PICICA: " São tantas as análises míopes que visam a apenas defender um
partido — ou atacá-lo -, ou ainda afirmar a integridade das próprias
ideias contra tudo e contra todos, apesar das nervuras da conjuntura
(que, entretanto, é tão fluida que fica difícil dizer se alguém está
errado ou foram os próprios fatos que mudaram). Entre essas teses,
respectivamente, estão a defesa da Lava-Jato como grande conspiração
tucana, o ataque ao PT como fonte absoluta da corrupção, traidor da
esquerda ou raiz de todos os problemas e, por fim, a defesa de uma
Constituinte quando o cenário é francamente corrosivo aos direitos
instituídos pela Constituição de 1988. Apesar das tentativas de enxergar
polivocidade nas manifestações do domingo passado (16) e da próxima
quinta (20), em síntese elas expressam a grande luta entre petismo (mais
amplo que o governismo) e antipetismo. São polaridades que, desde 2013
no mínimo e consolidadas nas eleições de 2014, achatam o
cenário político e deixam boa parcela da sociedade que esteve nas ruas
sem discurso, pois não se encontram em nenhum dos lados."
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— São tantas as análises míopes que visam a apenas defender um
partido — ou atacá-lo -, ou ainda afirmar a integridade das próprias
ideias contra tudo e contra todos, apesar das nervuras da conjuntura
(que, entretanto, é tão fluida que fica difícil dizer se alguém está
errado ou foram os próprios fatos que mudaram). Entre essas teses,
respectivamente, estão a defesa da Lava-Jato como grande conspiração
tucana, o ataque ao PT como fonte absoluta da corrupção, traidor da
esquerda ou raiz de todos os problemas e, por fim, a defesa de uma
Constituinte quando o cenário é francamente corrosivo aos direitos
instituídos pela Constituição de 1988. Apesar das tentativas de enxergar
polivocidade nas manifestações do domingo passado (16) e da próxima
quinta (20), em síntese elas expressam a grande luta entre petismo (mais
amplo que o governismo) e antipetismo. São polaridades que, desde 2013
no mínimo e consolidadas nas eleições de 2014, achatam o
cenário político e deixam boa parcela da sociedade que esteve nas ruas
sem discurso, pois não se encontram em nenhum dos lados.
2 — Nosso sistema blinda a figura da Presidenta da República do impeachment por falta de base política, fenômeno que atualmente ocorre no Brasil. Exige a responsabilidade criminal. O impeachment não
é necessariamente um golpe, ao contrário: é o que permite a saída
precoce de um mandato ilegítimo — sem dispensar um fato criminal
determinado — por meio de uma solução sem ruptura institucional. Talvez
hoje o recall permitisse
equilibrar a balança entre a ilegitimidade política insuportável, que é
extremamente daninha à democracia, e a estabilidade institucional. No
entanto, esse instrumento não existe no Brasil. A menos que se demonstre
culpa por meio de provas contra Dilma Rousseff, a saída via impeachment fere
a legalidade brasileira. A única saída legítima seria a renúncia.
Apesar disso, a utilização da ameaça como instrumento de pressão faz
parte do jogo político quando a crise é grave e seu uso não é monopólio
da direita.
3 — A formação
atual do Congresso Nacional e a figura de Eduardo Cunha como sucessor
caso Temer seja igualmente impugnado era a pior das alternativas. Isso
não legitima o governo e nem permite esconder o fato de que Cunha e o
baixo clero em geral foram alimentados na esfera institucional e social
pelo próprio PT nos últimos 12 anos. No entanto, é o mínimo bom senso
reconhecer que essa possibilidade ameaçava todo equilíbrio institucional
brasileiro e colocava em risco quase tudo que foi conquistado com a
redemocratização, da independência das instituições até os direitos
humanos. Cunha é a ameaça mais profunda da emergência do fundamentalismo
e a tomada do poder por forças que apontam para o pior, um horizonte
sinistro em que as decisões são tomadas com base em interpretações
obtusas de textos religiosos e não permitem espaço para a dissidência.
