novembro 22, 2008

Campanha humanitária para o Haiti de doação de brinquedos

Haiti
Novembro 13, 2008

Campanha humanitária para o Haiti de doação de brinquedos

Grupo Solidariedade Haiti é formado por voluntários que se sensibilizaram pelas crianças haitianas.

Esta campanha é apenas uma pequena iniciativa pela qual podemos levar esperança às crianças de Cité Soleil, uma das favelas mais pobres de Porto Príncipe, e de outras regiões miseráveis da capital. Uma esperança traduzida em brinquedos que sejam leves para facilitar o transporte. A distribuição será feita pelos militares brasileiros, que têm desempenhado um papel fundamental no Haiti.

Há cerca de um ano e meio as 12 favelas que compõem Cité Soleil onde moram quase 100 mil habitantes no bairro periférico ao norte de Porto Príncipe, capital do Haiti, vivem dias de paz.

No Haiti não há escolas públicas, coleta de lixo regular, saneamento básico, iluminação pública.

Segundo a Organização das Nações Unidas, as crianças continuam a serem alvos de seqüestros, tráfico humano, violência sexual e assassinatos.

No primeiro semestre de 2008, 66 crianças foram seqüestradas. Durante todo o ano de 2007, foram registrados 80 casos de seqüestro.

A missão de paz da ONU está no país caribenho com um efetivo de 11 mil pessoas entre tropas militares, policiais, funcionários civis e voluntários e reúne forças armadas de 18 países diferentes desde 2004, quando o ex-presidente Jean-Bertrande Aristide renunciou ao poder.

A campanha teve início em Brasília com a jornalista Carla Mendes e já chegou ao Rio de Janeiro. A idéia é mobilizar voluntários que se interessem por esta campanha de solidariedade.

Já estamos com um ponto de coleta de brinquedos no Rio de Janeiro, um espaço cedido pela Casa de Cultura Laura Alvim, espaço cultural localizado no bairro de Ipanema, zona sul.

A seguir o depoimento da jornalista Carla Mendes que esteve em setembro no país:

Ai, Haiti!

Carla Mendes

No Haiti eu vi uma catástrofe humanitária. Vi o horror da fome, a escuridão da miséria, a necessidade premente da ajuda internacional. Na cidade de Gonaives, ao Norte, arrasada pela passagem dos furacões Hanna e Ike, em Setembro deste ano, mulheres disputavam, sob um sol escaldante, um lugar na fila de distribuição de ajuda humanitária. Quando a comida acabou, uma haitiana que não conseguira receber a soja distribuída pelos militares da Missão de Estabilização das Nações Unidas para o Haiti (Minustah) começou a comer mato. Outra, ajoelhou-se ao chão. Seus braços, enlouquecidos, levantavam a poeira na tentativa de juntar os poucos grãos que restaram.

A temporada de furacões, de junho a outubro, é um agravante à insegurança alimentar do país, cuja raiz está na combinação de uma agricultura de cortes e queima que degradou várias terras, juntamente com a decisão de importar alimentos a partir da década de 80, quando os preços eram baixos. A maior parte dos haitianos ainda utiliza carvão e madeira como combustível e a conseqüência disso é a destruição de 98% da cobertura vegetal nativa. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), é preciso plantar um bilhão de árvores naquele país do Caribe. O carvão usado para cozinhar é vendido em sacos pelas ruas das cidades, transformadas em verdadeiros mercados livres por uma população onde 80% estão desempregados. A moeda, o gourde, mal circula. O comércio funciona na base do escambo.

Na capital, Porto Príncipe, onde não há luz elétrica, à exceção de um bairro abastado, o maior mercado é conhecido como "Cozinha do Inferno". Faz jus ao nome. Verduras murchas e cenouras nanicas são oferecidas em meio ao esgoto que corre a céu aberto. A insegurança alimentar não dá tempo de que os legumes plantados possam crescer. A fome cria novas receitas, como os biscoitos de barro, feitos de argila, óleo e sal. Ai, Haiti! Vi suas crianças a mendigar pelas ruas o tempo todo, famintas. Seus olhares são tristes, ainda que em rostos que continuam a sorrir, sem consciência do futuro sem perspectivas nesse país de mais de 50% da população analfabeta.

O saneamento e a saúde pública também não existem. Os lixões fazem parte da paisagem de Porto Príncipe. Porcos andam pelas ruas abarrotadas de desempregados que lutam para sobreviver no país mais miserável das Américas e um dos mais pobres do mundo. O Haiti é de alto risco no que se refere a doenças contagiosas, e os maiores riscos de curto prazo para a saúde estão associados ao consumo de água contaminada. A água tratada é vendida em caminhões-pipa por empresas privadas e quem não tem dinheiro precisa enfrentar filas para pegar em baldes a água distribuída pelos militares da Minustah.

Nas cidades mais atingidas pelas tempestades tropicais, a situação é pior. Em Gonaives, onde mais de 400 pessoas morreram e 265 mil dos 350 mil habitantes ficaram desabrigados este ano devido à passagem dos furacões, foram registrados casos de malária, desinteria, hepatite, tétano, tifo. Houve também muitas pessoas que tiveram infecção respiratória por causa do mau cheiro. Vi seu povo, Haiti, exposto àquele odor azedo, ácido e repugnante, fruto da decomposição de corpos de pessoas, animais e outras matérias orgânicas misturadas à lama e ao lixo, que borbulhavam sob um sol fustigante de mais de 40 graus. Um retrato desolador da miséria humana associada às catástrofes naturais. Ai, Haiti!

Apesar de tudo isso, muitos foram os relatos que ouvi dos próprios haitianos e dos integrantes da Minustah dando conta de que as condições do país melhoraram após a intervenção, em 2004, das tropas das Nações Unidas, lideradas pelo Brasil. Ainda que frágil, a pacificação do Haiti é uma realidade desde meados de 2007. Antes disso, era comum ver cabeças decepadas ou corpos estripados pelas ruas de Porto Príncipe, resultado dos violentos confrontos entre gangues. Mas a realidade do Haiti ainda requer muita solidariedade. A falta de dignidade mínima para se viver, a mendicância e o clamor do povo haitiano não podem ser ignorados e precisam ser levados a todos que desconhecem o que se passa naquele país. E cada um de nós pode ajudar.

Grupo Solidariedade Haiti
solidariedadehaiti@hotmail.com
Brasília: (61) 8187-7397 - 3208-5904

Belo Horizonte: (31) 3337-9530
Apoio: Revista Nós -
www.nosrevista.com.br e Thesaurus Editora de Brasília

Rio de Janeiro: (21) 9689-8051
Ponto de coleta no Rio:
Casa de Cultura Laura Alvim
Av Vieira Souto, 176
Ipanema
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