Mulheres de Olho
Dia da Consciência Negra em três tempos
Posted: 21 Nov 2008 02:36 PM CST
Primeiro tempo
Ontem foi celebrado no Brasil o Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi escolhida em homenagem a Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares morto aos 25 anos por tropas portuguesas, em 20 de novembro de 1695. Os quilombos foram comunidades de resistência negra à escravidão, que reuniam escravos e escravas fugitivos. A comunidade do Quilombo dos Palmares chegou a reunir 30 mil pessoas.
No dia de ontem (20/11) aconteceram pelo país festividades e ações em celebração ao Dia da Consciência Negra. Além de marchas, manifestações artísticas e celebrações religiosas, o dia foi marcado também por acontecimentos políticos. Na Câmara Federal, foi aprovado projeto de lei que institui cotas estudantis reconhecendo o recorte racial como um dos critérios para promover o acesso, às universidades públicas, de segmentos discriminados. E a agenda do Presidente da República incluiu a inauguração, no Centro do Rio de Janeiro, de uma estátua do herói negro do início do século 21, João Cândido Felisberto; e uma reunião com líderes religiosos de tradição afro –e também presbiterianos, católicos, judeus- na qual foram anunciados um Plano Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, e o envio, ao Congresso, de um projeto de lei tornando mais rigorosas as punições à perseguição religiosa.
Segundo tempo
Mas o dia 20 de novembro só é feriado oficial em 350, dos 5.435 municípios brasileiros. A data ainda não tem um reconhecimento nacional, assim como não é unânime a visão do racismo como uma herança histórica nefasta, e do combate às desigualdades raciais como uma prioridade para a democracia.
Enquanto festividades e atos políticos ocorriam, na capital de Alagoas -estado que abriga a região em que se instalou o Quilombo dos Palmares- o Dia Nacional da Consciência Negra foi marcado por protestos, pelo descaso do governo estadual que não apoiou as festividades programadas por entidades de religiosidade afrodescendente. O protesto teve o formato de um ritual que relembrou os quilombolas mortos em nome da liberdade.
Terceiro tempo
Somos parte de um segmento da sociedade brasileira que se posiciona em defesa de políticas compensatórias, paralelamente e em diálogo com as políticas pela transformação do país rumo à educação, trabalho, renda, moradia, saúde, bem estar para todos os cidadãos e cidadãs, independente da cor de sua pele.
Este posicionamento dialoga com sentimentos e percepções sobre a atualidade política brasileira em relação ao tema do racismo, que foram traduzidos, no nosso entender de forma brilhante, no artigo da jornalista e colunista de O Globo, Miriam Leitão, publicado em 07/11. Esse texto, que reproduzimos a seguir, foi escrito após a eleição de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos.
Angela Freitas/ Instituto Patrícia Galvão
Nenhum comentário:
Postar um comentário