PICICA: "Há uma dissonância interna no governo do PT que, por um lado, promoveu avanços sociais significativos e, por outro, mais recentemente, assumiu uma linha de austeridade em relação às políticas sociais dividindo o poder com as forças conservadoras. “O meu palpite é que Dilma
precisa desesperadamente da ordem, de uma gramática pobre e aritmética,
para conseguir entender e fazer as coisas. E não só aqui como em várias
outras ocasiões percebe-se que ela foi incapaz de lidar com o desejo
coletivamente considerado”, avalia Hugo Albuquerque, em entrevista por e-mail à IHU On-Line.
Nesse horizonte de obscuridade — diante do Congresso mais conservador desde 1964 e de emergência de promulgação de textos como os da Lei Antiterrorismo — a Nova Direita
ganha força. “A Nova Direita, que tem tendências mais conservadoras do
que liberais, faz exatamente isso se amparando nas paixões tristes: a
indignação com a violência, com a crise econômica, as frustrações pela
vida insuportável nas metrópoles, as neuroses causadas por uma vida
afetivamente (até mesmo sexualmente) desértica”, considera o
entrevistado. “Podemos, com efeito, ter algo mais violento do que a Ditadura Militar se não nos cuidarmos. Basta ver que Aécio e Alckmin foram hostilizados na manifestação do dia 13 de Março. Já Bolsonaro foi ovacionado”, destaca.
A crise institucional dos poderes levou o
Executivo e o Legislativo ao descrédito, ao passo que certos setores do
Judiciário assumiram uma posição déspota. “O Direito está sendo
transgredido na Lava Jato em todas as direções, seja na sua não aplicação para alguns ou na sua aplicação draconiana para outros. A Lava Jato, vista no cômputo geral, é marcada por uma clara violação da Isonomia”, descreve Hugo.
Em um arremedo histórico pouco criativo, o Brasil repete o passado
conservador, em que a “burocracia brasileira (do Judiciário, mas também
do Ministério Público e das polícias) ocupa o lugar do que poderia ter
sido uma guinada democratizante em 2013. O que veio é isso e isso é a violência do nada”, complementa."
A violência do nada. A Nova Direita e as paixões tristes. Entrevista especial com Hugo Albuquerque
"A Nova Direita, que tem
tendências mais conservadoras do que liberais, se ampara nas paixões
tristes: a indignação com a violência, com a crise econômica, as
frustrações pela vida insuportável nas metrópoles, as neuroses causadas
por uma vida afetivamente (até mesmo sexualmente) desértica etc", afirma
o jurista.
Foto: Senado Federal/ Flickr |
Nesse horizonte de obscuridade — diante do Congresso mais conservador desde 1964 e de emergência de promulgação de textos como os da Lei Antiterrorismo — a Nova Direita
ganha força. “A Nova Direita, que tem tendências mais conservadoras do
que liberais, faz exatamente isso se amparando nas paixões tristes: a
indignação com a violência, com a crise econômica, as frustrações pela
vida insuportável nas metrópoles, as neuroses causadas por uma vida
afetivamente (até mesmo sexualmente) desértica”, considera o
entrevistado. “Podemos, com efeito, ter algo mais violento do que a Ditadura Militar se não nos cuidarmos. Basta ver que Aécio e Alckmin foram hostilizados na manifestação do dia 13 de Março. Já Bolsonaro foi ovacionado”, destaca.
A crise institucional dos poderes levou o
Executivo e o Legislativo ao descrédito, ao passo que certos setores do
Judiciário assumiram uma posição déspota. “O Direito está sendo
transgredido na Lava Jato em todas as direções, seja na sua não aplicação para alguns ou na sua aplicação draconiana para outros. A Lava Jato, vista no cômputo geral, é marcada por uma clara violação da Isonomia”, descreve Hugo.
Em um arremedo histórico pouco criativo, o Brasil repete o passado
conservador, em que a “burocracia brasileira (do Judiciário, mas também
do Ministério Público e das polícias) ocupa o lugar do que poderia ter
sido uma guinada democratizante em 2013. O que veio é isso e isso é a violência do nada”, complementa.
Hugo Albuquerque é jurista e mestrando em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP.
Confira a entrevista.
Foto: pbs.twimg.com |
Hugo Albuquerque - Para começo de conversa, é preciso que nos perguntemos o que é a esquerda? Basicamente, é um campo político nascido do mundo deixado como legado pela Revolução Francesa,
que corresponde aos variados caminhos que servem à realização do desejo
de liberdade dos oprimidos, das minorias e dos inferiorizados.
Portanto, não existe “a Esquerda”, mas sim “as esquerdas” — e mesmo
quando empregamos o termo “a Esquerda” é preciso lembrar que falamos de
uma variedade de experiências e projetos modificadores. Isso ocorre em
contraposição à Direita, que pode variar dentro de
certas margens, mas sempre está dentro de um padrão, de uma métrica (que
é dos poderosos, por sinal) ou do Centro que é o espaço residual desse
confronto, seja por moderação ou oportunismo.
No Brasil, a modernidade política só vem com o andamento da República — e só aí nascem “as esquerdas brasileiras”, grosso modo ligadas ao anarcossindicalismo trazido pelos imigrantes italianos, mas depois tende também ao Comunismo no pior sentido da palavra, de Stalinismo [1] mesmo. E já dos fins dos anos 20 em diante, o maior adversário da Esquerda no nosso país está dentro dela mesma.
PT
A referência mais relevante para a esquerda brasileira, no bom e no mau sentido, é o PT,
um partido que passou por uma série de transformações em sua breve
existência: o PT nascente era uma Nova Esquerda, capaz de unir a pauta
clássica do socialismo (de propor uma transformação socioeconômica) com
pautas de gênero, raça e outras. Mas depois, vagamente, o PT se tornou
um partido social-democrata, em um primeiro momento mais radicalizado,
depois mais moderado. E a moderação ocorre no momento em que o PT funde o
elemento “socialista” com a tradição popular e nacionalista – que em um
país como o Brasil, uma ex-colônia de exploração não tem, nem poderia
ter, o mesmo significado que isso tem na Europa. É nesse momento que o
“povo” toma o lugar dos “trabalhadores” como chave para criar uma
sociedade plena, que o PT chega ao poder e consegue, bem ou mal,
produzir avanços sociais relevantes no país. Só que com o cobertor
curto, pois Lula não trabalhou pelo fortalecimento do
seu próprio Partido ou das instituições da sociedade civil, mas da
estruturação no plano do governo dos meios para efetivar as mudanças.
