Oleo do Diabo
Farofa na Satiagraha
Posted: 09 Nov 2008 09:48 PM CST
Atualizado às 00:52 de segunda-feira
O incansável e combativo blogueiro Eduardo Guimarães tropeçou. Normal. Mas a nossa blogosfera tem que debater as questões espinhosas, até esgotá-las. É a única forma, a meu ver, de derrotar o projeto midiático-ideológico-eleitoral que a mídia corporativa quer nos enfiar goela abaixo.
Leiam esse artigo do Eduardo, depois voltem aqui.
Tenho várias objeções a fazer:
1) Misturou alhos com bugalhos. A história da Satiagraha é uma coisa. Comparar Lula com Chávez, outra. Esse pentelho supremo, chamado Gilmar Mendes, um terceiro problema. Eduardo botou tudo no liquidificador e serviu a gororoba a seus leitores. Acostumados a ler sempre análises limpas e objetivas, eles beberam sem muitas perguntas.
2) Eduardo insinua que o governo Lula poderia interferir na decisão do Supremo Tribunal Federal em apoiar o habeas corpus concedido por Gilmar Mendes. Só se fosse louco. Não se discute com Supremo Tribunal, nem se comenta decisão. Apenas cumpre-se. Quer dizer, a gente, enquanto cidadão, pode comentar, contestar, protestar. Mas não o Executivo, pois isso causaria quebra na harmonia entre os poderes, e seria uma vitória política para Daniel Dantas e para a oposição, que o governo Lula "brigasse" com o Supremo. Não me espantei, contudo, com os votos dos juízes. Se eles não ratificassem a decisão de Mendes, criariam uma crise institucional no STF, desmoralizando publicamente seu presidente.
3) A briga entre Mendes e o juiz De Sanctis é outro problema no qual o Executivo não pode e não deve se intrometer. O juiz tem amplos meios de se defender. As associações nacionais de juizes o tem defendido muito bem.
4) Sobre a investigação sobre o delegado Protógenes, aí sim, também observo com estranheza. Mas também vejo com estranheza o delegado participando de seminários, conferências políticas, intermináveis entrevistas. Está havendo um grande prejulgamento da Polícia Federal, a principal instituição de segurança pública do país. Tenham paciência. A mídia está conseguindo vender muito facilmente as teorias conspiratórias que desmoralizam a PF. Onde está o capital político acumulado pela PF? Onde está o prestígio da PF? Além do mais, a gente não sabe o que está acontecendo, de fato, nos bastidores. Não temos informação e por isso raciocionamos em cima de boatos, e acho isso extremamente desagradável, até porque os homens tendem a acreditar muito mais em boatos do que em fatos. Aliás, cientistas ingleses constataram isso, que o ser humano tende a acreditar mais em boatos do que em notícias verdadeiras.
5) A comparação de Lula com outros presidentes latino-americanos, principalmente Chávez, Morales e Correia é extremamente infeliz. O poder amealhado por Chávez é, proporcionalmente, mil vezes superior ao de Lula. Chávez tem 100% do Congresso Nacional a seu lado e controla 70% do PIB do país através da PDEVEZA, que é 100% estatal. O governo brasileiro tem um orçamento extremamente limitado, lida com um Congresso onde a oposição é muito forte, e a Petrobrás, onde a iniciativa privada detém 49% das ações, mal consegue abastecer o consumo interno do país. Além do mais, Venezuela tem uma população de 27 milhões de habitantes. O Equador, que tem 13,8 milhões de habitantes, vive situação parecida. O presidente Correa controla quase a totalidade do Congresso Nacional e seu governo controla enormes reservas de petróleo. Considerando que a Bolívia tem 9,6 milhões de habitantes, pode-se verificar que a dimensão populacional do Brasil não tem paralelos na América do Sul.
6) Finalmente, há outro ponto. O governo Lula tem sido o grande fiador da estabilidade democrática da América Latina, respaldando Chávez, Morales e todos os presidentes de esquerda. Tivesse ele o perfil agressivo de seus colegas, não poderia exercer essa função.
