PICICA: "[...] a posição política do FdE acaba por capitular diante da lógica
totalizante e homogeneizante do capitalismo, e do papel do Estado na
reprodução desta lógica. Como afirmou Ivana Bentes, “o FdE entendeu que o
modelo da produção cultural é o modelo de funcionamento do próprio
capitalismo” [17]. Tal argumentação chega a ser
alarmante, dado que esse modelo de funcionamento vem convulsionando-se
em larga escala nos últimos 20 anos e, mais recentemente, submeteu a
economia global a uma crise sem precedentes, cujos efeitos ainda são
sensíveis. O que pensar então da produção musical independente submetida
a tal lógica autodestrutiva?"
O pós-rancor e o velho Estado: uma crítica amorosa à política do Fora do Eixo
2 de fevereiro de 2012
É fácil perder-se diante de um
emaranhado de conceitos desconexos que, através de retórica
apocalíptica, almeja integração orgânica ao sistema, estabelecida a
partir de um consenso de amplas bases no campo da produção cultural. Por Regis Argüelles [*]
A obra de arte reproduzida é cada vez mais a reprodução de uma obra de arte
criada para ser reproduzida. […] Mas, no momento em que o critério da autenticidade
deixa de aplicar-se à produção artística, toda a função social da arte se transforma.
Em vez de fundar-se no ritual, ela passa a fundar-se em outra práxis: a política.
Walter Benjamin, A Obra de Arte na Era da sua Reprodutibilidade Técnica
Não se passaram mais de três anos desde
que soube da existência de certo coletivo de cultura que atuava
especialmente na esfera da música independente. Naquela época, dizia-se
que as ações de tal coletivo concentravam-se na realização de festivais
pelo Brasil, de preferência em localidades que estivessem à margem do
eixo cultural hegemônico. Assim, bandas e demais profissionais
coletivamente divulgariam seus trabalhos, aproveitando-se do imenso
vazio cultural a que estão submetidos aqueles que, por devido
infortúnio, viviam desprovidos da produção musical independente do país.
O
“Circuito Fora do Eixo”, o coletivo em questão, define-se como uma
“rede de trabalhos concebida por produtores culturais das regiões
centro-oeste, norte e sul no final de 2005”, que, inicialmente, conectou
produtores das cidades de Cuiabá (MT), Rio Branco (AC), Uberlândia (MG)
e Londrina (PR). De lá para cá, entretanto, o coletivo ampliou sua área
de atuação: está hoje em 25 dos 27 estados da federação — inclusive no
“eixo” Rio-São Paulo, como faz questão de destacar em seu sítio — e
busca conexões mais orgânicas com outros países da América Latina. [1]
Ao que tudo indica, o Fora do Eixo (FdE) obteve êxito em relação à sua
proposta inicial de fomentar o trabalho de artistas e produtores
culturais de regiões diversas, que comumente estariam alijados de
participar dos circuitos tradicionais de financiamento de cultura.
Uma das figuras-chave do FdE é Pablo Capilé, produtor cultural originário de Cuiabá. Segundo ele, [2]
o coletivo começa a tomar forma por volta de 2000/2001, naquela cidade,
a partir de uma casa alugada com o objetivo de agregar músicos,
estudantes de publicidade e afins — futuros produtores culturais? — e de
enfrentar os desafios da nova configuração do mercado de música.
Servindo como espaço de ensaio para as bandas (e também, imagino, para o
estudo compenetrado de textos de Baudrillard por parte da galera que
não sabia tocar, os universitários), a convivência na casa estimulou a
discussão entre músicos e demais “agitadores” sobre as leis de incentivo
para que, de maneira colaborativa, conseguissem “ocupar mais espaço”.
Em outras palavras, o coletivo se organizou no sentido de ganhar editais
públicos e privados de financiamento, capazes de capitalizar vôos mais
altos de bandas e produtores associados.
A coisa não para por aí. Capilé destaca que, recentemente, o FdE passou a atuar no aparelho de Estado stricto sensu, “trabalhando para a eleição de vereadores em alguns estados, posicionando secretários de cultura em outros”. [3]
Trata-se, portanto, da efetiva transformação de mero concorrente de
editais de financiamento em um aparelho orgânico de atuação no tecido
político institucional, com todas as benesses e contradições que tal
posição, necessariamente, engendra.
