Entre 1978 e 1979, convivi com uma das personalidades mais fascinantes da Comunidade Terapêutica Enfance, em Diadema-SP, onde fiz residência médica em psiquiatria social: Fernando Casadei.
Para mim, seu principal atributo era a atitude solidária. Em Manaus, temos um amigo em comum: o poeta Dorival Carvalho, que trabalhou na Livraria Zapata, em São Paulo, frequentada por Fernando nos anos 1970. Costumo dizer para Dorival que aprendi o sentido ético da solidariedade com Fernando, tanto no campo coletivo, como no individual. Dorival sabe muito bem disso: seu irmão (proprietário da Livraria Zapata) dividiu o cárcere na ditadura militar com Fernando.
Certa vez, precisava levar de São Paulo ao Rio de Janeiro a mãe e a tia do meu filho Pablo - até então meu único filho, com pouco mais de um ano de idade -, vindos de Manaus. Era meu período de férias. Estava saudoso da família. Fernando colocou-me à disposição um Volkswagen de 4 portas, pneus carecas e um limpador de para-brisas avariado. Comprei 4 pneus recauchutados, ajeitei o limpador de para-brisas e fizemos uma viagem inesquecível a 80 km por hora. Fernando ficou sem condução; em compensação, satisfeito por ter proporcionado a alegria do encontro. Grande e inesquecível amigo Fernando Casadei.
Foi ouvindo o programa de jazz do meu amigo Humberto Amorim que resolvi localizar Fernando. Eis que o encontro na Universidade de Sorocaba. Já o sabia doutor em educação. Há alguns anos atrás chegamos a trocar e-mails, até que essa geringonça cibernética colou o platinado e voltei a ficar sem saber do amigo. Pelo prazer da descoberta, divido com meu leitores o memorável encontro de Franco Basaglia com a Comunidade Terapêutica. O sorriso aberto de Fernando espelha o sentimento de todos com a visita do criador da Psiquiatria Democrática e dá uma pequena mostra do astral do velho amigo.
Conheça a qualificação de Fernando Casadei.
PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
maio 11, 2008
Velhos camaradas
Foto: Rogelio Casado - Franco Basaglia e Fernando Casadei - Comunidade Terapêutica Enfance, Diadema-SR, 1978
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