PICICA: Para os militantes do movimento socioambiental SOS ENCONTRO DAS ÁGUAS o achado das urnas funerárias não surpreende, não é verdade companheiro Valter Calheiros? Desde a construção da Torre da Embratel em frente ao Encontro das Águas, ali pelos anos 1970, a opinião pública tomou conhecimento da existência de um sítio arqueológico, sem que as autoridades tomassem uma providência cabível naquela circunstância: isolar a área para estudo. Ali foram achadas as primeiras urnas funerárias daquele território. O local está abandonado conforme se pode verificar em matéria assinada por Elaíze Farias, em 2011 (clique aqui para ler). Os moradores da região relatam, há tempos, achados de outros artefatos. Só quem não sabia da existência dessa riqueza arqueológica são os autores do Relatório EIA-RIMA para a construção de um porto que atendesse a demanda do Distrito Industrial e pusessem fim aos preços exorbitantes praticados pelo setor privado. O relatório sustentava que a construção de um porto na região das Lajes - outro sítio arqueológico - traria poucos prejuízos socioambientais, todos mitigáveis. Foi preciso uma grande seca para mostrar que a região das Lajes abriga importantes raridades arqueológicas, segundo outra matéria de Elaíze Farias (leia aqui). Diante de todas essas evidências, mais do que nunca aos amazonenses só lhes resta lutar pela manutenção do tombamento do Encontro das Águas, atualmente aguardando parecer do ministro do STF Dias Toffoli. Leia a matéria do Amazonas atual sobre a remoção das urnas funerárias, que teve a colaboração do companheiro Valter Calheiros e suas belas fotografias (acesse aqui). Enquanto isso, saiba mais sobre a luta do movimento socioambiental SOS Encontro das Águas: clique aqui, para ler SOS Encontro das Águas: memória comentada
Urnas funerárias de 2 mil anos são encontradas na Col. Antônio Aleixo, em Manaus
O
arqueólogo Carlos Augusto Silva disse que o local onde foram achadas as
urnas, possivelmente com restos humanos, trata-se de um sítio
arqueológico e cemitério indígena da era pré-colombiana
Os pesquisadores concentram os trabalhos na escavação das urnas, na rua Padre Mário, na Colônia Antônio Aleixo
Pelo menos duas
urnas funerárias com aproximadamente dois mil anos foram encontradas
ontem, em um sítio arqueológico localizado na rua Padre Mário,
Comunidade 11 de Maio, no bairro Colônia Antônio Aleixo, Zona Leste. A
expectativa, de acordo com uma equipe da Universidade Federal do
Amazonas (Ufam) que está no local desde a última terça-feira, é que mais
artefatos sejam achados naquela região, visto que esse tipo de
sepultamento era coletivo, feito em semicírculo.
O
arqueólogo Carlos Augusto Silva disse que o local onde foram
encontradas as urnas, possivelmente com restos humanos, trata-se de um
sítio arqueológico e um cemitério indígena da era pré-colombiana.
Conforme ele, a região foi, no passado, uma grande área de habitação de
populações pré-colombianas que lá deixaram seus vestígios enterrados.
“Esse material começou a aparecer no século IV e foi até mais ou menos o
século IX, depois desapareceu”, relatou.
Além
de Silva, três alunos do curso de arqueologia da Ufam estão dando apoio
nas escavações. Eles mostram aos comunitários como o trabalho é feito e
como se deve preservar os artefatos encontrados mediante a legislação
brasileira, a qual determina que todo patrimônio arqueológico precisa
ser preservado pelos vivos. “Começamos a trabalhar com a comunidade para
tentar tirar esse material que corre risco de desaparecer”, lembrou o
arqueólogo.
Relações
Para
Silva, é importante que os alunos vejam o material encontrado, uma
espécie de cerâmica ecológica, que não impactou no meio ambiente, para
entender a Amazônia. “Eles colocaram restos possivelmente de pessoas
dentro desse pote e enterraram. É um dado interessante para entender
essa Amazônia, ao invés de matar uma árvore para fazer o caixão para
enterrar alguém fizeram uma urna de cerâmica”, destacou.
O
arqueólogo ressaltou que as urnas encontradas na Colônia Antônio Aleixo
vão para o Museu Amazônico da Ufam, situado no Centro de Manaus. Mas a
ideia é que os artefatos voltem ao seu local de origem.
“Logo
que a comunidade conseguir um espaço adequado, é possível que essa peça
volte para cá, para ser apresentada ao público pelos próprios moradores
daqui”, enfatizou.
Resgate de um patrimônio cultural
O
arqueólogo Carlos Augusto Silva relatou que as obras do Programa de
Água para Manaus (Proama), realizadas pelo Governo do Estado, provocaram
diversos impactos ao sítio arqueológico Lajes, situado na Zona Leste.
Por
conta dessa situação, conforme ele, em 2009, o Instituto do Patrimônio
Nacional e Artístico (Iphan) e o Ministério Público Federal fizeram um
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para que o Estado revisse a
questão do patrimônio arqueológico daquela região. “Foi a partir desse
TAC que a Ufam entrou como parceira para contribuir com o resgate dessa
história antes que fosse destruída”.
O
arqueólogo destacou que ele e a professora Helena Pinto Lima fizeram o
projeto “Resgate do Patrimônio Arqueológico na área da Zona Leste”, e a
primeira atividade começou justamente com as escavações no sítio
arqueológico Colônia Antônio Aleixo, próximo das Lajes.
Fonte: A Crítica
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