maio 07, 2008

Atendimento é vendido em hospital público

Atendimento é vendido em hospital público

6/5/2008

MANAUS - Paciente do Sistema Único de Saúde (SUS), o aposentado João Nascimento, 69, teve que acordar às 4h para, às 5h30, entrar na fila da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) a fim de conseguir uma ficha para um exame, após um mês de tentativas.

Conveniada de um plano de saúde particular, a dona de casa Patrícia de Lima Oliveira, 36, não precisou 'dormir' na fila do Hemoam para fazer o exame da filha, de dez meses. Ela apresentou um encaminhamento do plano de saúde e logo foi atendida.

Os casos de João e Patrícia, no Hemoam, na quarta-feira, são apenas exemplos que se repetem em outros hospitais e unidades médicas de referência do Estado.

Esses órgãos estão permitindo a venda de atendimentos ambulatoriais e procedimentos cirúrgicos para pacientes que possuem planos de saúde privados em detrimento dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Negociação

Em ligações gravadas, o DIÁRIO constatou, com atendentes de cooperativas médicas e vendedores de plano de saúde, que é possível obter facilidades no atendimento em hospitais da rede pública estadual, se o paciente tiver plano de saúde particular. Isso porque os médicos da rede particular são os mesmos que atendem nas unidades de saúde do Estado.

Na Cooperativa dos Ortopedistas do Amazonas (Cooperor), a atendente, que se identificou apenas como 'Aparecida', prometeu 'furar' a fila de pacientes do SUS para antecipar uma cirurgia ortopédica de um conveniado da Unimed na Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ), instituição de referência no Estado para a especialidade.

'Aparecida' chegou a pedir o nome do paciente, número do leito e perguntou por qual médico ele vinha sendo atendido no Adriano Jorge. "Vou passar todos esses dados para o senhor Germano e ele vai avaliar. É ele quem vai verificar a situação do paciente", garantiu a atendente.

A reportagem tentou, sem sucesso, contato com a assessoria da Unimed.

A negociação de atendimentos em hospitais públicos não se restringe às cooperativas médicas e fundações. O comércio começa desde a contratação de um plano de saúde. Consultores de venda da empresa Hapvida afirmaram que o convênio com a empresa garante o atendimento prioritário de urgência e emergência no Hospital Pronto-Socorro da Criança na zona Leste, o 'Joãozinho'. "Todo o médico credenciado da Hapvida pode atender em qualquer instituição de saúde e dar preferência aos nossos pacientes (que pagam pelo plano)", afirmou a vendedora de planos identificada como 'Adriana'.

Ela ainda disse que, se fosse detectada qualquer dificuldade de atendimento no 'Joãozinho', a contratante do plano poderia reclamar à Central de Atendimento da empresa.

Fonte: Diário do Amazonas

Fonte da Fonte: Prontuário de Notícias
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