7) Eduardo Guimarães fala que as mudanças ocorridas na Venezuela, Bolívia e Equador são muito mais expressivas do que as obtidas aqui. Outro tropeço, e dos brabos. O próprio Eduardo Guimarães, em diversos artigos e reportagens, observou que as mudanças REAIS ocorridas no Brasil são muito mais relevantes, em termos práticos para a vida do trabalhador e para a realidade das indústrias, do que na Venezuela. Nem falo na Bolívia, cuja pobreza é tão evidente que a comparação ao Brasil é risível. Falemos da Venezuela. Ora, com todo o respeito e admiração que tenho pelo Chávez, ele não conseguiu reverter o processo de desindustrialização vivido pelo país nas últimas décadas. Nenhum país se desenvolve, no longo prazo, sem indústria, e os venezuelanos não poderão viver eternamente de programas sociais bancados pelo petróleo, que é um recurso esgotável, e rapidamente esgotável.
8) Eduardo diz que os avanços brasileiros são tímidos. Tímidos? O deslocamento social para cima de dezenas de milhões de pessoas é mudança tímida? Realizar o maior programa social do mundo é mudança tímida? Somente o bolsa família alimenta duas vezes a população total da Venezuela... Pagar as dívidas externas, triplicar o valor do salário mínimo, criar 10 milhões de empregos, são mudanças tímidas? Recuperar e revigorar a agricultura familiar é mudança tímida? Ampliar o leque dos destinos das exportações brasileiras é mudança tímida? Fazer com que a América do Sul seja um parceiro mais importante que os Estados Unidos em nossa balança comercial é mudança tímida? Criar a TV Brasil, com verba anual superior a R$ 350 milhões, com orçamento garantido pela Constituição, é mudança tímida?
9) Os desdobramentos midiáticos da operação Satiagraha estão conseguindo minar a confiança das pessoas no governo Lula, mesmo entre seus mais tradicionais aliados. O fato de ter sido justamente o governo Lula que mandou prender Dantas é reiteradamente esquecido. As pessoas estão confusas. Não sabem mais se Dantas é adversário ou amigo do governo. No entanto, todas as notícias que eu li deixam bem claro: Dantas é o principal adversário econômico e político de Lula. Mais que Serra. Dantas é a eminência parda por trás do projeto de eleger Serra presidente da república em 2010.
10) Acredito que Dantas comprou juizes, polícias federais, jornalistas e parlamentares. Não é fácil pegá-lo. A investigação contra Protógenes, por exemplo, foi deflagrada por um delegado e aprovada por um juiz que já foi preso por suspeita de corrupção. O Estado democrático brasileiro é complexo demais para pensarmos que Lula pode estar presente e consciente de todas as situações. A gente não sabe direito nem o que acontece em nossa humilde casa. Esquecemos sempre de pagar uma continha aqui outra ali, sem maldade, mas porque nosso cérebro tem limitações naturais. Como querer que Lula possa resolver cada pendência, cada intriga interna? Quem está comendo mosca, pelo menos em termos de comunicação, é o ministro da Justiça, Tarso Genro, que tem se comportado de maneira um tanto canhestra neste caso Daniel Dantas. Há que se cobrar de Genro uma comunicação melhor, para que a sociedade não se sinta tão frustrada em sua ânsia de ver Dantas preso. E aí entra um sentimento bastante perigoso, a meu ver, o germe de um moralismo tolo, que é a ansiedade de ver as pessoas sendo presas. Isso é bobagem. O mais importante é desmantelar as quadrilhas e recuperar o dinheiro roubado. E isso foi feito, em parte. A luta contra Dantas, hoje, é uma luta política, que se desenvolve na mídia e na interpretação dos fatos. Dantas está conseguindo o que deseja: usar a sua própria imagem negativa para jogar a sociedade contra a Polícia Federal e contra o governo.
12) Não acho que a eleição de Serra colocará tudo a perder. Será uma derrota terrível para a esquerda e uma ameaça constante aos ganhos sociais conquistados. Mas a sociedade está muito mais aparelhada para se defender dos desmandos governamentais do que antes. Um governo de direita levaria a esquerda a uma união sem paralelos, e a desenvolver com seriedade e rapidez suas armas anti-midiáticas. A história é dialética, e a força pesando para um lado criaria um contra-peso no outro.