Um movimento com essas características
precisou ampliar os processos de replicação de um discurso capaz de
fornecer suporte necessário à agregação dos interesses diversos de
produtores de cultura de todo país. Nesse sentido, o “conceituador”
Capilé aponta para dois projetos ambiciosos: primeiro, a criação de uma
Universidade, a UniFDE, responsável pela sistematização de todo o
processo de formação do circuito; e a organização do Partido da Cultura
(Pcult), “um núcleo de contaminação constante de um processo de
organização das políticas públicas desenvolvidas por esses coletivos”. [4] Em outro lugar, o Pcult é definido como
“um fórum informal, ambiente
supra-partidário permanente [que] trabalha para que a Cultura, tanto
quanto educação e saúde, seja tema central dos debates políticos
eleitorais, nas campanhas que acontecem a cada dois anos no país e no
desenvolvimento do Sistema Nacional de Cultura, aglutinando diversas
entidades, redes, movimentos e pessoas de todos os estados do país em
torno de temas diversos, sempre na esfera cultural.” [5]
Parece
que estamos diante de um quadro no qual o FdE eleva-se à condição de
portador de uma nova proposta de organização material da cultura, ainda
que subordinada à organização partidária institucional e às leis mais
amplas de reprodução do sistema do capital. Um dos indícios desta
condição é a moeda Cubo Card, um sistema de créditos que
funciona como forma de pagamento entre os participantes da rede de
trabalhos: “O Sistema tornou-se referência para a replicação (leia-se
remuneração?) nos coletivos do Circuito FdE, gerando a construção do
Banco Fora do Eixo Card”, informa o sítio do coletivo.
Universidade, Banco, Partido… existem
limites para o FdE? Um radiante Capilé constata que as adesões à rede
são cada vez mais conscientes e voluntárias, evidenciando que hoje
vive-se na era do “pós-rancor”, em contraposição à “sociedade do rancor,
típica do século XX”. A profª Ivana Bentes (ECO-UFRJ) aponta que o FdE é
uma das experiências coletivas mais capazes de influenciar políticas
públicas, além de constituir (junto com outros movimentos, como as
marchas)
“a base de um novo ativismo
contemporâneo, a emergência do precariado cognitivo, […] da percepção
que o sistema trabalhista fordista e previdenciário não dão mais conta
da dinâmica de ocupações livres (mesmo que frágeis e sem segurança) no
capitalismo de informação” [6].
Os modelos contemporâneos de circulação
de valores monetários e de sociabilidade justificam a organização
“solidária e em rede” do FdE e de demais lutas. Afinal, “não é só o
capitalismo financeiro que funciona em fluxo e em rede, veloz e
dinâmico. As novas lutas e resistências passam por essas mesmas
estratégias”, afirma Ivana Bentes. [7] Para aderir às “novas” lutas é simples: basta ressignificar-se,
ou seja, compreender que a sociedade da cognição (cognitariado,
informação, multidão, pós-marca, etc.) impõe determinados fluxos — e que
os movimentos sociais e de cultura devem adequar-se aos mesmos, sob
pena de perderem o bonde da história.
Abane a cabeça, leitor; faça todos os gestos de incredulidade.
Afinal, diante de tal guerrilha semiótica, o chamado à realidade de
Machado de Assis me parece mais que apropriado. É fácil perder-se diante
de um emaranhado de conceitos aparentemente (propositalmente?)
desconexos que, através de retórica apocalíptica (o fim da sociedade do
rancor, que nada mais é que o fim da luta de classes, de acordo com a
lúcida análise de José Arbex Jr [8]), almeja em verdade
integração orgânica ao sistema, estabelecida a partir de um consenso de
amplas bases no campo da produção cultural. Resta saber se o
crescimento vertiginoso do FdE autoriza-o a figurar nas posições de
intérprete vivaz do mundo contemporâneo e direcionador de políticas
públicas de cultura. A seguir, procuro demonstrar que, nesses casos,
recomenda-se máxima cautela.
As mais contundentes críticas à
avalanche discursiva pós-ideológica produzida pelos intelectuais ligados
ao FdE pousam, curiosamente, em questões materiais. China, músico
pernambucano e VJ da MTV, um dos pivôs do dissenso, fulmina:
“Eu vivo da música e preciso receber
os cachês dos shows para conseguir sobreviver. Ainda não estão
aceitando cubo card na padaria e em nenhuma conta que eu tenho [sic] que
pagar no fim do mês”. [9]
Vejam só, aqueles que produzem arte, ou
ainda, aqueles que investem a maior parte de suas energias em objetos
artísticos estão também inseridos em uma economia de mercado e, por
isso, dependem de rendimentos para continuarem vivos e produzindo
aqueles objetos. Até aí, nada de novo no front. A proposta de
oferecer uma moeda qualquer como pagamento tenta inovar na remuneração e
na circulação de formas artísticas, o que pode até soar interessante,
mas esbarra em um problema material: “não estão aceitando cubo card na
padaria”. [10]
Não é difícil compreender que a
organização de um festival de música é custosa. Além do cachê dos
artistas e demais profissionais, existe uma série de questões que
precisam ser equacionadas, tais como alimentação, segurança, atendimento
médico, transporte, etc. Custa grana, e não é pouca, o que torna
incontornável o problema do financiamento de cultura. Os movimentos
pós-ideológicos, a despeito da postura cínico-crítica em direção à
sociedade do século XX, apelam sem maiores pudores para o velho Estado
quando o assunto é capital para suas empreitadas culturais.
