PICICA: "Ao final (?) da Ditadura não foi
estabelecido um projeto para o país com ampla discussão com a população
que, afinal de contas, é quem sempre sofre as suas consequências.
Quando muito, estabeleceu-se uma democracia formal carregada de vícios
de base como o financiamento empresarial das campanhas eleitorais, a
manutenção da PM, tributos ainda da proposta de 1967 de Roberto Campos (
Bob Field para muitos) etc. Democracia social de fato, consistente e
ancorada em projeto, nem pensar."
A Conjuntura, Serviços Públicos e Estado Nacional
Ao final (?) da Ditadura não foi
estabelecido um projeto para o país com ampla discussão com a população
que, afinal de contas, é quem sempre sofre as suas consequências.
Quando muito, estabeleceu-se uma democracia formal carregada de vícios
de base como o financiamento empresarial das campanhas eleitorais, a
manutenção da PM, tributos ainda da proposta de 1967 de Roberto Campos (
Bob Field para muitos) etc. Democracia social de fato, consistente e
ancorada em projeto, nem pensar.
Entender uma conjuntura deve servir para
rearranjar um projeto ou para compreender o que deve constar de um
projeto inexistente.
Na atual, no plano interno parece que
vivemos uma enorme crise com as peripécias, digamos assim, da
presidência da Câmara Federal, a operação Lava-Jato, o (des)ajuste
econômico, o qual em cinco meses aumenta a relação divida/PIB em 3,6%
(durante todo segundo mandato da presidenta, subiu 7,1%), fora o que
deixamos de dizer. Somos um povo, uma esquerda e um país de corruptos e
incompetentes. Exceto, é claro, os que se autodenominam preparados,
competentes e puros. É o que fica no imaginário da maioria da população.
No plano externo, por outro lado,
podemos ver pelo menos duas questões significativas: a proposta de
mudança de regime do Pré-Sal feita no Senado e que envolve a
participação privilegiada de empresas petroleiras estrangeiras na sua
exploração, sem riscos, pois a Petrobrás fez, a seu risco, toda
localização e o dimensionamento das reservas; e a inusitada “visita”de
senadores à Venezuela que culmina com um pedido de sua expulsão do
Mercosul. Sai Cuba e entra a Venezuela como país que ameaça(?) os EUA.
Algo sub-colonial…
Existe conexão entre as duas conjunturas,
interna e externa. Ambas convergem para o mesmo modelo de
enfraquecimento do Estado Nacional. No Pré-Sal se completa o
enfraquecimento econômico que, no plano interno, se fecha com o aumento
da divida e sem nenhum ajuste tributário de caráter progressivo. Fora
as peripécias do presidente da Câmara. E viva o Santo Mercado!
No que diz respeito à enorme população
trabalhadora ou sem emprêgo, isso significa a impossibilidade de avançar
em se ter recursos para serviços públicos com qualidade e em
quantidade. Planejados e controlados com mecanismos de democracia
direta.
Assim, no espectro progressista trata-se
de fazer uma luta apontando para um projeto não mais calcado numa
burguesia trombeteada como simbolo de progresso e nem no consumismo por
ela viabilizado, mas na ampliação dos direitos sociais concretizados
nos serviços públicos de qualidade, públicos de fato e ambientalmente
equilibrados. Estes sim, a serem colocados como símbolos de progresso e
alicerces básicos de um projeto para o país.
Com duas particularidades. Uma discussão
de plataforma baseada em serviços públicos é algo que pode ser
traduzido de modo inteligível e de formação política para a imensa
maioria pois tem concretude. Outra, por se articular além da dívida e
revisão tributária, com a discussão da forma de exploração e utilização
de recursos do Pré-Sal, coloca tal projeto numa indispensável
perspectiva geopolitica.
Em matéria de concretudes, que são de
fácil entendimento, democracia com participação, para dizer pouca coisa,
temos muito o que aprender com a Grécia.
Fonte: Brasil em 5
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