Não existe horizonte pior no Brasil que o crescimento do fundamentalismo
religioso e moral, especialmente porque seus agentes são vigaristas que
utilizam de todo artifício retórico e artimanha inaceitável para impor
suas ideias. É preciso isolar de vez esses políticos. Felizmente, ao que
parece Eduardo Cunha caminha a cada dia que passa mais para esse
destino e tudo indica que irá ser processado na Operação Lava-Jato.
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— Hoje, mais que ninguém, o grupo político que Eduardo Cunha e Silas
Malafaia representam não agride apenas a esquerda, o PT ou os grupos
sociais que constantemente ataca. Não são apenas bonecos de distração do
PT ou fantoches da oposição: trata-se de uma grupo que cresce mais a
cada dia, tem base social, midiática e está capilarizado por todo país
para além do que a própria mídia clássica consegue. Esse grupo agride a
frente política que inaugurou a democracia no nosso país, pautando suas
práticas políticas na razão e considerando a secularização — separação
entre estado e religião — condição de qualquer política que não termine
no banho de sangue do fundamentalismo. Atacar esses obscurantistas é
tarefa de todo espectro político comprometido com a democracia,
incluindo PT, PSDB, PDT, PPS, PSB, Rede, entre outros. O PT, obviamente,
é o maior responsável pela contenção do mal que ele próprio ajudou a
construir, não tanto com atos discursivos nem apoio da militância quanto
com a leniência dos acordos políticos estratégicos e o financiamento
eleitoral. Ele é o principal responsável porque detém o bem mais
precioso na nossa República: a chave do cofre. Mas todos os partidos que
se envolveram e comprometeram com a “Constituição cidadã” deveriam
estar engajados e contingentemente em aliança para enfrentar a frente
fundamentalista e mafiosa que se forma no Congresso Nacional. O PSDB
implementou mudanças importantes na direção dos direitos humanos quando
esteve na Presidência, tem democratas dissidentes da Ditadura,
intelectuais públicos de muita relevância e contribuiu para a
qualificação da democracia no nosso país. A Rede precisa provar que não é
um projeto pessoal e personalista de Marina Silva e enfrentar — se
necessário — sua própria líder, mostrando ao grande público que a
resistência na incorporação da laicidade não corresponde ao pensamento
da maioria dos seus adeptos. PSB, PPS e PDT têm figuras de importância
nacional que contribuíram para a afirmação do estado de direito e dos
direitos humanos nas últimas décadas. O próprio PMDB, que hoje hospeda
muitas figuras obscurantistas, comandou a Constituinte e tem personagens
importantes da Nova República nos seus quadros. Não existe aliança que
seja minimamente suportável com esses setores: eles precisam ser
tratados como minorias políticas ao quebrar a tradição secular e até
sincretista (apesar dos pesares) que perdurou até hoje no Brasil. A
intolerância religiosa não faz parte da nossa cultura.
5 — A eleição do congresso mais conservador dos últimos tempos é o backlash
de Junho de 2013. Como esses jovens que representam a parte mais
“progressista” não se sentiram mais representados, prevaleceram os votos
conservadores, já que o próprio voto é algo que estava em questão entre
os movimentos. A desmotivação para a saída institucional-reformista e o
descrédito dos atores políticos acabou fazendo com que o espaço ficasse
à mercê dos piores. No Rio de Janeiro, “ninguém” venceu o segundo
turno, dada a insatisfação com o sistema político. Isso não é
responsabilidade dos que votaram nulo ou não votaram, mas da sociedade
como um todo que não ofereceu mais alternativas viáveis tanto na escolha
do candidato quanto em relação à credibilidade das instituições. O
ciclo aberto pelas manifestações, primeiro a pôr em questão o pacto
político da Nova República, manifesta o fim desse período adquirindo a
forma monstruosa e decadente que costumam ter esses momentos, da
oposição raivosa e redes de ódio ao governismo zumbi que
reproduz os próprios mecanismos que critica. Toda abertura carrega esse
risco, inclusive pela ocupação do espaço vazio de imponderabilidade
aberto por forças reativas e fundadas no medo do novo e da diferença.
