Foto: Rogelio Casado - Ocupação de terra, início dos anos 1980, Manaus-AM
No início dos anos 1980 o médico Marcus Barros, de barba, e o advogado HDias, de camisa preta, acompanhavam a ocupação de terras em Manaus pela população sem-teto (expressão que só seria consagrada, pela mídia - termo igualmente inexistente na época - nos anos 1990). Marcus já havia se instalado em Manaus, onde exercia atividade docente na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade do Amazonas, depois de um período de trabalho no médio Solimões, na cidade de São Paulo de Olivença, onde é forte a presença de indígenas de etnia ticuna. Ali, junto com Raimundo Cardoso Freitas, fizeram parte da história do município ao ajudarem a depor o prefeito da cidade.
Foto: Rogelio Casado - Raimundo Cardoso Freitas / Carlos Augusto Lima Paz, jan/1978, Manaus-AM
No final dos anos 1970, mais exatamente em 6 de janeiro de 1978, Raimundo Cardoso Freitas comemora meu aniversário, antes de minha partida para Diadema-SP, onde faria residência médica em psiquiatria social. Naquela época, a cidade de Manaus tinha pouco mais de 300 mil habitantes. O forró pé-de-serra não estava popularizado; o que só aconteceria com a explosão da cidade entre a última década do século XX e início do século XXI. Cardoso tinha problemas com sua identidade. Ninguém acreditava que ele era cearense. Para mostrar que não perdera suas raízes, à falta de uma parceira para dançar o forró, ao som das palmas dos amigos improvisou num arrasta-pé um xaxado para ninguém botar defeito. Grande Cardoso! O difícil vai ser chamá-lo de Carlos Paz, depois que recuperou sua verdadeira identidade, após um longo período de clandestinidade forçada pelo regime militar. Para os militantes dos anos de chumbo, na Manaus dos anos 1970, ele será sempre o Cardosão.
***
A história de Carlos Augusto Lima Paz, 65 anos, não pode ser contada sem a história de Marcus Barros, ex-reitor da Universidade Federal do Amazonas. Duas trajetórias distintas - um médico e um engenheiro agrônomo -, que se encontram nos anos 1970, ambos de uma geração comprometida com o futuro do país. Perseguido político da ditadura militar, Raimundo Cardoso de Freitas foi acolhido por Marcus Barros em São Paulo de Olivença, e depois em sua residência em Manaus, onde fizemos memoráveis reuniões do movimento estudantil. A matéria publicada no domingo passado no jornal Amazonas em Tempo (dia 9 de março), intitulada "O último perseguido da ditadura", não contou nem metade da história do companheiro Cardoso. Por ora, meus queridos e queridas leitoras, vos brindo com imagens do fundo do baú, de quando éramos todos jovens e gostávamos dos Beatles, dos Rolling Stones, de MPB e da boa luta.
No início dos anos 1980 o médico Marcus Barros, de barba, e o advogado HDias, de camisa preta, acompanhavam a ocupação de terras em Manaus pela população sem-teto (expressão que só seria consagrada, pela mídia - termo igualmente inexistente na época - nos anos 1990). Marcus já havia se instalado em Manaus, onde exercia atividade docente na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade do Amazonas, depois de um período de trabalho no médio Solimões, na cidade de São Paulo de Olivença, onde é forte a presença de indígenas de etnia ticuna. Ali, junto com Raimundo Cardoso Freitas, fizeram parte da história do município ao ajudarem a depor o prefeito da cidade.
Foto: Rogelio Casado - Raimundo Cardoso Freitas / Carlos Augusto Lima Paz, jan/1978, Manaus-AM
No final dos anos 1970, mais exatamente em 6 de janeiro de 1978, Raimundo Cardoso Freitas comemora meu aniversário, antes de minha partida para Diadema-SP, onde faria residência médica em psiquiatria social. Naquela época, a cidade de Manaus tinha pouco mais de 300 mil habitantes. O forró pé-de-serra não estava popularizado; o que só aconteceria com a explosão da cidade entre a última década do século XX e início do século XXI. Cardoso tinha problemas com sua identidade. Ninguém acreditava que ele era cearense. Para mostrar que não perdera suas raízes, à falta de uma parceira para dançar o forró, ao som das palmas dos amigos improvisou num arrasta-pé um xaxado para ninguém botar defeito. Grande Cardoso! O difícil vai ser chamá-lo de Carlos Paz, depois que recuperou sua verdadeira identidade, após um longo período de clandestinidade forçada pelo regime militar. Para os militantes dos anos de chumbo, na Manaus dos anos 1970, ele será sempre o Cardosão.
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A história de Carlos Augusto Lima Paz, 65 anos, não pode ser contada sem a história de Marcus Barros, ex-reitor da Universidade Federal do Amazonas. Duas trajetórias distintas - um médico e um engenheiro agrônomo -, que se encontram nos anos 1970, ambos de uma geração comprometida com o futuro do país. Perseguido político da ditadura militar, Raimundo Cardoso de Freitas foi acolhido por Marcus Barros em São Paulo de Olivença, e depois em sua residência em Manaus, onde fizemos memoráveis reuniões do movimento estudantil. A matéria publicada no domingo passado no jornal Amazonas em Tempo (dia 9 de março), intitulada "O último perseguido da ditadura", não contou nem metade da história do companheiro Cardoso. Por ora, meus queridos e queridas leitoras, vos brindo com imagens do fundo do baú, de quando éramos todos jovens e gostávamos dos Beatles, dos Rolling Stones, de MPB e da boa luta.
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