PICICA: "Autonomia pressupõe empoderamento da própria vida e ação
coletiva direta, "Nóis por Nóis", e pressupõe também a liberdade de
colocar o dedo em todas as feridas críticas necessárias (a começar
frente ao próprio Estado), que a sociedade tem que colocar para a sua
transformação radical. Por isso nunca embarcamos nessa
história-pra-boi-dormir de "pós-rancor" e de falsa conciliação “amorosa”
das lutas sociais que temos no presente, afinal de contas bem pesadas,
e, se Nós quisermos, vamos ter ainda mais fortes daqui pra frente.
Como falar de “pós-rancor” em meio a mais de 570.000 dos nossos encarcerados neste momento em todo país?! Como “sorrir” com outras mais de 30.000 crianças e adolescentes penando em FEBEMs por todo território, aprisionando junto suas Mães e familiares?! Como ser “amável” com cerca de 60.000 pessoas do nosso povo assassinadas, mortas ou desaparecidas, todos os recentes anos no Brasil (estamos falando de cerca de 5.000 corpos dos nossos POR MÊS, ou 166 pessoas e famílias destruídas POR DIA), entendeu?! “Pós-rancor”?! É muita treta pra Vinicius de Morais ou Amorais...
Passar um verniz ideológico de “amor” sobre essa dor real que sentimos, produto da exploração e da opressão cotidiana de todo um povo por uma elite civil-militar secular, sempre nos soou como uma manobra oportunista do interesse apenas dessa elite patrocinadora da miséria, da violência continuada, e da sua cínica tentativa de disfarce “cordial e democrático”. Nenhum fim justifica esses meios!"
Como falar de “pós-rancor” em meio a mais de 570.000 dos nossos encarcerados neste momento em todo país?! Como “sorrir” com outras mais de 30.000 crianças e adolescentes penando em FEBEMs por todo território, aprisionando junto suas Mães e familiares?! Como ser “amável” com cerca de 60.000 pessoas do nosso povo assassinadas, mortas ou desaparecidas, todos os recentes anos no Brasil (estamos falando de cerca de 5.000 corpos dos nossos POR MÊS, ou 166 pessoas e famílias destruídas POR DIA), entendeu?! “Pós-rancor”?! É muita treta pra Vinicius de Morais ou Amorais...
Passar um verniz ideológico de “amor” sobre essa dor real que sentimos, produto da exploração e da opressão cotidiana de todo um povo por uma elite civil-militar secular, sempre nos soou como uma manobra oportunista do interesse apenas dessa elite patrocinadora da miséria, da violência continuada, e da sua cínica tentativa de disfarce “cordial e democrático”. Nenhum fim justifica esses meios!"
Manifesto
Mães de Maio: "preferimos seguir a construção rancorosa do verdadeiro Amor revolucionário"
Crítico ao coletivo Fora do Eixo, movimento social
diz o conceito de "pós-rancor" é "história-pra-boi-dormir"
Reprodução/Mães de Maio
Em 21 de outubro do ano passado, véspera do segundo turno das eleições, o Festival Existe Amor em SP, evento organizado pelo coletivo Fora do Eixo, levou cerca de 10 mil pessoas à Praça Roosevelt, no centro de São Paulo. Enquanto isso, integrantes do movimento social Mães de Maio acompanhavam o desenrolar de uma chacina que acontecera na periferia de São Paulo naqueles dias. "Estamos mais um dia contabilizando corpos, preparando enterros e velórios, tentando acolher e fortalecer famílias, lutando por Verdade e Justiça para nossos Mortos. O Amor está Morto em São Paulo!," sentenciou o movimento.
Nesta
semana, o Mães de Maio decidiu se manifestar sobre as críticas ao
coletivo. Leia abaixo a íntegra do comunicado feito pelo movimento:
MUITA GENTE TEM NOS PERGUNTADO SOBRE O "FORA DO EIXO"...
Nosso movimento não
tem como foco esta polêmica (temos a busca por Amarildos, Ricardos e
Justiças como prioridade todos os dias), nem vamos entrar em qualquer
onda de denuncismo, de crítica
ética-moral ou fulanização da história. Reduzir qualquer crítica social
mais profunda, da exploração capitalista e suas lógicas renovadas de
lucro, ao tema da “corrupção” é sempre mais interessante para o próprio
sistema capitalista - corrupto e corruptor na sua estrutura histórica -
do que para os reais interesses de nós trabalha-dores. Temos visto muito
essa manobra midiática nas ruas atualmente...
Enquanto movimento social autônomo, achamos que as experiências populares não podem ser capturadas de maneira nenhuma por empresas, ONGs, mídias comerciais, políticos ou outros intermediários de nossa cultura de resistência. Ninguém fala, muito menos capitaliza, em nosso nome! Isso vale para o campo da cultura e comunicação, onde acreditamos que os coletivos de artistas e comunicadores populares devem cada vez mais empoderarem-se e serem fortalecidos diretamente – sem intermediários. Isso vale também para as iniciativas sociais que lutam diretamente contra o genocídio da população preta, pobre e periférica, que sempre foi e continuará sendo nosso foco prioritário, e cuja luta não está à venda.
Autonomia pressupõe empoderamento da própria vida e ação coletiva direta, "Nóis por Nóis", e pressupõe também a liberdade de colocar o dedo em todas as feridas críticas necessárias (a começar frente ao próprio Estado), que a sociedade tem que colocar para a sua transformação radical. Por isso nunca embarcamos nessa história-pra-boi-dormir de "pós-rancor" e de falsa conciliação “amorosa” das lutas sociais que temos no presente, afinal de contas bem pesadas, e, se Nós quisermos, vamos ter ainda mais fortes daqui pra frente.