Guinada
A meu ver, o que cria a atual crise, profundíssima, por sinal, é a guinada que Dilma
resolve dar ao assumir o poder e, sobretudo, o erro crasso que ela
comete no segundo mandato. O que ela gostaria, de início, era efetivar
um plano grandioso, complexo e fundamentado na tecnocracia de Estado, o
qual daria vazão a um Capitalismo à moda oriental:
igualitário, mas disciplinar e hierárquico também. A partir daí não é
mais o caso de o governo ter assumido uma linha mais recuada ou dividir o
poder com outras forças (algumas até conservadoras), mas do próprio
núcleo político ter assumido uma linha estranha à tradição histórica da
esquerda (como se vê pela construção das usinas na Amazônia, o descaso
com os índios, uma ideia disciplinar policial etc.).
Opção pelo abismo
Só que no segundo mandato Dilma,
diante do fracasso de seu plano original, ela teria de ir ou para a
esquerda ou literalmente se jogar no abismo efetuando a política
defendida pelos seus rivais. E ela resolveu se jogar do abismo. Foi aí
que ela não só aprofunda a crise como ainda perde o apoio popular. Pior
do que Dilma ter aderido à política dos rivais foi que isso, ainda por cima, deu errado. Se as esquerdas aderiram em grande parte à Dilma no segundo turno de 2014, o fato é que ela recusou ser ao menos o “menos pior”,
implementando a agenda liberal, sem agradar os liberais, e criando mais
do que insatisfação, mas uma verdadeira confusão entre os setores de
esquerda, seja seu próprio partido ou as demais organizações e
movimentos de esquerda no país.
Nova esquerda
Mas mesmo essas esquerdas que recusam os
deslizes do atual governo, tampouco conseguem entender a complexidade
do momento atual. E aí 2013 [2] aparece como tensão e
paradoxo: é o atestado do esgotamento da esquerda clássica, mas ao mesmo
tempo o clamor por mudanças, liberdade etc., isto é, o chamado a uma nova esquerda. Ali, o PT,
mas também os demais partidos e organizações de esquerda, perderam uma
belíssima oportunidade de renovação, pois pensam tudo à base do grande
sujeito histórico e das ideias, não dos afetos, da simbologia e da
psicologia da multidão, o que é, aí sim, material. A Direita
não, ainda que de um jeito tosco, se renovou, e aprendeu a navegar
nessa maré, só que ela ainda não tem um plano que seja funcional e não
demande a hipertrofia policial e repressiva, o que pode ser usado por algum tempo, mas não por todo tempo – como se vê, sobretudo, em governos estaduais do PSDB como em São Paulo, Paraná e Goiás.
“A Nova Direita se ampara nas paixões tristes” |
IHU On-Line - É possível
inscrever ao debate uma ideia de nova esquerda? O que a sustenta –
sustentaria? E a nova direita, o que é e como se inscreve no cenário
político nacional?
Hugo Albuquerque - A Nova Esquerda, em sentido próprio, é aquela que nasce no pós-1968, [3] para muito além da dicotomia entre reforma e revolução, absorvendo as pautas raciais, de gênero, ambientais etc. — como o PT fazia no seu nascimento e muito mais tardiamente se viu na Europa com Syriza [4] e Podemos. [5]
O PT, contudo, transubstanciou-se em
algo difícil de reconhecer. Se você pensa em uma nova esquerda no
sentido genérico, algo que substitua as esquerdas existentes no nosso
país, sejam as organizações de esquerda ou mesmo o modo de fazer
política recorrente, ela precisaria não procurar um sujeito histórico e
ou social para se assentar, mas sim um fluxo, a escala de paixões
positivas em escala coletiva.
A Nova Direita, que tem
tendências mais conservadoras do que liberais, faz exatamente isso se
amparando nas paixões tristes: a indignação com a violência, com a crise
econômica, as frustrações pela vida insuportável nas metrópoles, as
neuroses causadas por uma vida afetivamente (até mesmo sexualmente)
desértica etc.
A Nova Direita, embora
não tenha um plano funcional ainda, sabe como surfar nessa onda: ela não
procura um sujeito histórico, uma essencialidade, uma identidade. As
esquerdas anseiam em procurar algo sólido, quem sabe uma tábua de
salvação, para se amparar justamente porque não aceitam que houve um
naufrágio e o que elas têm de fazer agora é nadar, pois só há água em
volta.
IHU On-Line - Como é possível
compreender a ideia de fim de ciclo da esquerda latino-americana? Como
se insere o Brasil nesse contexto?
Hugo Albuquerque - As experiências de esquerda surgidas na América Latina na oposição ao Neoliberalismo
nos anos 1990, que se tornaram os governos populares dos anos 2000, se
estruturaram em dois polos que, eventualmente, podem entrar em
curto-circuito: como o cruzamento de uma multiplicidade multitudinária e
uma direção vertical, personalista e carismática, com uma estrutura
burocrática de fundo.
No poder, houve um primeiro momento de
ganhos socioeconômicos, mas um segundo momento de crise e esgotamento.
Por quê? Por um fator interno que vira dois: a primeira com a liderança
vertical que se desconecta da base horizontal pelos vícios do poder; a
outra, econômica, que foi a incapacidade de pensar uma nova economia,
sustentável, criativa e colaborativa, fazendo esses governos caírem na
fórmula do Capitalismo de Estado gerindo uma produção do valor ligada ao extrativismo mineral (e também dos hidrocarbonetos).
Há o fator externo: com a eleição do simpático Obama, os países passaram a enfrentar uma oposição mais forte dos EUA,
sobretudo porque ele trabalha no diapasão de diminuir o preço desses
produtos primários, sobretudo do petróleo, para bancar a recuperação da
economia americana. Isso acerta em cheio os governos latino-americanos,
que passaram a apostar no ganho rápido e fácil via extrativismo.
Não é uma questão objetiva, de preços
mais altos ou mais baixos das “commodities”, mas de como esses governos
erraram em atrelarem suas economias a tais preços, que são variáveis,
afinal de contas, pouco ou nada controlam! Em vez disso, eles poderiam
ter valorizado sua verdadeira riqueza: as sociedades mais fortes e
pujantes que eles ajudaram a produzir, as quais poderiam ser a base de
um novo modo de vida.
