PICICA: "Em meio a crises econômicas, salas recebem — no mundo e no Brasil
— plateias impressionantes. Necessidade de escapismo, em tempos
difíceis? Ou apenas melhor oferta ao público?"
A crise não chegou ao cinema

Bilheteria
para todos: mesmo “Straight Outta Compton”, uma pequena produção
especializada, sobre rap, superou US$100 milhões em venda de ingressos
Por Bruno Carmelo
Nos Estados Unidos, 2015 se anunciava como um ano de risco para a indústria cinematográfica. O número crescente de blockbusters de alto orçamento levava à saturação do mercado e o público corria o risco de não poder assistir a todas as produções. Resultado: o ano poderia representar um sucesso ímpar em termos de arrecadação, ou um fracasso que faria Hollywood repensar suas estratégias. Steven Spielberg e George Lucas, dois grandes nomes do cinema de indústria, apostavam na “implosão” da indústria, em suas palavras.
Por enquanto, o mercado do cinema se
comporta muito bem. Três dos seis maiores sucessos de bilheteria da
história foram lançados em 2015: Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros, Velozes & Furiosos 7 e Vingadores: Era de Ultron, nesta ordem (fonte: Box Office Mojo). A animação Minions ultrapassou US$1 bilhão, Divertida Mente obteve um dos melhores resultados da Pixar em anos, Cinderela e Missão Impossível – Nação Secreta superaram US$500 milhões cada um. O cinema dito especializado também não pode reclamar: a pequena produção sobre rap Straight Outta Compton
superou US$100 milhões, e dramas religiosos têm aumentado os lucros de
produtoras minúsculas nos Estados Unidos. O verão americano registrou a
segunda melhor marca de todos os tempos.

Que Horas Ela Volta?, Entre Abelhas, Carrossel – O Filme
A maior falta continuam sendo os “filmes do meio”, ou seja, aquelas produções capazes de dialogar tanto com o público médio quanto com a crítica de cinema. São obras que não atingem os 3,7 milhões de ingressos de Loucas pra Casar, mas superam facilmente os 17 mil ingressos de O Lobo Atrás da Porta. Apenas a comédia dramática Entre Abelhas, este ano, estabeleceu a importante ponte entre o cinema de indústria e o cinema de experimentação, com seus 442 mil espectadores.
De qualquer modo, em termos gerais, o cinema se comporta muito bem, no Brasil e no resto do mundo. Seria uma necessidade maior de escapismo em tempos difíceis? Ou apenas uma melhor oferta ao público? Talvez a situação de caos financeiro, político e cultural não seja tão sombria quanto aquela retratada pelas Cassandras da grande imprensa.

Bruno Carmelo
Fonte: OUTRAS PALAVRAS
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