julho 24, 2015

A moralina de esquerda e o avanço conservador. POR Bruno Cava Rodrigues (QUADRADO DOS LOUCOS)

PICICA: "Vendo como na esquerda brasileira, — em redes ou ruas, nos partidos ou no campo autônomo, — se intensificaram as tendências denuncistas, punitivistas, pedagógicas e moralizantes, fico pensando em como Nietzsche tinha razão, na Genealogia da moral, quando explicava como a derrota se converte em derrotismo e se interioriza como subjetividade no momento em que os derrotados desistem da luta real, porque não tem mais jeito, porque a Direita é muito forte, porque estamos cercados etc, contentando-se assim com a moralina dos injustiçados, o discurso impotente do oprimido." 

A moralina de esquerda e o avanço conservador

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Vendo como na esquerda brasileira, — em redes ou ruas, nos partidos ou no campo autônomo, — se intensificaram as tendências denuncistas, punitivistas, pedagógicas e moralizantes, fico pensando em como Nietzsche tinha razão, na Genealogia da moral, quando explicava como a derrota se converte em derrotismo e se interioriza como subjetividade no momento em que os derrotados desistem da luta real, porque não tem mais jeito, porque a Direita é muito forte, porque estamos cercados etc, contentando-se assim com a moralina dos injustiçados, o discurso impotente do oprimido. 

É esse o exato momento em que a vingança se torna a mais salvadora: a incapacidade de enfrentar verticalmente as forças no poder dissemina a má consciência horizontalmente, numa contínua gestão das paixões tristes pelos sacerdotes mais habilidosos, naquilo que Marcos Nobre, na semana passada, chamou de “anticonservadorismo militante”. O resultado da impotência é a formação de uma cadeia alimentar de culpas e culpados em que ninguém quer ficar por baixo, numa cascata de ressentidos até esmagar o último dos acusados. 

Perde-se duas vezes: a primeira na realidade, a segunda no plano dos humores e instintos. Em termos nietzschianos, um responsável pelo avanço conservador é a própria esquerda ao aceitar, ao se comprazer no íntimo em definir-se existencialmente como seu outro. Embora seja parte dele. Está para ser escrita essa genealogia.

Fonte: Quadrado dos Loucos

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