IHU On-Line - Gostaria que o
senhor explicasse o que é a “ascensão da classe sem nome”. Que
personagens são esses e qual o seu papel na última década no cenário
político do Brasil?
Hugo Albuquerque - A Ascensão Selvagem da Classe sem Nome corresponde à minha hipótese para o processo de transformação da composição de classe no Brasil ocorrido no governo Lula.
“Classe sem Nome” corresponde à nova classe surgida do empoderamento
das minorias na última década, o que equivale não a uma classe
antagônica, mas a uma anticlasse: um complexo multitudinário
feito de trabalhadores, mulheres, negros, homossexuais etc. que
passaram a se sentir autorizados a desejar e romperam com qualquer
esquematismo de classe, seja o brasileiro tradicional – fortemente
assentado em nossa tradição escravagista e colonial – ou qualquer outro
que se possa projetar, tanto por concepções liberais quanto socialistas.
Tal processo de avanço é uma “ascensão
selvagem”, porque não é marcado por uma sistemática civilizada ou
civilizatória, mas ao contrário: está liberta de imediato das amarras
obrigacionais, estamentais e estatutárias e avança de forma pouco
rogada, o que causa escândalo na elite e nas classes médias tradicionais
— que consistem não apenas em um conceito socioeconômico, mas também
possuem um claro recorte racial e de gênero em nosso país.
Devir
Tal processo é um devir, é um movimento
intensivo e transformador, não é um movimento ideal ou tampouco
mecânico. Tanto que os setores esclarecidos buscaram a todo modo
nomeá-lo, o que equivale a um processo de redução por definição: nova
classe média, classe C, classe média trabalhadora. E por quê? Porque dar
um nome permite que algo ou alguém seja objeto de uma ordem ou um
regime normativo. O processo de nomeação é antes de descritivo, prescritivo.
Pode parecer chocante, e até indigno,
falar que essa “classe” é “sem nome”, mas é justamente por não o ter que
ela pode ser livre, ou consideravelmente mais livre, do que os grupos
que a compõem eram antes ou podem ser no futuro.
Um exemplo é o filme “Que Horas Ela Volta?”,
no qual a filha da empregada doméstica não se comporta como a mãe
perante os patrões, ela simplesmente está fora do complexo de paixões
tristes que faz sua mãe se comportar de maneira submissa — e isso causa
medo e escândalo, embora seja muito sutil, pois o senhor só pode sê-lo
caso o escravo se comporte perante ele como tal.
Ironicamente, o projeto petista, que pariu esse fenômeno, procurou, sobretudo em Dilma, enquadrá-lo, nomeá-lo e submetê-lo — quem sabe na forma de “uma nova classe média”. Por quê? O meu palpite é que Dilma
precisa desesperadamente da ordem, de uma gramática pobre e aritmética,
para conseguir entender e fazer as coisas. E não só aqui como em várias
outras ocasiões percebe-se que ela foi incapaz de lidar com o desejo
coletivamente considerado.
A classe sem nome é um ser angelical, mas é um ser desejante. Dilma
se comporta diante dela como se fosse o Dr. Frankenstein perseguindo o
monstro que ele criou: o problema não está em ter criado vida, mas vida
desejante, vida não sujeita imediatamente à sua vontade e aos seus
desígnios.
Tal desarranjo é, infelizmente, um velho
problema da tradição socialista: não se adaptar às transformações que
ela própria dá origem — coisa que Marx [6] já alertava
até pela natureza de seu pensamento, mas que foi ignorado ou
mal-entendido por muitos de seus discípulos e adeptos.
Mas o ato de Dilma
abriu um flanco importante não para que ela, mas para que a Direita
consiga enquadrar a Classe Nome, fazendo-a perder o ânimo e se
resignando na exata mesma ordem de sempre: “aprendendo a lição”, isto é,
voltando de cabeça baixa para a senzala. Acaso não somos a sociedade na
qual é de bom tom “saber o seu lugar”?
“O meu palpite é que Dilma precisa desesperadamente da ordem” |
IHU On-Line - Quais transformações – avanços e recuos – são possíveis projetar para a próxima década?
Hugo Albuquerque - A vontade da Direita, por força das necessidades do Capital,
é recapitalizar essa riqueza (objetiva, mas sobretudo afetiva) para
alimentar não só o capitalismo global como, sobretudo, para que nossa
elite sobreviva à atual conjuntura. Em português claro: querem (e vão
tentar!) arrancar o que foi conquistado nos últimos anos.
A transferência de renda e o combate às
desigualdades no nosso país foi apenas razoável do ponto de vista
objetivo, muito menor do que ocorreu na Argentina no
mesmo período, mas ele foi muito relevante do ponto de vista desejante:
em um país com a tradição do Brasil, as pessoas passarem a se ver como
gente, a pararem de se comportar como se fossem escravas, é um grande
avanço. Mas o grande plano, expresso em excrescências como a Agenda Brasil [7] é o oposto: restaurar a velha ordem.
Agora, vejamos as revoltas estudantis de São Paulo contra o fechamento de escolas, em um movimento determinado pelo governo Alckmin: [8] elas provam algumas coisas importantes e que em sua contraposição, formam um paradoxo;
(1) por um lado, a Classe sem Nome
não dispõe de instituições políticas capazes de dar conta do tranco a
priori, nem tem uma reserva capaz de resistir com força a políticas de “ajuste” que correspondem a tal processo de inverter o processo de inclusão e diminuição gradual das desigualdades, mas
(2) existe sim a capacidade de ação
coletiva quando as coisas ultrapassam um certo limite (como, no caso em
questão, aumentar a precarização da Educação Pública), ao menos uma
potência de resistência e de resposta diante do descalabro.
Movimentos e repressão
A partir daí, existe a tensão dos movimentos nas ruas e a repressão de Estado. Essa será uma tônica. Existe uma reorganização Neoliberal já em curso no segundo governo de Dilma,
e não se sabe a razão dessa fantástica capitulação, mas sabemos como
funciona o que agora é o grande consenso da política brasileira:
reverter, mediante asfixia econômica, as mudanças diretas ou colaterais
dos últimos anos. E que haverá tensão.
Mas os governos puramente neoliberais, como vemos em São Paulo, Paraná e Goiás,
não estão conseguindo, como era de supor, realizar esse movimento de
restauração pacificamente, então o que vemos são revoltas mais ou menos
organizadas sendo reprimidas pela política com muita dureza; apanham
professores, estudantes, torcidas organizadas que ousam protestar etc.