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— Ficou uma lacuna política de alta relevância nesse espaço
não-ocupado. O PT não soube enxergar o potencial de 2013, perdeu a
chance de fazer política mais arrojada devido à miopia dos seus
dirigentes e acabou se agarrando aos velhos oligarcas e ao baixo clero
da política, que por sua vez ressuscitaram com o descrédito geral do
sistema. 2013 foi um daqueles momentos perdidos que não se recupera
mais. Vamos precisar aguardar um novo ciclo para poder chegar novamente
àquele instante. Nas disputas entre as ruas e o pemedebismo, o PT acabou
se convertendo definitivamente em um planeta mais do mesmo sistema. Mil
e uma razões levaram o Governo a não tomar a sério os ativistas de
2013, mas entre a militância governista, base social e discursiva que a
cada dia mais mingua, o principal motivo do afastamento das ruas foi o
ressentimento em relação ao mensalão. O PT não aceitou não ter gozado da
mesma imunidade dos demais. Com isso, criou-se uma perseguição
paranoica e confusa em relação a Joaquim Barbosa — primeiro juiz negro
na Suprema Corte que, meses antes, havia apontado o dedo para Gilmar
Mendes e dito que “ele não estava falando com seus capangas”
— e, mais tarde, se projetou sobre as próprias ruas, especialmente em
relação aos protestos contra a corrupção na segunda fase. A dificuldade
de entender a posição político-criminal de juízes como Barbosa e Moro é sintoma da pobreza fanática das teorias da conspiração.
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— Ao mesmo tempo, essa confusão propagada pelo governismo — banhada de
cinismo (todos roubam, mas só nós fomos punidos) — retirou o alicerce moral que
sustentava a esquerda. É preciso reconhecer que, a partir do Mensalão e
agora com maior destaque para o Petrolão, a esquerda ficou desmoralizada
e, apesar dos vícios que se repetem enfadonhamente como se nada tivesse
acontecido nesses doze anos, hoje boa parte dessa perplexidade se
expressa naqueles que trabalham o luto pelo fim de um projeto (numa
escala de variação enorme). O petismo significa mais que a adesão a um
partido: era o projeto de outro país, com outros valores que se
opusessem ao patrimonialismo, ao domínio das velhas oligarquias, à
desigualdade social e predação ambiental, à violação dos direitos
humanos, democracia de baixa intensidade e cinismo na política. Por
isso, a esquerda se acostumou a reivindicar superioridade moral sobre os
adversários, autoatribuindo-se uma condição de “esclarecida” em
detrimento do obscurantismo conservador. Hoje o bastão passou para a
direita, mesmo que também em alguma escala isso signifique hipocrisia. O
Petrolão desmoralizou as teorias da conspiração. Não dá para mais fazer
“vaquinha para o Dirceu”, a menos que se queira posar de otário mesmo. A
derrota ética é muito grave, confundiu os principais valores em jogo e
foi amplamente subestimada durante esse período. Falar, hoje, que alguém
não é petista por déficit educacional ou falta de informação pelo
bloqueio midiático é, convenhamos, cômico.