13) Outro fato que me aborrece nessa história do Protógenes é a tentativa de transformar a política, subitamente, numa questão moral. Como nasceu Dantas? Nasceu em reuniões fechadas com objetivo de beneficiar o grupo Opportunity no processo de privatização do sistema telefônico brasileiro. Como foi preso Dantas? Numa investigação da PF, determinada a partir de ordens vindas diretamente do Planalto. Protógenes é um herói? Não. Ao prender Dantas, ele cumpria ordens e ganha salário para isso. Carlos Prestes não ganhava salário para ser herói. Che Guevara não ganhava salário para ser guerrilheiro. Jesus Cristo não ganhava salário para ser o Messias. Protógenes é um policial brilhante, corajoso, destemido, exemplar. Ao transformá-lo em herói, porém, perder-se-á sua dimensão humana e sua dimensão institucional. Devemos prestigiar a instituição em si e não um homem da instituição. Nem devemos endeusar Protógenes, o que é ridículo e pode inclusive levá-lo, como está levando, a um caminho errado, ingênuo, a produzir um discurso político messiânico e furioso, que só beneficiará Daniel Dantas, que poderá alegar ter sido vítima de um delegado maníaco. A luta contra a corrupção é um processo lento, que passa pelo amadurecimento institucional e democrático do país. Transformar a prisão de Dantas numa redenção dourada também é ingenuidade, quiçá mau caratismo. Há gente, com certeza, querendo pegar esse caso para fazer valer a sua tese pré-fabricada de que o governo Lula é corrupto. Olha só, a prova está aí! É uma estratégia perigosa, porém. Porque Protógenes pode até revelar-se um sujeito extremista, um psolista de nascença, e ser, portanto, um opositor natural de Lula, mas se for isso mesmo, se ele for um desses esquerdistas radicais, a mídia apenas vai usá-lo para bater em Lula e depois o lançará ao lixo, como fez com Heloísa Helena e Chico Alencar, que receberam os holofotes apenas enquanto foram úteis para queimar Lula e o PT junto à esquerda. Protógenes pode ser um policial muito bem intencionado, mas se ele realmente alimenta a pretensão de derrotar, sozinho, a histórica corrupção brasileira, vale lembrar o Velho Testamento, Eclesiastes, que dizia: não sejais ético em demasia, porque isso também é vaidade.
14) A justiça acontecerá. Querer apressá-la, querer que Dantas seja preso antes da hora, demonstra ânsia, leviandade, moralismo e um pouco de ignorância. Não adianta prender Dantas. A luta é mais profunda. Precisamos ter paciência para esperar Gilmar Mendes sair de lá. Precisamos ter paciência para esperar as lutas internas da PF resolverem-se para o lado da verdade. Sim, porque a verdade, uma hora ou outra, prevalece. A sociedade democrática tem diversos instrumentos para buscar a verdade. Dantas está sendo investigado por diversas instâncias: Ministério Público, Justiça, Receita Federal, Polícia Federal, jornalistas como Mino Carta, adversários empresariais, parlamentares, ABIN, todas relativamente independentes entre si. Então, se escapar de uma, poderá ser pego por outra. Tenham paciência! Sobretudo, não esqueçam que Lula não é um policial. Nem deve ser. Lula não deve perseguir Dantas. Não deve perseguir ninguém. Nem Protógenes é santo. Ninguém é santo. Eu não sou santo. Você, leitor, não é santo. Protógenes é um policial e, mesmo bem intencionado, pode ter cometido erros graves durante sua investigação. É normal. Ninguém quer crucificar Protógenes. Mas é ridículo e perigoso tratar Protógenes como um santo intocável. Existe uma hierarquia na Polícia Federal. Como vocês acham que ele conseguiu prender o homem mais poderoso do país? Vocês acham que o Planalto não sabia? Vocês acham que ele prendeu Dantas apenas com a força de seus músculos? Não, ele teve o apoio da instituição Polícia Federal. A reclamação dele refere-se somente à etapa final da investigação, quando a diretoria da PF foi trocada. Há guerra dentro da PF? Claro que há, não apenas por motivos escusos, mas por vaidade, poder, projetos profissionais, ideologia, visões sobre a segurança pública, fatores normais que existem em qualquer instituição.