O Neoliberalismo tupiniquim
tem um projeto de poder, ou quem sabe até um bom roteiro para o golpe.
Então ele vai apelar para a repressão ao passo que, literalmente,
deprime as pessoas, sobretudo o que eu chamo de Classe sem Nome — que volta a ter nome, vira o pobre, a puta, o bicha, o preto —, só que tanto uma coisa quanto a outra tem limites. Mesmo Thatcher
[9] precisou encontrar um jeito, via popularização das finanças. Sem
gerar um impulso positivo, mesmo que falso, o abismo está logo ali.
Composição
A tentativa bisonha de composição de Dilma com a direita ou um eventual governo Aécio
[10] estarão diante dessa armadilha. E isso pode inclinar o Brasil numa
direção fascista ou justificar uma saída bufa e tragicômica da
extrema-direita ou da direita populista apoiada pelo grande capital
nacional e até o capital internacional: mas sobretudo uma saída que não
tenha maiores dores na consciência de reprimir para valer e não tenha
compromisso algum com a Ordem de 1988, mesmo ponderando suas enormes limitações. Podemos, com efeito, ter algo mais violento do que a Ditadura Militar se não nos cuidarmos. Basta ver que Aécio e Alckmin foram hostilizados na manifestação do dia 13 de Março. Já Bolsonaro foi ovacionado.
IHU On-Line - De que forma a
lógica financeirista do capital, bem ao estilo neoliberal, se associa a
um governo dito de esquerda, como o do PT? Qual o peso dessa associação
no que podemos chamar de “crise da esquerda”?
Hugo Albuquerque - É preciso diferenciar o Neoliberalismo do tipo de Capitalismo
no qual estamos inseridos. Tanto o Capitalismo fordista e de Estado
quanto o Socialismo Burocrático faliram, mas só o Capitalismo conseguiu
transmutar para outra coisa. Nós conhecemos essa “outra coisa” pelo nome
de "Neoliberalismo", o que é reducionista: o Neoliberalismo é apenas uma arte de governo que se adéqua ao Capitalismo Cognitivo, para usar aqui uma terminologia Negri-Hardtiana,
[11] isto é, um regime fundado na exploração sistemática do valor da
produção, mas cuja formação do valor correspondendo a conceitos e
abstrações — o velho exemplo de que a marca de um óculos vale mais do
que óculos em si.
As próprias “finanças” e a “mídia”
entram aí, uma vez que são elementos imateriais, ou melhor, abstratos.
Não é que não haja mais agricultura, exploração do solo ou indústria,
mas sim que aquilo que organiza a produção de um modo geral é a produção
cognitiva — de marcas, mas também de conceitos como design ou projetos
ou a própria questão da comunicação. Pois bem, nem o PT
nem nenhuma experiência do nosso tempo conseguiu acabar com isso. Por
que não? Por falta de imaginação, de análise, mas também pelo singelo
motivo que é ilusório supor que alguém pode sair imediatamente disso.
Economia
A minha crítica não é que o PT
não fez um milagre para em 12 anos ter saído disso, mas que ele fez o
caminho para se afundar mais ainda. Ele reprimarizou a economia para
ficar nessa história de extrativismo mineral, monocultura agropecuária
etc., que é a soleira do Capitalismo Cognitivo. Ele aceitou esse lugar na divisão global trabalho — e pior, precificou boa parte da economia nisso.
Há dois momentos em que o PT, contudo, flerta com o Neoliberalismo: medianamente, logo com a entrada de Lula durante o período de Palocci [12] na Fazenda (janeiro de 2003 a março de 2006) e depois, de maneira mais ampla, com Dilma no segundo mandato (janeiro de 2015 até agora). Mas é precisamente esse segundo período que precisamos olhar.
No meio tempo disso, houve uma tentativa
de superar o Neoliberalismo via política desenvolvimentista de Estado, o
que aparentemente não é capaz de mudar o problema que não é o acessório
(o Neoliberalismo como poderia ser também o Neoconservadorismo), mas o
substantivo (o Capitalismo Cognitivo).
De todo modo, Dilma
governa no segundo mandato fazendo exatamente o oposto do que apregoava
na campanha. O que levou a isso, salvo que se prove o contrário, foi um
tipo de movimento de composição de forças. Dilma sentiu
que sua vitória foi uma espécie de derrota moral — o que é um equívoco,
presidentes americanos são eleitos com margens normalmente muito
pequenas, nem por isso deixam de governar — e ela resolveu, inclusive
sob os conselhos de Lula, fazer uma espécie de conciliação nacional. Mas deu com os burros n’água, pois ela tinha total razão na campanha: a política econômica que os dois principais adversários dela propunham não era viável. E Dilma descobriu aplicando.
Porque a combinação de uma agenda neoliberal, de entrega de tudo para os agentes de mercado e para os bancos, com uma economia
fechada no extrativismo, em tempos de crise, só pode dar errado. E pior
que o efeito psicológico disso para ela e seus eleitores é enorme:
prometeu uma coisa e entregou o inverso, mas a partir daí, o que já não
ia tão bem, deu errado. Muito errado.
“As esquerdas brasileiras nunca entenderam a nova função que as metrópoles passaram a ter” |
IHU On-Line - Em que momento a
esquerda brasileira, em especial do PT, se torna inábil para entender os
movimentos sociais, em específico os da Metrópole?
Hugo Albuquerque - As esquerdas brasileiras nunca entenderam a nova função que as metrópoles passaram a ter. Jamais. Para tanto, seria preciso compreender as modificações pelas quais o Capitalismo passou dos anos 1970 em diante no máximo alguns sintomas evidentes são compreendidos.
Nesse sentido, os próprios movimentos sociais
perdem um pouco do bonde da História, por igualmente desentenderem as
novas dinâmicas produtivas, ao mesmo tempo que, ainda por cima, são
deixados de lado pelo PT — que adere à narrativa de burocratas de Estado
e suas planilhas que nada explicam.
Quando isso aconteceu? Em parte, com Lula
no governo, criando o dualismo “Governo” e “Partido” — mas o segundo
polo englobava os demais elementos, desde os movimentos sociais às ONG’s
etc. — e, em parte, com Dilma e sua estratégia que se
assenta na função transcendente da tecnocracia de Estado, mais
especificamente àquela fração correspondente à Administração Pública, ao
Executivo Federal.