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— O vazio de lideranças não foi ocupado nem pelo PT, nem pelo PSOL (que
escolheu Luciana Genro, com forte teto de apoio, para representar o
partido em 2014), nem por Marina Silva. O PSOL preferiu manter a
identidade esquerdista e a atitude ambígua em relação ao PT, de um lado
radicalizando com um discurso que só é permeável à juventude
universitária de classe média, alguns movimentos sociais e a algumas
corporações que embarcaram no partido oriundas do PT a partir da Reforma
da Previdência; de outro lado, preferindo ocupar o papel de superego do
petismo que se mantém principista e eventualmente sustenta o apoio
crítico, deixando ao PT o “trabalho sujo” da Realpolitik. Marina Silva cometeu diversos equívocos que, como sustentei em vários textos,
acabaram provocando a erosão de parte do capital político acumulado,
ainda que a cena atual — dado o horror da conjuntura — possam acabar
virando novamente a balança na sua direção. Os movimentos, por sua vez,
encontram-se enredados nos próprios sectarismos e autofagia, às vezes mais “apaixonados pelas próprias ideias” que efetivamente comprometidos em disseminar afetos e ideias.
9
— Os efeitos de Junho se fazem sentir pela crise política que, para
além do estelionato eleitoral (fato gravíssimo), tem como camada mais
profunda entre seus estratos uma transição geracional que não tolera
mais o patrimonialismo como principal modo de fazer política no Brasil.
Isso supera a fratura direita e esquerda e permite ressignificar a ideia
de corrupção entre os protestos, tomando-os como estruturais, não
apenas antipetistas (ainda que essa tenha sido a tendência no domingo
passado, justamente mostrando que a insatisfação dos
manifestantes — apesar de dialogar com a indignação justa do resto da
sociedade — não é capaz de a expressar por inteiro, já que permanece
direcionada a único alvo). Evidente que há seletividade, mas a própria
pressão sobre Cunha (que, salvo uma manifestações aqui e acolá, não
esteve presente como emblema dos manifestantes) indica que há uma
fratura cada vez mais entre sociedade e Estado e que vai gradualmente
atingido a todo sistema político estruturado na cultura pemedebista. A
transição geracional na âmbito de outras instituições — como o Poder
Judiciário, a Defensoria Pública e o Ministério Público -, recentemente
lembrada em importantes textos de Joaquim Falcão e Marcos Nobre,
é um componente a mostrar que 2013 continua cozinhando em fogo baixo.
Talvez do ponto de vista institucional e olhando para o poder central o
que falte nesse momento não seja uma esquerda radical, mas uma saída de
centro que permita aproveitar as oportunidades abertas por Junho que
ainda estão ecoando, apesar das inúmeras tentativas de enterrar
2013 — sobretudo nas eleições passadas.
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— A saída da crise não parece ser a mesma para o sistema político e
para a esquerda. Para o sistema político, existe a alternativa de se
afundar definitivamente no lodaçal e construir uma governabilidade
mafiosa tendo Eduardo Cunha como líder com a expectativa de “corrigir” o
rumo nas próximas eleições a partir da vitória de um dos candidatos do
PSDB (Aécio ou Alckmin) ou até José Serra no PMDB. O risco que já está
sendo calculado é que esse processo se torne incontrolável e nos
afundemos no obscurantismo absoluto. Essa via caminha lado-a-lado com a estratégia zumbi que, por incrível que pareça, ainda é a tendência
do Planalto. A adoção da “Agência Brasil” chancelada em acordo com
Renan Calheiros, hoje o fiador da “esquerda”, indica que tudo aquilo que
era ruim no primeiro mandato será aprofundado. É comum dizer que a
“Agenda Brasil” é uma concessão, mas isso não é verdade: sempre esteve
na pauta neodesenvolvimentista de Dilma Rousseff o tipo de medidas que
está ali e exatamente por isso — e não por qualquer
“purismo” — formou-se uma cisão não-suturável na esquerda em torno do
projeto. Ou seja, no mérito o Governo Dilma nem sequer tem motivos para
divergir da Agenda Brasil, mas do ponto de vista político isso significa
que continuará se guiando pelas pautas oligárquicas (das novas e velhas
oligarquias), pelo projeto neodesenvolvimentista, repetindo a
estratégia zumbi como forma de se manter no Planalto. Pois, afinal de
contas, o que interessa é se manter no poder.
