PICICA: "Em meio a crises econômicas, salas recebem — no mundo e no Brasil
— plateias impressionantes. Necessidade de escapismo, em tempos
difíceis? Ou apenas melhor oferta ao público?"
A crise não chegou ao cinema
Em meio a crises econômicas, salas recebem — no mundo e no Brasil
— plateias impressionantes. Necessidade de escapismo, em tempos
difíceis? Ou apenas melhor oferta ao público?
Por Bruno Carmelo
Nos Estados Unidos, 2015 se anunciava como um ano de risco para a indústria cinematográfica. O número crescente de blockbusters de alto orçamento levava à saturação do mercado e o público corria o risco de não poder assistir a todas as produções. Resultado: o ano poderia representar um sucesso ímpar em termos de arrecadação, ou um fracasso que faria Hollywood repensar suas estratégias. Steven Spielberg e George Lucas, dois grandes nomes do cinema de indústria, apostavam na “implosão” da indústria, em suas palavras.
No Brasil, o sucesso se confirma. Até agosto, os cinemas arrecadaram
R$1,65 bilhão – um aumento de quase 20% em relação a 2014. A mídia
raivosa, alardeando crise em cada editorial, ignora o fato de que
atividades de lazer, normalmente excluídas do orçamento familiar em
tempos difíceis, foram reforçadas pela classe média no cenário atual.
Mesmo as sessões de luxo (salas VIP, sessões em 3D e IMAX) registraram
aumento no número de ingressos e no número de salas construídas, de
acordo com o site especializado Filme B.
O cinema brasileiro tem surpreendido este ano. Além das comédias da Globo, que garantem anualmente uma parcela considerável dos lucros nacionais, retornaram às telas grandes produções infantis (Carrossel – O Filme) que o Brasil havia perdido desde a era dos Trapalhões e da Xuxa. Acima de tudo, foi apresentada em 2015 uma ótima safra de dramas sociais: Que Horas Ela Volta?, Casa Grande e Branco Sai, Preto Fica são obras potentes que desenvolvem o diálogo artístico e político de O Som ao Redor.
A maior falta continuam sendo os “filmes do meio”, ou seja, aquelas produções capazes de dialogar tanto com o público médio quanto com a crítica de cinema. São obras que não atingem os 3,7 milhões de ingressos de Loucas pra Casar, mas superam facilmente os 17 mil ingressos de O Lobo Atrás da Porta. Apenas a comédia dramática Entre Abelhas, este ano, estabeleceu a importante ponte entre o cinema de indústria e o cinema de experimentação, com seus 442 mil espectadores.
De qualquer modo, em termos gerais, o cinema se comporta muito bem, no Brasil e no resto do mundo. Seria uma necessidade maior de escapismo em tempos difíceis? Ou apenas uma melhor oferta ao público? Talvez a situação de caos financeiro, político e cultural não seja tão sombria quanto aquela retratada pelas Cassandras da grande imprensa.
Por Bruno Carmelo
Nos Estados Unidos, 2015 se anunciava como um ano de risco para a indústria cinematográfica. O número crescente de blockbusters de alto orçamento levava à saturação do mercado e o público corria o risco de não poder assistir a todas as produções. Resultado: o ano poderia representar um sucesso ímpar em termos de arrecadação, ou um fracasso que faria Hollywood repensar suas estratégias. Steven Spielberg e George Lucas, dois grandes nomes do cinema de indústria, apostavam na “implosão” da indústria, em suas palavras.
Por enquanto, o mercado do cinema se
comporta muito bem. Três dos seis maiores sucessos de bilheteria da
história foram lançados em 2015: Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros, Velozes & Furiosos 7 e Vingadores: Era de Ultron, nesta ordem (fonte: Box Office Mojo). A animação Minions ultrapassou US$1 bilhão, Divertida Mente obteve um dos melhores resultados da Pixar em anos, Cinderela e Missão Impossível – Nação Secreta superaram US$500 milhões cada um. O cinema dito especializado também não pode reclamar: a pequena produção sobre rap Straight Outta Compton
superou US$100 milhões, e dramas religiosos têm aumentado os lucros de
produtoras minúsculas nos Estados Unidos. O verão americano registrou a
segunda melhor marca de todos os tempos.
O cinema brasileiro tem surpreendido este ano. Além das comédias da Globo, que garantem anualmente uma parcela considerável dos lucros nacionais, retornaram às telas grandes produções infantis (Carrossel – O Filme) que o Brasil havia perdido desde a era dos Trapalhões e da Xuxa. Acima de tudo, foi apresentada em 2015 uma ótima safra de dramas sociais: Que Horas Ela Volta?, Casa Grande e Branco Sai, Preto Fica são obras potentes que desenvolvem o diálogo artístico e político de O Som ao Redor.
A maior falta continuam sendo os “filmes do meio”, ou seja, aquelas produções capazes de dialogar tanto com o público médio quanto com a crítica de cinema. São obras que não atingem os 3,7 milhões de ingressos de Loucas pra Casar, mas superam facilmente os 17 mil ingressos de O Lobo Atrás da Porta. Apenas a comédia dramática Entre Abelhas, este ano, estabeleceu a importante ponte entre o cinema de indústria e o cinema de experimentação, com seus 442 mil espectadores.
De qualquer modo, em termos gerais, o cinema se comporta muito bem, no Brasil e no resto do mundo. Seria uma necessidade maior de escapismo em tempos difíceis? Ou apenas uma melhor oferta ao público? Talvez a situação de caos financeiro, político e cultural não seja tão sombria quanto aquela retratada pelas Cassandras da grande imprensa.
Bruno Carmelo
Fonte: OUTRAS PALAVRAS
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