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Limpando as gavetas
Posted: 09 Nov 2008 01:35 PM CST
Os dias passam muito rápido e as notícias, ainda mais velozes, se perdem nos desvãos da memória. Mas deixam rastros. As notícias deixam rastros, e formam consciências. Por isso não podemos permitir que elas, as notícias, passem incólumes à nossa frente, sem destrinchar-lhes o significado oculto. Listarei alguns fatos que gostaria de comentar:
1) Onipresença de Gilmar Mendes e a deterioração moral de seu discurso.
Esta semana, Mendes fez um ataque gravissimo não apenas à Polícia Federal, mas sobretudo à luta contra a corrupção. Falando sobre as inúmeras operações da PF realizadas nos últimos anos, ele tentou desmerecê-las, dizendo: quantas condenações ocorreram, efetivamente?
Entendo que as operações da PF podem não resultar nas condenações que a sociedade espera. O mais importante, contudo, não é prender ou condenar pessoas, e sim desmantelar as quadrilhas e, com isso, interromper aquela sangria específica do dinheiro público. Se o seu filho for sequestrado, qual o seu interesse maior: reencontrá-lo vivo, intacto fisica e psicologicamente, ou matar o sequestrador? Naturalmente todos queremos ver os ladrões de colarinho branco na cadeia, mas eles possuem advogados muito bons, e que além de ser bons são amicíssimos do sr.Gilmar Mendes.
O discurso de Mendes constitui, portanto, um ataque indesculpável aos servidores públicos que arriscam a sua vida no combate ao crime organizado. Indicado por Fernando Henrique Cardos, Gilmar Mendes tem atuado exclusivamente no sentido de obstruir e desmoralizar a luta contra a corrupção no Brasil.
2) Os "gabeiristas", o novo udenismo e a moda "global"
Observação importante: o gabeirismo é um conceito meu, particular, não-científico e sei que obviamente muitos amigos, e maioria deles votou no Gabeira, que votaram no verdungo não se enquadram nesse perfil e, mesmo que se enquadrem, continuo achando que são seres humanos normais, merecedores de respeito, impostos de renda e descontos em supermercados. E digo mais: em troca de algumas cervejas, escutarei atentamente seus pontos-de-vista.
Dito isto, vamos ao que interessa.
Respeito muito quem optou em votar em Fernando Gabeira. Eu mesmo pensei em votar nele num primeiro momento. Mas logo verifiquei que estava sendo enganado, e continuo achando que a maioria dos que votaram no candidato verde foram iludidos pela mídia e por uma campanha enganosa e superficial. Ontem conversei com uma moça inteligente, uma "gabeirista" e pude tirar algumas conclusões. Note que nem todos que votaram em Gabeira são gabeiristas, e nem todo gabeirista o é puramente. O gabeirismo é um conceito abstrato e as pessoas são mais ou menos gabeiristas. Continuemos. Os gabeiristas são arrivistas politicos. Pretendem entender de política, mas não lêem blogs ou sites políticos. Sua leitura resume-se exclusivamente ao jornal O Globo. E, sinceramente, quem SÓ lê o Globo não pode querer discutir política. Sem informação, não existe política. E Globo, meus caros, não é informação. Quer dizer, pode até ser, mas apenas se contraposto a um obrigatório mergulho na blogosfera. Eu argumentei com esta moça que Gabeira era aliado ao PSDB e PV, além de seu próprio partido, o DEM, os mesmos partidos que formavam a base partidária do César Maia. Então? Qual a grande mudança que Gabeira representava? Barack Obama representa uma mudança não por seus belos olhos e sua bela pigmentação, mas porque vem amparado por alianças políticas novas, além de ser um democrata, partido adversário da sigla a qual pertence o presidente Bush.
