Renasce o movimento de mulheres indígenas na Flor da Palavra de Tefé - AM
Por Sezta Internacional 21/11/2008 às 15:52
Aconteceu de 13 a 15 de novembro, em Tefé, Amazonas, a Flor da Palavra + Assembléia da Associação Cultural dos Povos Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (ACPIMSA - de 13 a 14) + Assembléia da Associação das Mulheres Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (AMINSA - dia 15). A assembléia de mulheres, que começou a ser mobilizada com apenas uma semana de antecedência, foi inesperada para grande parte dos participantes dos eventos. Segundo Maria do Socorro, índia Cocama da aldeia Boca do Mucura, Fonte Boa (AM), apenas os homens estavam se preparando para participar da assembléia da ACPIMSA. Então as mulheres da aldeia disseram que não ficariam para trás, insistiram e vieram junto para participar da ACPIMSA e nem imaginavam que haveria uma assembléia só para elas. No dia em que esta ocorreu reavivou-se o costume de que, quando a assembléia é de mulheres, quem cuida da cozinha são os homens.
Após um período de desarticulação que se seguiu à crise da antiga União das Nações Indígenas de Tefé (UNI-Tefé), entidade que terminou depois de não conseguir mais prestar contas de seus projetos, sobretudo na área de saúde, o movimento indígena do Médio Solimões e afluentes vem ressurgindo e se renovando com novas e antigas lideranças e a multiplicação de associações que refletem, em parte, a multiplicação de oportunidades abertas por políticas públicas e ações da sociedade civil em defesa dos povos indígenas. Além da ACPIMSA e da AMINSA, já houve neste semestre a assembléia da União dos Povos Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (UNIPI-MSA), criada para substituir a UNI-Tefé, do Conselho Indígena do Rio Japurá (CIJA), que decidiu ampliar sua atuação para todo o Médio Solimões e afluentes, e outras ainda estão por acontecer até o final do ano. A AMIMSA foi criada no final dos anos 80 como parte da UNI-Tefé, mas agora está sendo fundada como organização autônoma.
A Flor da Palavra é uma rede de inspiração zapatista que pretende facilitar a criação de laços de comunicação e solidariedade entre povos, movimentos, grupos e indivíduos, tecendo assim "um mundo onde caibam muitos mundos" e o combate ao capitalismo. Nestas assembléias a participação da Flor da Palavra foi instalar a rádio livre Xibé para realizar a transmissão ao vivo dos debates e deliberações para toda a cidade de Tefé e região, além da realização de apresentações sobre o trabalho colaborativo do CMI-Tefé, Universidade do Estado do Amazonas e ACPIMSA na terra indígena da Barreira da Missão, sobre a experiência dos jovens participantes do CMI-Tefé e sobre a situação da juventude do bairro Nossa Senhora de Fátima, um dos bairros mais pobres e discriminados de Tefé, onde foi realizado o evento "Flor da Vila" e, segundo o novo coordenador da ACPIMSA Paulo dos Santos, 70% da população é indígena sem que exista o reconhecimento disto.
Conexões: Transcrição da palavra das mulheres indígenas na rádio Xibé Fotos da Assembléia da ACPIMSA Fotos da Assembléia da AMINSA Artigo: Flor Indígena - artes de fazer mídia livre na barreira da Missão
Flores já realizadas: Flor em assentamento do MST (Maringá) Pré-Flor da Palavra Curitiba e Floripa Flor da Vila Pescoço (Tefé) Flor Indígena (Tefé) Flor dos Movimentos Rurais (Tefé) Flor Punk (Brasília) Flor Casa das Pombas (Brasília) Flor Rizoma de Rádios (Campinas) Flor Sampa Flor Anti-Calderón (Marília)
Fonte: Centro de Mídia Independente - Brasil
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