A partir daí os movimentos sociais passaram a ser vistos como um elemento irracional e inconstante. Não chega a ser como para o PSDB e para a direita brasileira de um modo geral, para os quais os movimentos são inimigos no sentido schmittiano,
[13] mas agora ocorre uma dada incompreensão que levou o governo a ora
desconsiderar os movimentos, ora reprimi-los — forrando a cama para
Direita a partir de 2013, quando o PT fortaleceu o aparato repressor do
Estado, o mesmo que hoje, ironicamente, está se voltando contra ele.
Isso não é incomum na história das esquerdas. A social-democracia
alemã nos anos 1920 cometeu um erro muito parecido. Eu já tinha dito há
pouco mais de dois anos e, infelizmente, de lá para cá isso tem se
confirmado com uma rapidez impressionante. E Junho de 2013 foi um Maio de 1968
brasileiro num contexto que não é bem de guerra, mas estava longe de
ser de bem-estar. Eu alertei para esses riscos há dois anos também, sem
querer ser Cassandra...
IHU On-Line - O que o atual
momento político do Brasil revela — e atualiza — sobre a velha lógica
dualística da Casa Grande X Senzala? Em que medida o PT segue fazendo a
leitura do momento político de hoje através dessa dualidade?
Hugo Albuquerque - Há uma relação entre Casa Grande (o espaço de glória e aclamação, o lócus econômico propriamente dito no qual habitam os senhores e seus protegidos) e a Senzala (o espaço de danação) semelhante ao que há entre o sagrado e o profano
no Barroco. Essa polaridade ajuda bastante a explicar o Brasil. São
duas coisas aparentemente contraditórias que, contudo, compõem um mesmo
plano ambivalente. A saída disso é a fuga desse espaço. Seja a
constituição do lócus comum da Vila ou da cidade ou a saída radical para
o Quilombo — e a cidade, hoje o espaço urbano, sempre esteve estrangulado no Brasil, seja pela Casa Grande
ou suas projeções pós-modernas como os Condomínios; assim como a favela
é parcialmente o quilombo, sem ignorar que ainda existem quilombos no
Brasil.
O PT sempre teve
dificuldade — o que é um problema brasileiro, mas também da experiência
socialista — em entender que a saída para os trabalhadores é
precisamente se libertarem do trabalho em si mesmo e não o tornar
bonitinho. No caso do Brasil, no qual a noção de trabalho está permeada
por reminiscências da escravidão, do passado colonial, do autoritarismo,
essa falha se acentua. Um pouco do fenômeno da Ascensão Selvagem é isso: o desligamento, em escala coletiva, do dispositivo desejante que permitia essa polaridade. Mas a Casa Grande
está reagindo e, convenhamos, foi muito hábil ao apostar todas as suas
fichas. Como disse, haverá um esforço enorme para fazer a senzala voltar
a funcionar como tal.
IHU On-Line - Como interpreta os
últimos acontecimentos da operação Lava Jato? De que forma é possível
compreender os interesses que estão em jogo?
Hugo Albuquerque - A Lava Jato é uma operação da ordem da Glasnost [14] na antiga União Soviética ou da Operação Mãos Limpas
[15] na Itália: são movimentos justiceiros, comandos por frações da
burocracia de Estado que, diante de uma crise grave institucional, usam
de seus cargos para salvarem o seu quinhão que é autorreferente: se
manterem onde estão a qualquer custo.
A finalidade da burocracia é
simplesmente ficar onde está, isso sempre consiste em um gesto débil e
vazio que precisa ser preenchido por outros interesses naturalmente de
outros setores.
Na União Soviética, isso resultou no fim do país e na eleição de um ser tragicômico como Iéltsin, [16] que levou o país a um Capitalismo árido e violentíssimo; já na Itália, deu na ópera bufa comandada por Berlusconi. [17]
No caso dos últimos eventos, goste-se ou não de Lula, o fato é que houve uma inequívoca arbitrariedade na condução coercitiva do ex-presidente. Como a antológica denúncia dos promotores que confundiram Engels [18] com Hegel [19] também é um absurdo na forma e no conteúdo. Não estou dizendo que Lula
não possa ser investigado, mas ele, como qualquer cidadão, deve ser
investigado com isenção, não é possível surgirem juízes ou promotores
com teses políticas prontas.
Cereja do bolo
Isso tudo, aliás, é só a cereja do bolo
de uma série de erros na operação, seja de prisões arbitrárias, usos
indevidos do mecanismo da delação premiada, dentre outros. Muitos amigos
meus argumentam que diante das omissões — e também ações! — do governo
petista em relação aos direitos e garantias constitucionais nos últimos
tempos, não seria o caso de “se solidarizar” com Lula. Mas não é um caso de solidariedade, nem de deixar de criticar o PT
por isso, mas sim de não permitir que esse tipo de relação de poder se
desenvolva na nossa sociedade, seja contra quem for ou venha não importa
de quem.
Lula
É preciso frisar que no caso de Lula existe uma singularidade da Lava Jato em relação à Glasnost ou à Operação Mãos Limpas
que é o fato de, para realizar seu fim, ser necessário destruir uma
figura política ainda proeminente, coisa que não havia nem na União Soviética, nem da Itália dos anos 1980. E quem duvida da politização da Lava Jato,
por favor, me encontre uma explicação plausível para tantos políticos
da oposição, citados tantas e tantas vezes em depoimentos, não terem
sido sequer investigados.
Em suma, o Direito está sendo transgredido na Lava Jato em todas as direções, seja na sua não aplicação para alguns ou na sua aplicação draconiana para outros. A Lava Jato,
vista no cômputo geral, é marcada por uma clara violação da Isonomia,
isto é, a Igualdade perante a Lei, o que é o desperdício de uma grande
oportunidade histórica. Aplicasse o Direito de maneira precisa e
proporcional, sendo ainda igual com todos, a Lava Jato poderia estar
cumprindo um papel importante, mas é ingênuo supor que ela poderia
existir nesses termos.
“O Direito está sendo transgredido na Lava Jato em todas as direções, seja na sua não aplicação para alguns ou na sua aplicação draconiana para outros” |
IHU On-Line - Quem são os atores desse cenário de operação Lava Jato? Como analisa seus movimentos?
