PICICA: "Recentemente, a prisão dos donos do site
Mega Filmes HD e sua retirada do ar foram notícia no Brasil. A referida
página de internet hospedava links para assistir filmes e séries on line,
gratuitamente, sendo um dos mais acessados sites do tipo no país. Na
grande mídia, controlada por grupos transnacionais e monopólicos, tudo
foi noticiado como uma operação contra o crime à propriedade
intelectual. Entre os monopólios midiáticos se encontram as empresas
detentoras da maior fatia do mercado de entretenimento mundial, como
Warner Bros, FOX e Disney.
Essas empresas vivem uma cruzada
mercadológica contra o livre compartilhamento de conteúdo pela rede. Os
direitos autorais e a tal “propriedade intelectual” são uma grande
falácia do capitalismo para aumentar lucros livremente. Essas empresas
se apropriam privadamente de produções que deveriam ser para o desfrute
de todos e todas."
Capitalismo versus Mega Filmes HD
Recentemente, a prisão dos donos do site
Mega Filmes HD e sua retirada do ar foram notícia no Brasil. A referida
página de internet hospedava links para assistir filmes e séries on line,
gratuitamente, sendo um dos mais acessados sites do tipo no país. Na
grande mídia, controlada por grupos transnacionais e monopólicos, tudo
foi noticiado como uma operação contra o crime à propriedade
intelectual. Entre os monopólios midiáticos se encontram as empresas
detentoras da maior fatia do mercado de entretenimento mundial, como
Warner Bros, FOX e Disney.
Essas empresas vivem uma cruzada
mercadológica contra o livre compartilhamento de conteúdo pela rede. Os
direitos autorais e a tal “propriedade intelectual” são uma grande
falácia do capitalismo para aumentar lucros livremente. Essas empresas
se apropriam privadamente de produções que deveriam ser para o desfrute
de todos e todas.
Depois que um artista finaliza uma obra
de arte, ou um intelectual termina uma obra acadêmica, ele/ela a
publiciza, ou seja, a torna pública. Não há sentido na produção
artística e intelectual humana se não compartilhá-la com a sociedade. É
justamente o que sites de compartilhamento de arquivos e conteúdo fazem.
Eles tornam as produções humanas mais conhecidas.
Se você comprar um livro e depois
emprestá-lo a alguém, isso não é crime. Você não está vendendo o livro,
não está ganhando nada sobre ele. Você está somente compartilhando
conhecimento (e consequentemente tornando o livro e seu autor mais
famoso). Por que compartilhar um filme ou uma série na internet seria
então um crime? Ninguém vende o filme naquele espaço virtual, você
simplesmente mostra o filme.
As grandes empresas de entretenimento
vivem hoje de barrar o acesso ao conhecimento, à diversão e às artes.
Como tudo no neoliberalismo selvagem, mercantilizam-se as produções
humanas em nome do lucro. Consequentemente se impede o acesso a
determinados conteúdos para aqueles que não podem pagar.
Por outro lado, o avanço das forças
produtivas, ou seja, dos mecanismos criados pela humanidade para
modificar o natural de acordo com suas necessidades, não pode ser
obliterado. O avanço da informática permitiu o compartilhamento de
conteúdo pela rede. Manifesta-se aqui o que Marx colocava como as
contradições inevitáveis entre as forças produtivas e as relações de
produção, ou seja, entre um avanço tecnológico (compartilhamento de
conteúdos) e as relações sociais (capitalistas, portanto, que lhe
permitem o acesso ao conteúdo somente mediante pagamento, pois o
conteúdo é uma propriedade privada das empresas).
Somente num sistema pós-capitalista
tornaremos norma aquilo que já vem aparecendo aqui e acolá pela rede.
Que o acesso ao conhecimento e entretenimento não é uma mercadoria e que
não aceitaremos mais pagar por eles. Assim como o compartilhamento de
músicas não pôde ser parado, as outras mídias também seguirão pelo mesmo
caminho.
*Roberto Santana Santos é historiador/professor de história. Militante das Brigadas Populares
Fonte: BRASIL EM 5
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