maio 12, 2008

O lacerdismo tardio de Fernando Gabeira. O que é isso companheiro?

Fernando Gabeira - foto publicada na VEJA (vixe! vixe!)
Estou abismado com Fernando Gabeira. Pensava que, candidatando-se a prefeito, seria obrigado a despir-se do lacerdismo tardio que, embora lhe renda tanto sucesso na mídia, gera antipatia crescente (portanto, perda de votos) na esquerda. Ledo engano. Gabeira tascou uma crítica virulenta à Comissão de Anistia, por causa das pensões e indenizações às vítimas da ditadura. O que não ele contava é que a Comissão decidisse, coincidentemente ou não, divulgar que tinha iniciado o julgamento sobre o seu próprio pedido. Ou seja, Gabeira, em 2003, entrou com requerimento junto a Comissão de Anistia pedindo indenização ao Estado.

Qual a reação do deputado? Fúria, destempero. Diante do flagrante de hipocrisia, voltou a atacar violentamente a Comissão, acusando-a de fazer "política" por ter começado a analisar o seu caso somente agora, depois que ele tinha criticado. Tentou se explicar, dizendo que, em 2003, teria receio quanto a seu futuro, e por isso fez o pedido. Hum? Isso é explicação? Então, isso justificaria o pedido dos outros, não?

Que é isso companheiro? Que falta de educação é esta? Quer dizer que, depois de 20 anos de ditadura militar, cujos ecos ainda estão por aí, você elege a Comissão de Anistia como sua inimiga número 1? Depois de sequestrar embaixador e o escambal, você agora virou um lacerdista meia-boca, esverdeado, detentor de ideais anfíbios, refém de um eleitorado esquizóide, que se divide em maconheiros ingênuos e idosos ranhetas do Leblon?

* Por falar em maconha, minha opinião sobre o assunto é a seguinte. Tem que liberar totalmente: consumo, produção e distribuição. Os americanos que se danem, porque são uns hipócritas. É o povo que mais fuma maconha no mundo, botam maconha em tudo que é filme, e depois patrocinam campanhas internacionais contra a produção nos países que a podem cultivar. O Brasil poderia agregar alguns bilhões a mais a sua balança comercial, beneficiando principalmente o sofrido Nordeste, se a cannabis fosse legalizada. Não adianta liberar o consumo e proibir a produção. Isso é ridículo. Se pode consumir, tem que poder produzir. É lógico.

Quem viaja bastante, pelo Brasil e pelo mundo, sabe que o uso da maconha está em toda parte e em todas as classes sociais. Houve uma explosão a partir da década de 60. Segundo institutos de pesquisa, quase dois terços dos estudantes universitários americanos já experimentaram maconha. É uma taxa quase igual à do álcool e, em face das bilionárias campanhas anti-drogas patrocinadas pelo governo americano, mostra que é preciso repensar imediatamente sobre sua eficácia. Esses bilhões de dólares não seriam melhor aplicados de outra forma?

Isso não significa que eu defenda o uso da maconha. Não aconselho ninguém a beber cachaça e faço o mesmo com a maconha. Por que vicia sim, psicologica e culturalmente. A destruição provocada pela maconha é bem mais sutil e lenta que a provocada pela cocaína, mas pode ser tão ou mais nociva, a depender, naturalmente, da quantidade, intensidade e da relação que a pessoa mantém com a droga.O

Obama já fumou, FHC já fumou, Bill Clinton fumou. O Mick Jagger, quando veio ao Rio, nos 70's, fumou num restaurante cinco estrelas, apavorando os clientes. Glauber Rocha acendeu um baseado numa reunião entre chefes de Estado no Chile. Gilberto Gil, nem se fala. Raulzito, Vinicius de Morais, Bezerra da Silva, Chico Buarque, a galeria dos maconheiros ilustres é interminável. Outro dia foram cair na besteira de perguntar aos ministros britânicos se já tinham fumado e, batata, todos confessaram. Enfim, deixo aqui registrado um protesto contra a ridícula proibição da marcha da maconha no Rio de Janeiro e declaro, solenemente, que o Óleo do Diabo defende a sua incondicional e total legalização.

Fonte: Óleo do Diabo oleododiabo.blogspot.com
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