março 28, 2008

Censo psiquiátrico (II)

Cidade de Manaus - Google Earth

Atenção para a localização dos 3 principais serviços públicos de saúde mental da cidade de Manaus: Policlínica Codajás na zona Sul; Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro na zona Centro-Oeste e Centro de Atenção Psicossocial Silvério Tundis na zona Norte. Detalhe: a capital do estado do Amazonas tem uma população de quase 2 milhões de habitantes.

Censo psiquiátrico (II)

O Censo da População Psiquiátrica - projeto que elaboramos ainda na Coordenação Estadual de Saúde Mental (gestão 2003- 2007) – tem como objetivo identificar os principais territórios onde residem os portadores de sofrimento psíquico na cidade de Manaus. O censo terá como epicentro as demandas atendidas no Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro em seus três níveis de atenção: ambulatorial, hospitalar e urgências psiquiátricas; mas, terá no Programa Saúde da Família outra importante fonte de pesquisa.

Ao final do trabalho, o gestor público da saúde terá em mãos dados que permitirão indicar com precisão onde deve ser implantada a rede de serviços que substituem o hospital psiquiátrico (CAPS, Centros de Convivência etc.), bem como a definição das estratégias de implantação de leitos psiquiátricos para internação em hospitais gerais dos casos que estão fora do alcance do Pronto Atendimento Psiquiátrico, ou seja, que exigem tratamento com restrição temporária do espaço físico.

A parceria que alinhavamos com a Fiocruz da Amazônia, e que foi desprezada, se distinguia por uma particularidade: o banco de dados ali existente sobre a espacialização das doenças em Manaus, seria enriquecida com novas informações sobre os territórios onde circulam cidadãos portadores de sofrimento psíquico. Alegar impedimentos burocráticos é “menas” verdade: a Fiocruz dispõe de instrumentos que recolhe e disponibiliza os recursos financeiros em tempo hábil, sem prejuízo do cronograma de atividades.

A instituição escolhida para executar o censo é idônea, não há dúvidas. Trata-se de outra “cousa”, daquilo que o povo diz: unir a fome com a vontade de comer. Perdeu-se, por miopia epistemológica (arre!) uma grande oportunidade de unir conhecimento técnico, histórico e social com a administração de políticas públicas. Como disse Nelson Rodrigues: o pior cego é o que só vê a bola. Pergunto mais uma vez: até quando, a falta de senso?

Manaus, Março de 2008.
Rogelio Casado, especialista em Saúde Mental
Pro-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UEA
www.rogeliocasado.blogspot.com

Nota: Artigo publicado no Caderno Raio-X, do jornal Amazonas em Tempo, onde escrevo às quartas-feiras.

Nenhum comentário: