos antecipadamente no Existe Amor em SP, ao entrar em contato com a varinha mágica do empenho quase gratuito de dezenas ou centenas de mãos e cérebros, hão de se transformar em R$ 500 mil.

Não é com uma venda de ingressos para o show na Praça Roosevelt, para ficarmos com esse exemplo, que o Fora do Eixo consegue esse montante estimado; até porque se fosse vendido, tal qual a lógica do mercado tradicional, o coletivo-empresa não alcançaria o público que pretende e seria ainda contraditório com o discurso que apresenta. Eles se utilizam de um trabalho não-pago de “ativistas”, que trabalham nas propostas do circuito e vendem essa capacidade de mobilização e articulação de grupos, redes e agentes culturais para os editais de financiamento que mantêm o funcionamento e a ampliação da sua estrutura.

Para se ter uma ideia, em 2012 o Fora do Eixo divulga  (até a data desta publicação) ter se inscrito em 122 projetos culturais, solicitando um total de R$ 25.278.930,96. (ver aqui) Procuramos obter informações mais detalhadas a respeito, mas a página do site do coletivo-empresa parece estar em manutenção.


Fora do Eixo em reunião de parceria com a Fundação Vale

Assim, diferentemente da antiga indústria cultural, que dependia de contratos e termos jurídicos bem ajustados, ao vincular a sua imagem, mesmo que informalmente, a elementos simbólicos que são produzidos colaborativamente por agentes, a princípio, independentes, o novo empresariado da cultura consegue aproveitar-se dessa riqueza enquanto uma espécie de capital simbólico coletivo, que ao final do processo haverá de ser revertido em ganhos em espécie, ou seja, dinheiro. Mais vantajosa é a relação quando se verifica que o agente intermediador, no caso o Fora do Eixo, pouco ou quase nada precisa intervir no processo, visto que, em se tratando de trabalho criativo, maior produtividade será obtida quanto maior for a liberdade e a autonomia dos seus produtores.
Em resumo, o coletivo Fora do Eixo e outros similares, enquanto representantes desse novo empresariado da cultura, se apresentam como uma versão repaginada dos velhos exploradores da produção simbólica coletiva.


Quem são alguns desses novos atravessadores da cultura em São Paulo?

Como já dissemos, o que o Fora do Eixo faz é negociar com governos e empresas financiadoras a sua capacidade de mapear, articular e gerenciar redes, grupos, coletivos e pessoas. Sendo assim, seu poder de barganha tende a ser maior quanto maior for a demonstração de sua força articuladora. Isso é feito trazendo grupos e pessoas para dentro de suas estruturas, ou seja, colando a marca Fora do Eixo nas iniciativas — muitas vezes independentes — de seus chamados parceiros.

Uma vez que possui várias naturezas de registros oficiais e não oficiais (como ONG, OSCIP, fundação, movimento social, coletivo de cultura etc.), o Fora do Eixo goza de bastante flexibilidade para abordar diversos setores da sociedade e do Estado — sejam eles entidades mais capilarizadas, próximas a iniciativas de base, ou órgãos governamentais, ligados a corporações capitalistas — para aglutiná-los todos em seu guarda-chuva.

Como em grande parte das parcerias se trata de relações informais, é difícil medir com exatidão o tamanho do Circuito Fora do Eixo. Além disso, é preciso considerar que, para melhor venderem o seu peixe, os membros do Fora do Eixo — como bons manipuladores da linguagem publicitária — geralmente inflacionam as suas realizações de forma a passar a impressão de que tudo o que eles fazem está bombando o tempo todo. De todo modo, é possível diferenciar dois níveis de “parcerias” estabelecidas pelos novos expropriadores da cultura.

 

Por um lado, são chamados de parceiros todas aqueles grupos, coletivos ou pessoas que, direta ou indiretamente, contribuem para a estruturação e consolidação da organização, ou seja, grupos e pessoas que realmente produzem algum tipo de bem simbólico, cultural, artístico: músicos, poetas, técnicos, designers, ou mesmo manifestações espontâneas das redes sociais etc. O que pode acontecer de forma voluntária (gratuita) ou remunerada através de moedas alternativas (semigratuita) a serem utilizadas dentro do próprio circuito.

Há, por outro lado, a atuação conjunta com outros tipos de parceiros, aos quais o Fora do Eixo se associa conforme interesses específicos, e que normalmente são outras empresas do ramo cultural. No caso da organização dos eventos #AmorSIMRussomanoNÃO e #ExisteAmoremSP, à véspera das eleições municipais, participaram pequenos, médios e grandes empreendimentos voltados para o público de hábitos de consumo alternativos, como o Studio SP, a Festa Voodoohop, Festa do Santo Forte/Estúdio Emme, a Matilha Cultural, A Leda e a revista Trip.

Na declaração de um dos sócios da casa de shows Studio SP, Alê Youssef, feita à própria revista Trip após o sucesso dos eventos, fica evidente a forma pela qual os processos coletivos e espontâneos de criação simbólica, tornados possíveis pelas parcerias com os de baixo, podem ser canalizados em benefício de uma parte:
“Para tentar fazer algo a respeito, me reuni com os alguns amigos jornalistas com a turma ativista do Fora do Eixo. Fomos todos para a Praça Roosevelt, onde encontramos produtores, artistas e frequentadores da região. Em poucas horas de cervejas e confabulações, bolamos o slogan #AmorSIMRussomanoNÃO e pensamos na cor rosa como símbolo da alegria, diversidade e transgressão que tanto amamos em São Paulo e que não queríamos perder de jeito nenhum, como que sem esses elementos, ficasse insuportável de vez sobreviver ao cinza da nossa megalópole.”
Segundo a afirmação de Youssef, aquilo que durante a organização era propagandeado como resultado de esforços coletivos, comuns, aparece aqui como jogada de marketing concebida por um reduzido grupo de privilegiados: empresas e agentes profissionais da cultural alternativa.

Os interesses de classe ficam mais claros ao sabermos que, logo após os eventos na Praça Rossevelt, Youssef tenha mandado pintar a porta de sua casa noturna com a cor rosa, de forma a atrair parte do público que se aglomerou na Praça, mas agora na condição de meros consumidores de um ambiente cool que eles mesmos ajudaram a conceber. Ou seja, o fruto de uma ação coletiva, ou alheia, é apropriado privadamente por um pequeno núcleo de empresários da cultura alternativa. Afinal, quem acompanha alguns movimentos sociais em São Paulo, principalmente no que diz respeito à resistência às formas de repressão estatal, sabe que a simbologia do rosa não foi criada neste espaço.

Sob este aspecto, a “disputa narrativa” defendida por Capilé se coloca, na verdade, como uma disputa por um mercado particular, de olho nos temas em voga no largo campo da cultura alternativa. Retórica multicuralista e modas estéticas avançadas são articuladas com o objetivo de conquistar um mercado em expansão e mais apoios financeiros a seus projetos, uma vez que, segundo o principal articulador do Fora do Eixo, “o jovem brasileiro está tão animado que está gastando o que não tem”. (assista aqui - [19'30'' a 20'20])

Continua…

A 2ª parte deste artigo será publicada no domingo (24/02)

Fonte: Passa Palavra

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