Hugo Albuquerque - Na Lava Jato converge um punitivismo
próprio à cultura brasileira — e também às esquerdas brasileiras, salvo
raríssimas e honrosas exceções — e arrisco em dizer, próprio da
cultural ocidental; isso consiste na ideia que a solução desconhecida de
um problema notório só pode ser o castigo de qualquer um. A partir daí
se ignoram interesses nacionais e estrangeiros que veem na operação um
meio de desmontar a atual forma de gestão da Petrobras e
do setor de infraestrutura do Brasil — e junto desses setores,
obviamente, a oposição, que vê na oportunidade um meio de voltar ao
poder, seja pelas urnas ou não.
O primeiro ponto corresponde ao fator subjetivo de legitimação da Lava Jato,
o segundo, os fatores objetivos. Desmontando essa fortaleza, esses
agentes imaginam poder ocupar esse espaço, pois no mercado, tal e qual
na política, não há a menor possibilidade de espaços ficarem “vazios
para sempre”.
O resultado prático da Lava Jato
é um movimento de terra arrasada até que alguém, corretamente ou não,
lhe dê fim, lhe freie. Isso pode ocorrer tanto por alguém honesto que
obrigue a operação a funcionar devidamente ou por alguém desonesto que
faça isso da maneira errada.
Do ponto de vista objetivo, o resultado
da operação se destina ao desarranjo do sistema político e à abertura de
espaço para o nosso Berlusconi ou nosso Yeltsin:
só uma figura ao mesmo tempo vinculada com o mercado (isto é, o
oligopólio capitalista) e com um carisma quase cômico poderia suprir
esse espaço. Mas pode ser que seja algo ou alguém pior. Um Bolsonaro mesmo.
Como constituir algo além disso é a questão. O fato é que esse movimento da burocracia brasileira (do Judiciário, mas também do Ministério Público e das polícias) ocupa o lugar do que poderia ter sido uma guinada democratizante em 2013. Ela não veio, pelos vários fatores elencados. O que veio é isso e isso é a violência do nada.
IHU On-Line - Deseja acrescentar algo?
Hugo Albuquerque - Acho que a manifestação de 13 de março
deixa tudo claro: existe uma insatisfação generalizada, mas que é
diferente, sempre foi diferente e só poderia ser diferente. Um é
daqueles que enxergam nessa situação uma oportunidade de engolir os
direitos, fazer um movimento de restauração do velho regime. O outro
daqueles que não fazem panelaço e não foram às ruas, mas estão
desamparados, talvez estejam pagando mais caro ainda a conta — e há quem
queira que eles paguem mais ainda.
O único modo de os setores democráticos
sobreviverem é conectar com o segundo grupo, encarar seus problemas e
operar nas suas demandas. É preciso apresentar soluções e clivar esse
enorme movimento, no qual muita gente é levada a agir ou se omitir
contra seus próprios interesses objetivos (não seria esse o mistério da
política segundo La Boétie, [20] Spinoza [21] e tantos outros?). É preciso assumir uma agenda positiva. Sigamos o vaticínio do Adivinho de Julio Cesar de Shakespeare [22]: Acautelai-vos com os Idos de Março — mas sem perder a ofensiva.
Por João Vitor Santos | Edição Ricardo Machado
Notas:
[1] Josef Stalin
(1878-1953): ditador soviético, líder máximo da URSS de 1924 a 1953 e
responsável pela condução de uma política nomeada como stalinismo.
Chegou a estudar em um colégio religioso de Tbilisi, capital georgiana,
para satisfazer os anseios de sua mãe, que queria vê-lo seminarista. Mas
logo acabou enveredando pelas atividades revolucionárias contra o
regime czarista. Passou anos na prisão e, quando libertado, aliou-se a
Vladimir Lenin e outros camaradas, que planejavam a Revolução Russa.
Stalin ocupou o posto de Secretário-geral do Partido Comunista da União
Soviética entre 1922 e 1953 e, por conseguinte, o de chefe de Estado da
URSS durante cerca de um quarto de século. Sobre Stalin, confira a
entrevista concedida pelo historiador brasileiro Ângelo Segrillo à
edição 265 da IHU On-Line, Nazismo: a legitimação da irracionalidade e da barbárie, analisando a obra Prezado Sr. Stalin (Rio de Janeiro: Zahar, 2008), de autoria de Susan Butler. (Nota da IHU On-Line)
[2] Jornadas de Junho:
Os protestos no Brasil em 2013 foram várias manifestações populares por
todo o país que inicialmente surgiram para contestar os aumentos nas
tarifas de transporte público,principalmente nas principais capitais. Em
seu ápice, milhões de brasileiros estavam nas ruas protestando não
apenas pela redução das tarifas e a violência policial, mas também por
uma grande variedade de temas como os gastos públicos em grandes eventos
esportivos internacionais, a má qualidade dos serviços públicos e a
indignação com a corrupção política em geral. Os protestos geraram
grande repercussão nacional e internacional. A edição 191 do Cadernos
IHU Ideias, #Vemprárua. Outono Brasileiro?, traz uma série de entrevista sobre o tema. (Nota da IHU On-Line)
[3] Maio de 1968: sobre o tema confira a edição 250 da Revista IHU On-Line, de 10-03-2008, intitulada Maio de 1968: 40 anos depois. (Nota da IHU On-Line)
[4] SYRIZA: (Em português, Coligação da Esquerda Radical; em grego, Συνασπισμός Ριζοσπαστικής Αριστεράς, Synaspismós Rizospastikís Aristerás, abreviado SYRIZA) é um partido político de esquerda da Grécia, surgindo num momento de reestruturação da esquerda no mundo. Foi fundado em 2004 como uma aliança eleitoral de 13 partidos e organizações de esquerda, tendo como componente principal o partido Synaspismós (Em português, Coligação de Movimentos de Esquerda e Ecológicos- SYN; em grego Συνασπισμός της Αριστεράς των Κινημάτων και της Οικολογίας, Synaspismos tis Aristerás tu Kinīmátōn kai tis Oikologías). Em maio de 2012, o SYRIZA apresentou-se como um único partido. Vitorioso na eleição de janeiro de 2015, o líder do Syriza, Alexis Tsipras, foi empossado como primeiro-ministro para dirigir o novo governo da Grécia, viabilizando um governo de coalizão com o partido nacionalista conservador, Gregos Independentes. (Nota da IHU On-Line)
