maio 06, 2008

Fazendo Gênero: Corpo, Violência e Poder - 2008

Fazendo Gênero

O tema relações de gênero é instigante sob muitos aspectos, especialmente para aqueles que estudam o trabalho e seus desdobramentos na sociedade capitalista. Ainda mais quando se verifica que, em todo o País, as mulheres cada vez mais conquistam seu lugar no mundo do trabalho formal, aquele que dá visibilidade por meio das estatísticas oficiais, da fala incontestável dos números. Daí inferirmos que esta expansão da mão-de-obra feminina esteja ocorrendo na mesma proporção também na economia informal, que, segundo alguns estudos, responde por cerca de um quarto das ocupações urbanas no País.

Já abordei nesta coluna o tema relações de gênero, em que expôs minha visão sobre o fenômeno da inserção de mulheres nas mais diversas categorias profissionais e um pouco da realidade que conheço neste sentido no Amazonas. Agora surgiu a oportunidade de aprofundar minhas leituras e até de realizar uma pesquisa acadêmica sobre o novo feminismo, objetivando conhecer a realidade das mulheres executivas amazonenses em suas múltiplas particularidades e a traçar o perfil de algumas delas. O título da pesquisa é Protagonismo feminino no Amazonas.

Este estudo parte da premissa de que o novo feminismo sinaliza para a necessidade de se compreender as iniciativas emergentes e pouco conhecidas do ponto de vista quantitativo e qualitativo. Considerando-se que, a partir da década de 1990, houve um aumento do número de mulheres engajadas em posição de liderança nas organizações públicas e privadas, buscaremos saber o que esta elevação numérica representa em termos reais e proporcionais. A pesquisa, que seguirá as orientações das abordagens quantitativas e qualitativas, deverá reconhecer o que já constatamos empiricamente, que os papéis sociais femininos e a presença de mulheres no poder assumem uma perspectiva de afirmação da cidadania feminina numa reconstrução da sua identidade.

A priori, constatamos que o protagonismo feminino vem avançando para o estágio de igualdade de direitos entre os gêneros, num ambiente de competição saudável e democrática, embora as estatísticas ainda indiquem uma significativa defasagem da remuneração feminina em relação à masculina. Na direção das empresas, esta defasagem salarial é em torno de 20% a favor dos homens, sendo que, no geral, as mulheres brasileiras ganham cerca de 40% a menos para executar o mesmo serviço dos trabalhadores masculinos.

Fazendo Gênero 8

A intenção em realizar a pesquisa deve-se à nossa pretensão em participar do Seminário Internacional Fazendo Gênero 8: Corpo, Violência e Poder, a ser realizado no período de 25 a 28 de agosto na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. É o oitavo seminário do Projeto Fazendo Gênero, que reúne, a cada dois anos, pesquisadoras e pesquisadores do Brasil e de universidades da América Latina, Estados Unidos e Europa com pesquisas e publicações no campo dos estudos de gênero e dos estudos feministas. O evento é organizado pelo Instituto de Estudos de Gênero, que congrega uma equipe multidisciplinar que desde meados da década de 1980 vem trabalhando com os temas relativos a gênero, feminismo e sexualidades nas universidades federal e estadual de Santa Catarina.

No Seminário Internacional, iremos participar do Simpósio Temático Intersecções entre Gênero e Sociodiversidade Amazônica, a ser dirigido pela professora Iraildes Caldas Torres, doutora em Ciências Sociais e Antropologia e coordenadora do Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia da Ufam (Universidade Federal do Amazonas).

Segundo a coordenadora, a proposta deste simpósio, inédita entre os até hoje realizados no Seminário Internacional Fazendo Gênero, é fortalecer a idéia de que a Amazônia constitui-se um lócus de experiências sociais e culturais específicas que requer que se leve em conta tais especificidades, especialmente no que diz respeito aos estudos de gênero. Por isso, o simpósio propõe-se a ser um espaço interdisciplinar de interlocução entre pesquisadoras e pesquisadores que trabalham nos países da Amazônia com o viés gênero em diferentes perspectivas: populações culturalmente diferenciadas; corporalidade, sexualidade, saúde e direitos reprodutivos; violência, legislação e políticas públicas; formação e pensamento social na Amazônia; migrações e conflitos políticos intra e internacionais.

Inscrição no Seminário Internacional

Além das conferências, painéis e mesas redondas que exploraram os temas-chave, o Fazendo Gênero conta com os simpósios temáticos, que dão oportunidade para que a comunidade acadêmica possa expor seus trabalhos sob a forma de comunicação oral. O prazo para o envio de inscrições encerrará em 19 de maio de 2008 e a partir do dia 28 de maio será divulgada a lista das comunicações orais aprovadas pelas coordenadoras dos Simpósios Temáticos. Os trabalhos completos, que serão publicados nos Anais do Seminário Internacional Fazendo Gênero 8, deverão ser enviados até 30 de junho. Mais informações sobre o seminário internacional podem ser obtidas no site www.fazendogenero8.ufsc.br.

Denison Silvan
Jornal do Comércio - Manaus-AM
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