Entre a fotografia postada anteriormente e esta passaram-se vinte e quatro anos. O chafariz da Praça D. Pedro II está situado no centro da cidade de Manaus, próximo de vários prédios históricos: Palácio da Liberdade (ex-sede da prefeitura); Palácio Rio Branco (ex-sede da Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas); bem como do imóvel onde funcionou o Grupo Escolar Marechal Hermes e a Câmara dos Veradores de Manaus; além do Cabaré Chinelo (outrora Hotel Cassina, nos tempos do ciclo da borracha).
Como se vê, o chafariz não funciona; a água existente é proveniente das copiosas chuvas dos primeiros meses do ano; e, o pior, nenhum das peças que representam as crianças está em seu lugar.
Houve um dia, no início dos anos 1990, que ousamos criar uma entidade - Associação dos Amigos de Manaus (AMANA) - em defesa do patrimônio público e histórico da cidade e das políticas públicas. Luta entre classes é pouco para explicar o insucesso da iniciativa. Mas não se engane; aqui na taba há um vício de atribuir tais fracassos a desordens de personalidade ou vaidades pessoais. No duro, trata-se de uma forma de alienação que se abate sobre gente letrada, que está por ser estudada: uma espécie rara de canibalismo social. Esse fato social está na base da indiferença com que vem sendo tratada uma parte importante da história da cidade de Manaus. Alguém já disse que "Narciso acha feio o que não é espelho". É o caso.
O que falta para que velhos e novos atores sociais voltem a dialogar sobre esse quadro degradante que afronta a cidadania? Ao que parece estão apostando na possibilidade de Manaus sediar parte dos eventos da Copa Mundial de Futebol; aí, sim, não faltariam recursos para uma grande intervenção urbanística. Enqanto isso, salvo exceções de praxe, o silêncio campeia por entre as tribos. E a sociedade civil organizada não está nem aí. Lástima!
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