Como falar de “pós-rancor” em meio a mais de 570.000 dos nossos encarcerados neste momento em todo país?! Como “sorrir” com outras mais de 30.000 crianças e adolescentes penando em FEBEMs por todo território, aprisionando junto suas Mães e familiares?! Como ser “amável” com cerca de 60.000 pessoas do nosso povo assassinadas, mortas ou desaparecidas, todos os recentes anos no Brasil (estamos falando de cerca de 5.000 corpos dos nossos POR MÊS, ou 166 pessoas e famílias destruídas POR DIA), entendeu?! “Pós-rancor”?! É muita treta pra Vinicius de Morais ou Amorais...
Passar um verniz ideológico de “amor” sobre essa dor real que sentimos, produto da exploração e da opressão cotidiana de todo um povo por uma elite civil-militar secular, sempre nos soou como uma manobra oportunista do interesse apenas dessa elite patrocinadora da miséria, da violência continuada, e da sua cínica tentativa de disfarce “cordial e democrático”. Nenhum fim justifica esses meios!
Somos do “movimento pré-rancor” e da "mídia capoeira", e ao invés de entrar nessa mais nova histeria sobre o Fora do Eixo e seus Ninjas, preferimos seguir a construção cotidiana e rancorosa do verdadeiro Amor revolucionário.
Se nos permitirem uma citação, o "Manifesto da Antropofagia Periférica" do Sérgio Vaz, escrito lá no já longínquo ano de 2007: "A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. / Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. (...) / Contra o capital que ignora o interior a favor do exterior. Miami pra eles? “Me ame pra nós!” / Contra os carrascos e as vítimas do sistema. / Contra os covardes e eruditos de aquário. / Contra o artista serviçal escravo da vaidade. / Contra os vampiros das verbas públicas e arte privada. / A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza. / Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor."
Nós não somos dessa guerra de memes, nem dessa "paz". Nossa História, nossa Caminhada, nossa Campanha é Otra.
Mães de Maio da Democracia Brasileira
Enquanto movimento social autônomo, achamos que as experiências populares não podem ser capturadas de maneira nenhuma por empresas, ONGs, mídias comerciais, políticos ou outros intermediários de nossa cultura de resistência. Ninguém fala, muito menos capitaliza, em nosso nome! Isso vale para o campo da cultura e comunicação, onde acreditamos que os coletivos de artistas e comunicadores populares devem cada vez mais empoderarem-se e serem fortalecidos diretamente – sem intermediários. Isso vale também para as iniciativas sociais que lutam diretamente contra o genocídio da população preta, pobre e periférica, que sempre foi e continuará sendo nosso foco prioritário, e cuja luta não está à venda.
Autonomia pressupõe empoderamento da própria vida e ação coletiva direta, "Nóis por Nóis", e pressupõe também a liberdade de colocar o dedo em todas as feridas críticas necessárias (a começar frente ao próprio Estado), que a sociedade tem que colocar para a sua transformação radical. Por isso nunca embarcamos nessa história-pra-boi-dormir de "pós-rancor" e de falsa conciliação “amorosa” das lutas sociais que temos no presente, afinal de contas bem pesadas, e, se Nós quisermos, vamos ter ainda mais fortes daqui pra frente.
Como falar de “pós-rancor” em meio a mais de 570.000 dos nossos encarcerados neste momento em todo país?! Como “sorrir” com outras mais de 30.000 crianças e adolescentes penando em FEBEMs por todo território, aprisionando junto suas Mães e familiares?! Como ser “amável” com cerca de 60.000 pessoas do nosso povo assassinadas, mortas ou desaparecidas, todos os recentes anos no Brasil (estamos falando de cerca de 5.000 corpos dos nossos POR MÊS, ou 166 pessoas e famílias destruídas POR DIA), entendeu?! “Pós-rancor”?! É muita treta pra Vinicius de Morais ou Amorais...
Passar um verniz ideológico de “amor” sobre essa dor real que sentimos, produto da exploração e da opressão cotidiana de todo um povo por uma elite civil-militar secular, sempre nos soou como uma manobra oportunista do interesse apenas dessa elite patrocinadora da miséria, da violência continuada, e da sua cínica tentativa de disfarce “cordial e democrático”. Nenhum fim justifica esses meios!
Somos do “movimento pré-rancor” e da "mídia capoeira", e ao invés de entrar nessa mais nova histeria sobre o Fora do Eixo e seus Ninjas, preferimos seguir a construção cotidiana e rancorosa do verdadeiro Amor revolucionário.
Se nos permitirem uma citação, o "Manifesto da Antropofagia Periférica" do Sérgio Vaz, escrito lá no já longínquo ano de 2007: "A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. / Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. (...) / Contra o capital que ignora o interior a favor do exterior. Miami pra eles? “Me ame pra nós!” / Contra os carrascos e as vítimas do sistema. / Contra os covardes e eruditos de aquário. / Contra o artista serviçal escravo da vaidade. / Contra os vampiros das verbas públicas e arte privada. / A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza. / Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor."
Nós não somos dessa guerra de memes, nem dessa "paz". Nossa História, nossa Caminhada, nossa Campanha é Otra.
Mães de Maio da Democracia Brasileira
Fonte: CartaCapital
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