PICICA: "O atual gestor do Dsei, Heródoto de Sales,
vem sendo questionado pelos indígenas e pelo Condisi sobre o uso da
máquina pública para fins políticos. “Ele é declarado candidato à
prefeitura para as eleições de 2016. Esse questionamento foi apresentado
pelos Conselheiros Distritais, que pediram ao gestor que saísse do
cargo de chefia do Dsei para dedicar-se à campanha”, explicita o
documento.
De acordo com a Univaja, Herótodo vinculou funcionários do Dsei à
campanha de reeleição do deputado estadual Sinésio Campos (PT/AM) em
2014. Na época, o coordenador da campanha era Jocicley Gomes, auxiliar
logístico do Dsei. “Durante a visita do seu candidato ao município de
Atalaia do Norte, o coordenador convocou os funcionários do DSE para
recepcioná-lo”." EM TEMPO: Eis um retrato 3x4 da política de saúde indígena do governo Dilma para a Amazônia.
Povos da Terra Indígena Vale do Javari denunciam coordenador do DSEI por má gestão da saúde indígena
Inserido por: Administrador em 18/03/2015.
Fonte da notícia: Carolina Fasolo, Assessoria de Comunicação - Cimi e Univaja
Um documento divulgado nesta
quarta-feira (18) pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari
(Univaja), representada pelos povos Mayuruna, Matis, Marubo, Kanamari e Kulina, denuncia o atual coordenador do Distrito Sanitário Especial
Indígena (Dsei), Heródoto Jean de Sales, pela situação calamitosa da
saúde na Terra Indígena Vale do Javari que, situada no oeste do
Amazonas, concentra o maior número de povos isolados do mundo, de acordo
com a Fundação Nacional do Índio (Funai). O documento foi protocolado no Ministério Público Federal de Tabatinga.
As ações básicas de saúde em todas as aldeias indígenas são
realizadas de forma paliativa e ineficiente, faltam medicamentos e
materiais médico-hospitalares básicos em todas as aldeias dos Pólos
Bases da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e, de acordo com o
documento, mesmo com grande número de profissionais existentes no
quadro do Dsei/Javari, não conseguem programar e executar o calendário de planejamento de forma ágil e concreta. Os relatos apontam a má gestão do Distrito como causa da perda de 409
doses de Interferon, medicamento antiviral que venceu nas prateleiras
do Distrito enquanto pacientes portadores de hepatites virais
necessitavam do tratamento.
O Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) revela ainda a
suspeita de fraude dos dados de atendimentos realizados. Os números do
Relatório Anual de Gestão (RAG) 2014 do Dsei relativos ao atendimento à
saúde indígena no Vale do Javari são insuflados se comparados aos das
planilhas de atendimento. Em relação à vacinação, por exemplo, consta na
planilha de esquema vacinal que 86 das 120 crianças com até um ano de
idade foram vacinadas, ou seja, 71,2%. Já o percentual apresentado no
Relatório é de 77%.
O dado mais inconsistente, segundo o documento, é do programa de
Controle de Tuberculose. Nenhum óbito relacionado à doença foi
registrado, conforme apresentou ao Condisi o técnico responsável do
Dsei, enfermeiro Gerdson Matos Silva. O Programa de Vigilância de Óbitos
(do mesmo Dsei), no entanto, registra três mortes de indígenas vitimas
de tuberculose pulmonar.
“Esta inconsistência de dados nos faz acreditar que o Dsei/Javari
pode estar forjando os dados reais de ações e serviços de saúde
executados pela instituição, necessitando de uma intervenção por parte
dos órgãos de controle externo dos setores competentes”, considera o
presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), Jorge
Marubo. Jorge ressalta que a situação foi denunciada muitas vezes às
autoridades competentes, mas nenhuma providência foi tomada.
Enquanto
isso, o número de mortes de crianças indígenas na região é alarmante.
Em 2014 foram onze óbitos - entre recém-nascidos e crianças de até um
ano, decorrentes da
desassistência à mãe e ao bebê, seja por pré-natal mal feito ou não
realizado ou mesmo por falta de auxílio no parto.
O atual gestor do Dsei, Heródoto de Sales,
vem sendo questionado pelos indígenas e pelo Condisi sobre o uso da
máquina pública para fins políticos. “Ele é declarado candidato à
prefeitura para as eleições de 2016. Esse questionamento foi apresentado
pelos Conselheiros Distritais, que pediram ao gestor que saísse do
cargo de chefia do Dsei para dedicar-se à campanha”, explicita o
documento.
De acordo com a Univaja, Herótodo vinculou funcionários do Dsei à
campanha de reeleição do deputado estadual Sinésio Campos (PT/AM) em
2014. Na época, o coordenador da campanha era Jocicley Gomes, auxiliar
logístico do Dsei. “Durante a visita do seu candidato ao município de
Atalaia do Norte, o coordenador convocou os funcionários do DSE para
recepcioná-lo”.
Além disso, Herótodo é o responsável pela contratação dos
assessores indígenas, feita sem o aval das comunidades ou a observação
das competências técnicas dos candidatos. Uma comissão chegou a ser
criada para evitar favorecimentos e cooptação, mas os assessores
continuam sendo selecionados sem nenhum perfil técnico ou experiência
profissional.
As tentativas de diálogo são fracassadas e quando os indígenas
cogitaram ocupar a sede do DSEI/Javari em protesto, Herótodo declarou
que chamaria a Polícia Federal para retirá-los com balas e que “índio
não manda aqui”.
A Univaja reiterou seu posicionamento de insatisfação e
preocupação, “uma vez que os povos indígenas do Vale do Javari vivem
numa área endêmica, onde já ocorreram centenas de mortes pela malária,
hepatite e tuberculose, nesses tempos em que o programa de saúde vigorou
em nossa região”.
A Sesai foi acusada de “apadrinhamento político”, por ser
conivente com a conduta do atual coordenador do Dsei, que se promove “em
benefício da saúde indígena para fazer sua campanha eleitoreira”. Por
fim, foi reforçado mais uma vez o pedido para que os órgãos competentes
apurem as denúncias e tomem medidas concretas.
Leia aqui o documento na íntegra
AM
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Fonte: CIMI
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