maio 04, 2008

Amazon Jazz Festival: o que há de novo?

Frank Sinatra Jr.

Robério Braga, Secretário de Cultura do Estado do Amazonas, tem uma legião de fãs e um desafeto mor, melhor dizer, crítico implacável: o imortal Ribamar Bessa, criador da Coluna Taqui Pra Ti - coluna atualmente publicada pelo jornal Diário do Amazonas, depois de uma peregrinação forçada por um cacique da política baré. Taí uma coisa que sempre me intrigou: com tanto talento e espírito crítico, se somos tantos, por que a análise dos sistemas de dominação até hoje não ganham espaço próprio no norte do Brasil? Alguns amigos me criticam, lembrando da existência de Lúcio Flávio Pinto. É verdade, mas ele reside e atua na praça de Belém. De qualquer modo, lá como cá, os dispositivos de controle do espaço público midiatizado não diferem dos da nossa realidade. Lúcio Flávio é uma honrosa exceção. Mas esse é um outro assunto.

Voltando a vaca fria! Estou entre os que admiram um funcionário publico competente que por 12 anos agita a cultura local. A revitalizaçao da área do entorno do Teatro Amazonas é seu cartão de visita. O sucesso dessa iniciativa é incontestável. O Festival de Ópera - um dos mais bem sucedidos empreendimentos da sua equipe - ultrapassou mais de 10 edições. Seus frutos são visíveis: músicos em formação (já houve período de números maiores que os atuais 5 mil), mercado para cenógrafos, costureiras, além de outras dezenas de atividades profissionais que giram em torno desse evento. Paro por aqui.

Por outro lado, o Festival de Jazz, que acontece em julho, ainda não se consolidou, menos por ser iniciativa recente do que por equívocos que insistem em não sair de cena. Quando vi o Secretário de Cultura anunciando com entusiasmo, num programa de TV local, a vinda de uma tal Orquestra Frank Sinatra Jr. - inclusive com o devido pagamento antecipado - lamentei pela pobreza da estratégia. Frank Sinatra, dono de um registro vocal inigualável, nunca foi cantor de jazz. Disto sabem até mesmo os não especialistas. Ninguém me convence que o Junior é referência no estilo que consagrou músicos e interpretes, como Dizzy Gillespie, John Coltrane, Stan Getz, Johnny Hartman, Louis Armstrong e tantos outros.

A propósito, Zefofinho de Ogum, meu amigo e conselheiro, com uma rara expertise em jazz e outros ritmos musicais, me enviou um e-mail com um duro comentário contra o que ele considera uma tremenda leseira:

"Não é de hoje que os organizadores do AMAZON JAZZ FESTIVAL pisam na bola. No caso do patrocínio da ORQUESTRA FRANK SINATRA JR, não são os custos que me incomodam, mas a certeza de que com os mesmos valores poderíamos ter grandes músicos brasileiros da melhor qualidade, como YAMANDU COSTA, HAMILTON HOLANDA, ANDRÉ MEHMARI, TECO CARDOSO, ARISMAR DO ESPÍRITO SANTO, ZECA DO TROMBONE, SILVÉRIO PONTES, ZÉ DA VELHA, dentre outros. Do JAZZ LATINO poderíamos ter expressões como OSCAR DE LEON, PONCHO SANCHEZ, PETE ESCOVEDO, RAY VEGA, HORÁCIO HERNANDEZ, ARTURO SANDOVAL. Dos americanos da mesma escola, poderíamos ter gente como DAVE VALENTIN, STEVE TURRE e outros".

Para Zefofinho não faltam músicos brasileiros que pudessem ser arregimentados em MIAMI. Para ele, "a galera de rua iria vibrar com essa turma". Em contrapartida, afirma peremptoriamente: "Não me tragam, por favor, o EGUIBERTO GISMONTTI com seus faniquitos, quase sempre apoiados pelos organizadores desse tipo de festival.

Certamente haverá o que se aproveitar do Festival de Jazz. Por outro lado, estou certo de que AMAZON JAZZ FESTIVAL teria muito a ganhar com Zefofinho como assessor do evento. Robério, meu velho, dada a dica.

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