PICICA: "Adoro o tom do Sol nos fins de semana,
ares de acorde maior. Camus estava certo… é mais fácil ser feliz ao sol.
Diógenes se sentou na escadaria das praças de Atenas e bronzeou seu
corpo cínico, Nietzsche caminhou todas as manhãs pelos picos de
Sils-Maria até encontrar o retorno do eterno. Mas o que sabem os
filósofos sobre as tardes de domingo? O que sabem os filósofos sobre
encontros com velhos amigos? Descartes fechado em seu quarto, afundado
na neve, não tinha como acertar. Se estivesse na praia, teria dito,
“caminho, logo existo” ou quem sabe “cogito, ergo ando”, e teria ido
buscar um coco.
Deus não foi ao cinema pegar a sessão do
meio dia…. nem andou ao acaso por ruas que não conhecia. Eu ando, ando,
ando… o tempo fica na esquina em que cruzei com um olhar sedutor. Em um
domingo quente, não há recompensas, apenas ofertas. Me sinto capaz de
amar de graça, minha camiseta laranja não me deixa mentir. Quero abraçar
a existência como quem fuma seu primeiro cigarro matinal, lenta e
saborosamente. Me sinto o líder de uma alcateia de afetos, pastem
ovelhinhas, pastem e postem em paz, hoje tirei o dia para descansar.
Serei no futuro, quem sabe, um especialista em viver: não engolir a
seco, não ruminar pensamentos, não dar com a língua por entre os dentes."
Adoro o tom do Sol nos fins de semana,
ares de acorde maior. Camus estava certo… é mais fácil ser feliz ao sol.
Diógenes se sentou na escadaria das praças de Atenas e bronzeou seu
corpo cínico, Nietzsche caminhou todas as manhãs pelos picos de
Sils-Maria até encontrar o retorno do eterno. Mas o que sabem os
filósofos sobre as tardes de domingo? O que sabem os filósofos sobre
encontros com velhos amigos? Descartes fechado em seu quarto, afundado
na neve, não tinha como acertar. Se estivesse na praia, teria dito,
“caminho, logo existo” ou quem sabe “cogito, ergo ando”, e teria ido
buscar um coco.
Deus não foi ao cinema pegar a sessão do
meio dia…. nem andou ao acaso por ruas que não conhecia. Eu ando, ando,
ando… o tempo fica na esquina em que cruzei com um olhar sedutor. Em um
domingo quente, não há recompensas, apenas ofertas. Me sinto capaz de
amar de graça, minha camiseta laranja não me deixa mentir. Quero abraçar
a existência como quem fuma seu primeiro cigarro matinal, lenta e
saborosamente. Me sinto o líder de uma alcateia de afetos, pastem
ovelhinhas, pastem e postem em paz, hoje tirei o dia para descansar.
Serei no futuro, quem sabe, um especialista em viver: não engolir a
seco, não ruminar pensamentos, não dar com a língua por entre os dentes.
Quero me deslocar silenciosamente, como
um assassino furtivo. Andar na ponta dos pés e dançar leve, sem o peso
cotidiano de uma rotina de presidiário. Este instante é uma amostra
grátis da eternidade. Não me notem, sou parte íntima do universo ao
redor! Me joguem ao mar, alimentem os tubarões com minhas tripas, mas
não me digam quem sou nem onde estou. Andar sem ser percebido é o trunfo
de quem demanda inutilmente o reconhecimento de quem não vale nada.
Não importa que sorrisos falsos sejam
postados no Facebook. Pouco percebo as fotos cuidadosamente tiradas no
zoom de uma comida filtrada. Onde estão as luzes eternizadas em um
quadro sincero? Onde estão as pessoas ingênuas? Foram todas enganadas,
pegaram papéis de coadjuvantes em teatros escuros, engasgaram de tanto
comer e não mastigar, morreram sem perceber enquanto fingiam sorrir.
Não, mas não todas! Há lugar para a existência alegre? Sim! Vejo o
branco explodir em sete cores quando ruas viram calçadas e o olhar se
torna mais aguçado. O Sol brilha, o dia sorri, a criança dirige seu
triciclo, o cachorro abana o rabo, um pássaro faz seu ninho
cuidadosamente e eu quero apenas andar.
Não cometi nenhum crime, sou inocente.
Enquanto caminho convicto, sinto que penso melhor, e vou gostando de
pensar melhor e ver que o calor e a vida podem ser mais que lágrimas
secando no rosto. Há escadas para subir, ladeiras para rolar, cidades
para conquistar, Troias para invadir na calada da noite. Quero cantar um
grito de vitória enquanto vejo meus templos queimarem. Quero vencer
meus inimigos com uma piada suja! Quero cuspir no roteiro escrito por
Laio e dirigido por Jocasta.
Não importa a língua que falamos, nossos
exércitos são estrangeiros e compatriotas ao mesmo tempo. Negar a
contradição me cheira a limitação. Por isso, se for para maldizer,
prefiro passar ao largo, prefiro andar. Se me calo e caminho em
silêncio, não é porque quero conversar com meus fantasmas (sou ateu), é
porque evito tudo que se ponha no caminho da minha liberdade. Se for
para falar, quero se seja com os vivos. Os vivos! Se for andar, será no
meio de gente. Fiat Lux!
Todas as fotos foram tiradas por Valter Machado, participante do Projeto Trecho 2.8 – criação e pesquisa em fotografia (http://www.trecho2ponto8.org)
Fonte: RAZÃO INADEQUADA
Fonte: RAZÃO INADEQUADA
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