Flor da Palavra em Curitiba: o direito à cidade e à moradia. Dia 29/11 na reitoria da UFPR.
Por Zezta Internacional 26/11/2008 às 03:32
Indignidade. Essa é a definição da moradia popular no Brasil com sua dívida de aproximadamente 8 milhões de habitações segundos dados oficiais. Só na região metropolitana de Curitiba existem cerca de 360 ocupações. São dados que revelam o descaso com a população de baixa renda e o favorecimento de grupos milionários locais e estrangeiros, que mescla clientelismo e especulação imobiliária. As ocupações são a única saída para as famílias de sem teto construírem seus lares, mas elas sofrem com a falta de estrutura adequada como saneamento, educação, saúde, acesso à cidade e segurança: pior, o próprio Estado revela-se um dos principais fatores de risco para essas populações.
No bairro Tatuquara cerca de dez famílias de catadores de materiais recicláveis ocuparam casas inacabadas no residencial Monteiro Lobato, portanto inutilizadas pela COHAB - CT e sofreram ação de despejo forçado requerida pelo órgão público do município. Essas famílias hoje se encontram acampadas à beira do rio Tatuquara. Na Vila Iguape I, no Boqueirão, cerca de 100 famílias ocupantes de um terreno federal há 37 anos sofrem hoje ameaça de despejo em razão da reintegração de posse solicitada pela América Latina Logística, a quem a União concedeu a posse da área. No Jardim Itaqui em São José dos Pinhais os moradores, durante o primeiro semestre deste ano, sofreram com a ação da mineradora Saara, que tinha a prática de cavar até 30 centímetros da parede das moradias oferecendo um 'cheque-despejo' de 500 reais pela casa e terreno, sendo que a área pertencente ao Governo do Estado. No Fazendinha, o despejo violento levou até à perda de vidas humanas e agora a população está acampada na calçada. Casos parecidos estão acontecendo ainda em bairros como Vila Graciosa, Vila União, Jardim Alegria, Sabará e Vila Sandra.
Inspirados nas lutas desses moradores é que estamos tecendo colaborativamente a Flor da Palavra em Curitiba. No dia 29/11/2008, na reitoria da UFPR, a partir das 8:30, estaremos debatendo a questão da moradia, direito à cidade e feminismo, participando de oficinas de mídia livre, arte, agroecologia e lançando o livro zapatista "Nem o Centro e Nem a Periferia". Através deste evento pretendemos estar criando redes de solidariedade entre as pessoas e livres associações, priorizando as relações que se baseiam no respeito mútuo e que partem em busca de um planeta verdadeiramente humanitário e ecologicamente sustentável. Estaremos participando os movimentos sociais, moradores de áreas de despejo, professores, estudantes e quem mais quiser, aprendendo e ensinando, construindo os espaços de "um mundo onde caibam muitos mundos".
Programação: Flor das áreas de despejo CMI na Rua 16
Conexões: Itaqui I II Fazendinha I II Desocupação I II Livro Nem Centro Nem Periferia com textos do Subcomandante Marcos Editora libertária Deriva
Flores já realizadas: Flor das mulheres indígenas (Tefé) Flor em assentamento do MST (Maringá) Pré-Flor da Palavra Curitiba e Floripa Flor da Vila Pescoço (Tefé) Flor Indígena (Tefé) Flor dos Movimentos Rurais (Tefé) Flor Punk (Brasília) Flor Casa das Pombas (Brasília) Flor Rizoma de Rádios (Campinas) Flor Sampa Flor Anti-Calderón (Marília)
Fonte: CMI Brasil
PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
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