[4] SYRIZA: (Em português, Coligação da Esquerda Radical; em grego, Συνασπισμός Ριζοσπαστικής Αριστεράς, Synaspismós Rizospastikís Aristerás, abreviado SYRIZA) é um partido político de esquerda da Grécia, surgindo num momento de reestruturação da esquerda no mundo. Foi fundado em 2004 como uma aliança eleitoral de 13 partidos e organizações de esquerda, tendo como componente principal o partido Synaspismós (Em português, Coligação de Movimentos de Esquerda e Ecológicos- SYN; em grego Συνασπισμός της Αριστεράς των Κινημάτων και της Οικολογίας, Synaspismos tis Aristerás tu Kinīmátōn kai tis Oikologías). Em maio de 2012, o SYRIZA apresentou-se como um único partido. Vitorioso na eleição de janeiro de 2015, o líder do Syriza, Alexis Tsipras, foi empossado como primeiro-ministro para dirigir o novo governo da Grécia, viabilizando um governo de coalizão com o partido nacionalista conservador, Gregos Independentes. (Nota da IHU On-Line)
[5] Podemos:
partido político espanhol que foi fundado em 2014, fortemente
influenciado pelas ideias do movimento 15M. Um de seus principais
representantes é Pablo Iglesias Turrión. Surge num momento de
reestruturação da esquerda no mundo. Atualmente, é o favorito para
eleição presidencial na Espanha. (Nota da IHU On-Line)
[6] Karl Marx
(Karl Heinrich Marx, 1818-1883): filósofo, cientista social,
economista, historiador e revolucionário alemão, um dos pensadores que
exerceram maior influência sobre o pensamento social e sobre os destinos
da humanidade no século XX. Leia a edição número 41 dos Cadernos IHU
Ideias, de autoria de Leda Maria Paulani, tem como título A (anti)filosofia de Karl Marx. Também sobre o autor, confira a edição número 278 da IHU On-Line, de 20-10-2008, intitulada A financeirização do mundo e sua crise. Uma leitura a partir de Marx. Leia, igualmente, a entrevista Marx: os homens não são o que pensam e desejam, mas o que fazem,
concedida por Pedro de Alcântara Figueira à edição 327 da IHU On-Line,
de 03-05-2010. A IHU On-Line preparou uma edição especial sobre
desigualdade inspirada no livro de Thomas Piketty O Capital no Século XXI, que retoma o argumento central da obra de Marx O Capital. (Nota da IHU On-Line)
[7] Agenda Brasil:
Agenda de medidas proposta pelo presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), como uma forma de retomar o crescimento econômico e de
realizar reformas necessárias para que o Brasil supere a crise. (Nota da
IHU On-Line)
[8] Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho (1952): é um médico e político brasileiro, filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB e atual governador de São Paulo, cargo que ocupa pela quarta vez. (Nota da IHU On-Line)
[8] Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho (1952): é um médico e político brasileiro, filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB e atual governador de São Paulo, cargo que ocupa pela quarta vez. (Nota da IHU On-Line)
[9] Margaret Hilda Thatcher (1925): política britânica, primeira-ministra de 1979 a 1990. (Nota da IHU On-Line)
[10] Aécio Neves da Cunha (1960): é um economista e político brasileiro, filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB. Foi o décimo sétimo governador de Minas Gerais entre 1º de janeiro de 2003 a 31 de março de 2010, sendo senador da República pelo mesmo estado desde então. (Nota da IHU On-Line)
[11] Antonio Negri (1933): filósofo político e moral italiano. Durante a adolescência, foi militante da Juventude Italiana de Ação Católica, como Umberto Eco e outros intelectuais italianos. Em 2000 publicou o livro-manifesto Império (5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2003), com Michael Hardt. Em seguida, publicou Multidão. Guerra e democracia na era do império (Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2005), também com Michael Hardt – sobre esta obra, publicamos um artigo de Marco Bascetta na 125ª edição da IHU On-Line, de 29-11-2004. O último livro da “trilogia” entre os dois autores Commonwealth (USA: First harvaard University Press paperback, 2011), ainda não foi publicado em português. (Nota da IHU On-Line) (Nota da IHU On-Line) / Michael Hardt (1960): téorico literário americano e filósofo político radicado na Universidade de Duke. Com Antonio Negri escreveu os livros internacionalmente famosos Império (5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2003) e Multidão. Guerra e democracia na era do império (Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2005). (Nota da IHU On-Line)
[10] Aécio Neves da Cunha (1960): é um economista e político brasileiro, filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB. Foi o décimo sétimo governador de Minas Gerais entre 1º de janeiro de 2003 a 31 de março de 2010, sendo senador da República pelo mesmo estado desde então. (Nota da IHU On-Line)
[11] Antonio Negri (1933): filósofo político e moral italiano. Durante a adolescência, foi militante da Juventude Italiana de Ação Católica, como Umberto Eco e outros intelectuais italianos. Em 2000 publicou o livro-manifesto Império (5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2003), com Michael Hardt. Em seguida, publicou Multidão. Guerra e democracia na era do império (Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2005), também com Michael Hardt – sobre esta obra, publicamos um artigo de Marco Bascetta na 125ª edição da IHU On-Line, de 29-11-2004. O último livro da “trilogia” entre os dois autores Commonwealth (USA: First harvaard University Press paperback, 2011), ainda não foi publicado em português. (Nota da IHU On-Line) (Nota da IHU On-Line) / Michael Hardt (1960): téorico literário americano e filósofo político radicado na Universidade de Duke. Com Antonio Negri escreveu os livros internacionalmente famosos Império (5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2003) e Multidão. Guerra e democracia na era do império (Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2005). (Nota da IHU On-Line)
[12] Antonio Palocci Filho
(1960): político e médico brasileiro, membro do Partido dos
Trabalhadores, nacionalmente famoso por ter ocupado o cargo de ministro
da Fazenda no governo Lula até 27 de março de 2006, quando foi
substituído pelo então presidente do BNDES, Guido Mantega. Exerceu,
desde 1 de janeiro até 7 de junho de 2011, o cargo de Ministro-chefe da
Casa Civil do Brasil, escolhido pela Presidente Dilma Rousseff, onde
pediu demissão por denúncias de improbidade administrativa das quais ele
foi absolvido. (Nota da IHU On-Line)
[13] Carl Schmitt
(1888—1985): foi um jurista, filósofo político e professor