O gabeirismo é, sobretudo, um fenômeno global. Todos os colunistas agora estão referindo-se direta ou indiretamente ao candidato e atacando Eduardo Paes, o novo prefeito. O engraçado é que Paes, até pouco tempo o bonitinho da midia, transformou-se num monstro. Aí ele nomeia Jandira Feghali para a secretaria de Cultura e o circo se arma. Que experiência ela tem em cultura?, denunciam os missivistas do Globo, e o grito se espalha pelas ruas. Ora, Serra tinha experiência com saúde quando exerceu o cargo de ministro da Saúde? Palocci, médico, não foi um excelente ministro da Economia? Quando César Maia nomeou um banqueiro para a pasta da Saúde alguém protestou? O irônico é que essas mesmas pessoas que protestam contra a nomeação de Jandira Feghali nem sequer sabem quem era o secretário de cultura do Rio. Vou confessar: nem eu sei. O secretário de Cultura do Rio é um fantasma que ninguém sabem quem é, nem o Globo jamais se interessou em informar. Sei que Miguel Falabella é diretor dos teatros. Miguel Falabella! O cara tem vinte e cinco empregos, dirige trinta e cinco peças, participa de quinhentos e quarenta e dois comerciais de tv e ainda encontra tempo para ser o diretor dos teatros do Rio de Janeiro! E não é só isso. Miguel Falabella representa o lado mais caricatural, reacionário, e pobre da dramaturgia carioca. Ele é um excelente comediante, um cara excepcionalmente criativo e engraçado. Mas não tem, definitivamente, o perfil e a isenção para exercer um cargo dessa importância. Ao noemar Jandira Feghali para a pasta da Cultura, Paes nomeou uma PESSOA. Não temos mais um fantasma à frente. As pessoas falam que queriam alguém ligado à área artística. Quem? Um ator? Um escritor? Ora, escritores têm que escrever, e não ser secretários de cultura. Atores tem que atuar e não serem políticos. Casos como Gilberto Gil são raríssimos, um em milhões, e não servem de exemplo. Além disso, alguém ligado à classe artística estaria amarrado às suas próprias panelinhas, já que ninguém pode ter arrogância de representar a totalidade da classe artística carioca. Ademais, a secretaria de cultura não é um feudo "dos artistas", já que a cultura é uma dimensão que ultrapassa o segmento artístico. Artistas devem se preocupar em fazer boa arte. Se a arte carioca sobreviveu ao César Maia e a seus fantasmagóricos secretários de cultura, certamente não sofrerá com Jandira Feghali, uma mulher cuja inteligência, idoneidade e independência de espírito é reconhecida até por seus mais ferozes adversários. Digo isso sem esperar nada em troca de Jandira. O que vier dela, agradeço. Apoio Jandira porque entendo o significado politico e ideologico de sua escolha. Representou um gesto de Paes muito claro de que ele quer se aliar a esquerda, mesmo contra a vontade dos sacerdotes globais. Foi um gesto de coragem. O problema do gabeirismo é de alienação, uma doença que atinge as pessoas mais inteligentes e bem-intencionadas. Não adianta. Se você ler apenas o Globo, não conhecerá nada sobre a realidade política, social e econômica do Rio, do Brasil e do mundo.
Por exemplo, a mídia fala na Colômbia como única ilha de liberdade capitalista na América Latina, depois do furacão de presidentes de esquerda que varreu o continente nos últimos anos. Mas não falam que, na Colômbia, as "aguardientes", ou cachaças, são monopólio do Estado. Não falam que a produção de café é controlada por um poderosa organização, a Federación Nacional de Cafeteros. Quer coisa mais socialista que isso? Não escrevem editoriais sobre o envolvimento de Uribe com o narcotráfico e o paramilitarismo, nem sobre a acusação de extermínio de inocentes e adversários políticos, denunciado recentemente pela Human Rights Watch. Qualquer notinha contra a Venezuela lançada pela organização não-governamental mais insignificante vira primeira página nos jornalões, e tema para longos editorais, entrevistas, debates. E quando uma das principais organizações de direitos humanos do mundo (que inclusive tem conhecido pendor anti-comunista) denuncia extermínio de inocentes na Colômbia, ninguém fala nada.
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