novembro 08, 2008

Psiquiatrização da infância

Nota do blog: O que alguns setores da mídia brasileira faz pela psiquiatrização da infância é estarrecedor. Nunca vi cobertura mais medíocre; um verdadeiro atentado ao direito de informação. Os dados são apresentandos sob falsa áurea científica. No caso da cobertura da Reforma Psiquiátrica brasileira, por exemplo, aí chega ser escandaloso os efeitos perversos da miopia midiática a serviço da ideologia psiquiátrica conservadora. Ao entrevistar as mesmas figuras carimbadas de sempre, prestam um desserviço ao país que mais se destaca pelo conteúdo revolucionário representando pelo modelo de atenção psicossocial vigente no país. Modelo cujas falhas têm mais e melhores críticos entre os companheiros que militam no movimento por uma sociedade sem manicômios. Conheço uma dúzia deles. Mas essa mídia comprometida prefere ignorá-los; inclusive parte da mídia independente. Anotem esses nomes, senhoras e senhores; qualquer um deles tem uma visão crítica que supera em anos-luz o que vem sendo publicado nesses espaços midiáticos, num desperdício de tinta, papel e campo virtual: Marcus Vinicius de Oliveira Silva, Ana Marta Lobosque, Miriam Abou-Yd, Rose Aparecida Silva, Edna Amado, Deusdet Martins, Heloiza Massanari, Roberto Tykanori, Sandra Fagundes, Gabriela Godoy, Dênis Petuco... entre outros. A quem interessar possa, façam contato. A luta por uma sociedade sem manicômios agradece. Agora tampe o nariz e mergulhe na matéria abaixo para entender com quantos paus se tece a psiquiatrização da infância.

28/10/2008 - 11h30

Transtornos psiquiátricos afetam 5 milhões de crianças, revela estudo

São Paulo - Pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), feita em todo País, revela de 5 milhões de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos têm sintomas de transtornos psiquiátricos. O levantamento, feito em parceria com o Ibope, entrevistou 2.002 mães de jovens. Os dados do estudo apontam que em 8,7% das crianças pesquisadas prevalecem sintomas de hiperatividade/desatenção. Em segundo lugar estão as dificuldades de aprendizagem, em 7,8%.

A pesquisa não detecta, no entanto, se as crianças efetivamente têm a doença, mas que têm sintomas importantes de determinado transtorno. O uso de álcool e drogas prevaleceu em 2,8% dos entrevistados pela pesquisa assustou os especialistas. "É um número altíssimo se levarmos em conta que não avaliamos só adolescentes, mas também crianças", afirma a psiquiatra infantil Tatiana Moya, da ABP.

Os sintomas dos transtornos psiquiátricos causam profundo sofrimento emocional nas crianças e adolescentes. Quanto aos pais, além de não conseguirem compreender o que está acontecendo, ainda podem interpretar de maneira errônea o comportamento dos filhos e até castigá-los.

"O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade muitas vezes é entendido como rebeldia", exemplifica a Tatiana. Os portadores desses transtornos acabam sendo rotulados como maus filhos. Famílias de crianças com transtorno desafiador opositivo passam por situações extremamente estressantes. "São aquelas crianças que de maneira sistemática e em tudo contrariam os pais. Se está calor e a mãe quer que ela vista blusa e saia, irá vestir blusa de manga e calça comprida. A oposição é tanta que muitas vezes não se consegue nem sair de casa com a criança."

Psicopata

Os especialistas afirmam que crianças com sintomas psiquiátricos não tratados podem se tornar adultos vulneráveis. Os que chegarem à idade adulta sem tratamento terão maior risco de abusar do uso de drogas e ter comportamento violento. "Crianças com depressão vêem o mundo de forma negativa. Um adulto que cresce dessa maneira vai ser inseguro e terá dificuldades, por exemplo, para lidar com as pressões de um emprego." No caso dos distúrbios de conduta, presente em 3,4% dos entrevistados, a psiquiatra explica que parte desses pode se tornar psicopata.
AE

Fonte: UOL Ciência e Saúde

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