universitário alemão. É considerado um dos mais significativos e
controversos especialistas em direito constitucional e internacional da
Alemanha do século XX. A sua carreira foi manchada pela sua proximidade
com o regime nacional-socialista. O seu pensamento era firmemente
enraizado na teologia católica, tendo girado em torno das questões do
poder, da violência, bem como da materialização dos direitos. (Nota da
IHU On-Line)
[14] Glasnost:
foi uma política implantada, juntamente com a Perestroika
("reestruturação"), na União Soviética, durante o governo de Mikhail
Gorbachev.[1] A Glasnost contribuiu em grande parte para a
intensificação do clima de instabilidade causado por agitações
nacionalistas, conflitos étnicos e regionais e insatisfação econômica,
fatores que levaram ao colapso da URSS. (Nota da IHU On-Line)
[15] Operação Mãos Limpas
ou Mani pulite: foi uma investigação judicial de grande envergadura na
Itália, tendo início em Milão, que visava esclarecer casos de corrupção
durante a década de 1990, na sequência do escândalo do Banco Ambrosiano
em 1982, que implicava a Mafia, o Banco do Vaticano e a loja maçônica
P2. A Operação Mãos Limpas levou ao fim da chamada Primeira República
Italiana e ao desaparecimento de muitos partidos políticos. Alguns
políticos e industriais cometeram suicídio quando os seus crimes foram
descobertos. (Nota da IHU On-Line)
[16] Boris Nicoláievitch Iéltsin (1931): foi o primeiro presidente da Rússia após o colapso econômico da União Soviética. Iéltsin foi também o primeiro líder de uma Rússia independente após o czar Nicolau II. Seus anos como senador e líder da oposição no Soviete Supremo são lembrados com glória, mas seu governo, lembrado com frustração por conta das grandes expectativas, ficou marcado na história por reformas políticas e econômicas fracassadas e pelo caos social. (Nota da IHU On-Line)
[16] Boris Nicoláievitch Iéltsin (1931): foi o primeiro presidente da Rússia após o colapso econômico da União Soviética. Iéltsin foi também o primeiro líder de uma Rússia independente após o czar Nicolau II. Seus anos como senador e líder da oposição no Soviete Supremo são lembrados com glória, mas seu governo, lembrado com frustração por conta das grandes expectativas, ficou marcado na história por reformas políticas e econômicas fracassadas e pelo caos social. (Nota da IHU On-Line)
[17] Silvio Berlusconi
(1936): líder político do partido Força Itália, que criou
especificamente para sua entrada na vida política. É o proprietário do
império midiático italiano Mediaset, além de empresário de comunicações,
bancos e entretenimento. É a pessoa mais rica da Itália, segundo a
revistas Forbes, e o 37º mais rico do mundo. Pela segunda vez é o
primeiro-ministro da Itália. Foi acusado inúmeras vezes de corrupção e
ligações com a Máfia. Gerou polêmica na Europa ao apoiar a Guerra dos
EUA contra o Iraque, em 2003. (Nota da IHU On-Line)
[18] Friedrich Engels (1820-1895): filósofo alemão que, junto com Karl Marx, fundou o chamado socialismo científico ou comunismo. Ele foi co-autor de diversas obras com Marx, e entre as mais conhecidas destacam-se o Manifesto Comunista e O Capital. Grande companheiro intelectual de Karl Marx, escreveu livros de profunda análise social. (Nota da IHU On-Line)
[19] Friedrich Hegel (Georg Wilhelm Friedrich Hegel, 1770-1831): filósofo alemão idealista. Como Aristóteles e Santo Tomás de Aquino, tentou desenvolver um sistema filosófico no qual estivessem integradas todas as contribuições de seus principais predecessores. Sobre Hegel, confira a edição 217 da IHU On-Line, de 30-04-2007, intitulada Fenomenologia do espírito, de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1807-2007), em comemoração aos 200 anos de lançamento dessa obra. Veja ainda a edição 261, de 09-06-2008, Carlos Roberto Velho Cirne-Lima. Um novo modo de ler Hegel, e Hegel. A tradução da história pela razão, edição 430. (Nota da IHU On-Line)
[18] Friedrich Engels (1820-1895): filósofo alemão que, junto com Karl Marx, fundou o chamado socialismo científico ou comunismo. Ele foi co-autor de diversas obras com Marx, e entre as mais conhecidas destacam-se o Manifesto Comunista e O Capital. Grande companheiro intelectual de Karl Marx, escreveu livros de profunda análise social. (Nota da IHU On-Line)
[19] Friedrich Hegel (Georg Wilhelm Friedrich Hegel, 1770-1831): filósofo alemão idealista. Como Aristóteles e Santo Tomás de Aquino, tentou desenvolver um sistema filosófico no qual estivessem integradas todas as contribuições de seus principais predecessores. Sobre Hegel, confira a edição 217 da IHU On-Line, de 30-04-2007, intitulada Fenomenologia do espírito, de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1807-2007), em comemoração aos 200 anos de lançamento dessa obra. Veja ainda a edição 261, de 09-06-2008, Carlos Roberto Velho Cirne-Lima. Um novo modo de ler Hegel, e Hegel. A tradução da história pela razão, edição 430. (Nota da IHU On-Line)
[20] Étienne de La Boétie (1530-1563): Jurista e escritor francês, fundador da filosofia política moderna na França. (Nota da IHU On-Line)
[21] Baruch Spinoza
(ou Espinosa, 1632–1677): filósofo holandês. Sua filosofia é
considerada uma resposta ao dualismo da filosofia de Descartes. Foi
considerado um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da
Filosofia Moderna e o fundador do criticismo bíblico moderno. Confira a
edição 397 da IHU On-Line, de 06-08-2012, intitulada Baruch Spinoza. Um convite à alegria do pensamento. (Nota da IHU On-Line)
[22] William Shakespeare (1564-1616): dramaturgo inglês. Considerado por muitos como o mais importante dos escritores de língua inglesa de todos os tempos. Como dramaturgo, escreveu não só algumas das mais marcantes tragédias da cultura ocidental, mas também algumas comédias, 154 sonetos e vários poemas de maior dimensão. (Nota da IHU On-Line)
Fonte: IHU [22] William Shakespeare (1564-1616): dramaturgo inglês. Considerado por muitos como o mais importante dos escritores de língua inglesa de todos os tempos. Como dramaturgo, escreveu não só algumas das mais marcantes tragédias da cultura ocidental, mas também algumas comédias, 154 sonetos e vários poemas de maior dimensão. (Nota da IHU On-Line)
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