Do
ponto de vista do sistema político, abre-se espaço para a formação de
novos partidos como a Rede, #partidA e Raiz Movimento Cidadanista em
resposta à fisiologia dominante e o completo descrédito das velhas
organizações. Particularmente a Rede, por estar organizada há mais
tempo, carrega potencial de ingressar com força na cena política,
absorvendo descontentes do PT. Ao mesmo tempo, forma-se uma nova direita
mais orgânica e ideologizada, apoiada sobre ícones da Internet e com
posições menos ambíguas que o PSDB em relação ao liberalismo econômico. O
campo de disputa dessa nova direita — como mostram as disputas entre MBL e Revoltados Online — é se vai aderir a um liberalismo full ou
um liberal-fascismo, no qual se combina o mercado livre e desprezo
pelos direitos humanos. Essa nova direita surfa na crise dos governos
"progressistas" da América do Sul, na incapacidade de uma resposta
satisfatória ao dilema de "como sair do neoliberalismo" e na crise moral
do PT no Brasil.
11 — A
ameaça fundamentalista, no entanto, segue existindo. As vozes
descontentes das ruas ainda podem estar buscando um “salvador” e isso
não se confunde necessariamente com os tucanos. É preciso que os
partidos e respectivos programas partam para ofensiva: retirar as
alianças e financiamentos para fundamentalistas, recusar os pactos com o
diabo, enfrentar a pressão política e afirmar a laicidade (neutralidade
religiosa) do Estado contra a pretensão de estabelecer um modelo de
“família” ou que quer que seja com base em preceitos religiosos. Temos
uma multiplicidade e diversidade imensa de formas de lidar com o
espiritual no Brasil. É preciso ter confiança nesse enfrentamento,
porque, como já disse, a maior parte — a maioria absoluta — da população
não compartilha essa visão de mundo. É preciso que os governistas parem
de polarizar com esses parlamentares trazendo o partido, já que isso
solidariza a oposição com os fundamentalistas. É preciso que nossos
liberais — de direita, centro e de esquerda — saibam defender o estado
de direito contra as forças obscurantistas. E é preciso que o “fogo
amigo” saiba reconhecer que a prioridade agora é atacar as forças
inimigas, não os aliados que resvalam na linguagem ou não são tão
radicais e vanguardistas quanto se esperaria. Menos farisaísmo vai bem
para todos nós.
12
— Para a esquerda, a saída pode ser abandonar o governismo e a posição
ambivalente em relação ao PT e finalmente considerá-lo, como muitos já o
fazem, como uma força política “normalizada” que compõe a constelação
pemedebista e por isso faz parte do problema. Evidentemente, não é um
gesto simples, já que significa abrir mão de uma rede de longo alcance
gestada ao longo das últimas décadas e imediatamente insubstituível por
outra. Que, apesar de tudo, passou. O luto é difícil e mais difícil
ainda é buscar a reconstrução. Mas não há mais espaço político no
governo. A alternativa espanhola no “municipalismo” pode ser a via de
crescimento de uma alternativa forjada de modo descentralizado e
autônomo, recebendo a herança “participativa” do que foi o petismo em
cidades como Porto Alegre, por exemplo, até que a visão de José Dirceu
esmagasse todas as demais do partido e tornasse o poder central
determinante em todas as decisões políticas. As ocupações espalhadas
pelo Brasil inteiro já são um laboratório dessa experiência em
andamento. O desafio é construir narrativas que não fiquem atreladas
exclusivamente ao imaginário de esquerda e possam contagiar grupos para
além daqueles diretamente engajados, alastrando-se de forma viral sobre a
sociedade a partir do mal-estar com o sistema político como um todo e
dos projetos de desenvolvimento que atualmente estão sendo oferecidos,
em especial tomando-se a catástrofe climática que se avizinha como a
ameaça de uma “barbárie por vir”.
Fonte: Medium
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