Segunda-feira, 10 de Novembro de 2008
QUEM PODE MATAR OBAMA?
Por Gregorio Baremblitt
Ultimamente aqui no Brasil tem uma polêmica tão sugestiva quanto estéril acerca de quais são crimes não anistiáveis: o terrorismo subversivo ou a tortura repressiva. Discussão obviamente absurda, porque a tortura é sempre parte do terrorismo de Estado, sendo que, sem exceção, os movimentos subversivos verdadeiramente revolucionários não torturam nem se propõem tomar o poder pelo terror. Apenas tentam restaurar pela força as condições nas que uma população possa decidir seus próprios destinos. Estas distinções elementares abrem sim a possibilidade de que, em determinadas circunstâncias, o Estado, ainda que falsamente democrático, deva reprimir energicamente certo tipo de movimentos, por exemplo, fascistas. Do mesmo modo, cabe aceitar momentos de alianças táticas entre movimentos revolucionários e Estados progressistas.Dentro dessa linha de reflexões, é interessante ensaiar diferenciar a assimetria assim descrita, do maniqueísmo entre o terrorismo dos diversos “eixos do mal” e o terrorismo, não só de Estado, senão também do povo norte-americano. Seria tão estúpido negar que as forças armadas dos USA torturam prisioneiros de guerra e impõem o terror a populações civis de países inteiros, como afirmar que certos movimentos terroristas e torturadores (pró-ditaduras teocráticas e nepotistas) são libertadores de suas populações.
Mas, voltando a algo muito discutível que dizemos: segmentos do povo “americano” são torturadores e terroristas? Claro que sim, claro que sim... Talvez não mais, mas seguramente não terminantemente menos, que outros povos que os “americanos” qualificam de incivilizados. Pedimos por favor que se nos poupe o trabalho de lembrar as chacinas de seitas, de sindicalistas, de negros, de emigrantes ilegais, de alunos de escolas secundárias, de ídolos populares e até de presidentes, que enfeitam a história de todos os tempos estadunidenses, incluídos os contemporâneos.
Nesse marco é que gostaríamos de fazer-nos eco de um temor que foi demasiado lateralmente mencionado nesses dias de esperança da “grande democracia indireta do Norte”. Efetivamente, parece que o presidente eleito representa preferencialmente forças, setores e movimentos menos imperialistas, menos bélicos, menos especuladores, menos racistas, menos chauvinistas, menos nacionalistas, menos fanáticos religiosos, menos tradicionalistas e conservadores do povo americano.
Sejamos então diretos: essas capas, grupos e classes são muito poderosas e algumas experiências mais ilustrativas que estatísticas demonstram que, quando “não gostam” - por exemplo- de um líder, um dos recursos que empregam para desimpedir-se é o de assassiná-lo.
Sem dúvida, os inimigos externos dos USA têm provado nessas coisas uma competência esquisita, embora digna da maior consideração. Mas aqui nos referimos aos inimigos internos, que são todos os desfavorecidos que antes enumeramos sucintamente, sendo que ainda não falamos de tantos outros cujas razões a razão não entende... Porque o sonho da razão democraticóide também engendra monstros.
Quem desses inimigos internos pode matar Obama? Qualquer um, é claro, mas preferencialmente crentes, militantes ou mercenários, voluntária ou forçadamente, consciente ou inconscientemente, presencial ou remotamente, ostensiva ou dissimuladamente, demonstrável ou indemonstravelmente.
É só isso o que tínhamos a dizer nessas linhas? Sim.
LONGA VIDA A OBAMA!
Desejamos profundamente que o pouco mais que a metade do povo americano que votou nele consiga protegê-lo das piores partes da outra metade que teve a ousadia de votar contra!
Fonte: A ESTOCADA DA SEMANA
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