A posição de campeões dos editais
públicos de cultura foi responsável por mais questionamentos às práticas
do FdE. Na visão de Álvaro Pereira Jr., o Brasil virou a terra dos
indies estatais, onde “o viés ideológico direciona os recursos estatais
[e] estar aliado à política cultural do poder é crucial”, sendo o FdE
apontado como expressão maior, a personificação do indie de Estado. [11]
De acordo com um dissidente da Associação Brasileira de Festivais
Independentes (ABRAFIN), a entidade, sob a gestão do FdE, vem
concentrando seus esforços em direção aos incentivos estatais, não
avançando no mesmo sentido quando o assunto é a iniciativa privada. [12]
Um coletivo que recentemente saiu do FdE deu a entender que a atividade
política tem consumido de tal forma alguns agentes, ao ponto de se
tornar uma ameaça aos ideais fundantes do movimento. [13]
Na verdade, relações orgânicas entre intelectuais e Estado stricto sensu
não são novidade no Brasil. O peso específico do Estado na formação
social brasileira foi um dos elementos determinantes da relação de
“cooptação” de intelectuais que, a fim de efetuarem suas compras diárias
na padaria e na botica, acabavam por ocupar algum cargo na burocracia
civil ou militar. Uma vez à sombra do poder, não era imperativo que o
homem de cultura do Império, da República Velha ou do Estado Novo
flexionasse sua prática criadora rumo à ideologia dominante (embora
muitas vezes o fizesse); em realidade, lhe era aberto todo um leque de
modos de pensar não-apologéticos, conquanto que a discussão sobre a
estrutura do Estado que permitia a criação “livre” e “intimista”
prosseguisse intocada pelo nosso intrépido artista, tal qual se observa
no culto à subjetividade promovido pelo romantismo e pela contracultura
(COUTINHO, 2011, p. 49).
Apesar da perenidade observada nas
relações entre intelectuais e Estado, elementos interessantes
complexificaram o quadro esboçado acima, a partir de meados dos anos 70,
em plena ditadura militar. A Política Nacional de Cultura,
institucionalizada pelo governo do general Geisel, teve por objetivo o
investimento direto do Estado em produção cultural, aproximando-a de
moldes empresariais, cuja profissionalização e a conquista de mercado
eram pontos essenciais. Nos anos Figueiredo, artistas e produtores
culturais vivenciavam um momento de maior espaço para a produção, que,
por sua vez, já se enquadrava dentro dos parâmetros de uma indústria
cultural de massas. Desta feita, a associação entre produto cultural e
mercadoria encontrava-se, naquele período, em bases suficientemente
sólidas. A simbiose entre mídia e mercado, amplamente disseminada desde
então pela TV, aumentou as possibilidades de associação entre mercadoria
e produto cultural, ao colocar, por exemplo, a propaganda daquele sabão
em pó no enredo de sua novela favorita. [14] Estava,
portanto, pavimentado o caminho para a ampla atuação de um tipo de
intelectual no cenário cultural brasileiro: o produtor cultural,
responsável pela conexão entre os trabalhos de arte e os detentores dos
meios de difusão das obras (monetários e materiais), e a consequente
capitalização dessa relação para ambas as partes — e, é claro, a
garantia de remuneração pelo próprio trabalho.
Enquadrada
dentro de uma indústria cultural convulsionada pela livre troca
internetiana de arquivos digitais, restou à rede de trabalhos do FdE
apelar ao porto seguro do Estado, o velho mecenas da cultura nacional.
Decerto, o Estado que financia as ações do coletivo não tem mais aquela
carranca associada à ditadura militar; repaginado pela Terceira Via,
pelas teorias políticas pós-modernas, pelo “Lulinha paz e amor” —
evidências da inversão ideológica ocorrida dentro do PT e de outros
setores da esquerda brasileira — ostenta aparência de um “vovô garoto”,
livre do ranço burocrático e ideológico da “sociedade do rancor”.
Todavia, esse novo Estado investe em determinada produção cultural
incapaz de colocar em questão a estrutura material de dominação
assegurada pelo próprio Estado, cujo efeito é encapsular a produção
artística aos condicionamentos objetivos das relações de poder.
A associação acrítica ao aparelho de
Estado e à lógica empresarial são operações comuns em movimentos
socioculturais alimentados por certos esquemas teóricos pós-marxistas e
pós-modernos, como é o caso do FdE. E dificilmente poderia ser de outro
modo, na medida em que boa parte daqueles esquemas prega a autonomização
absoluta da cultura e do trabalho imaterial em relação às condições
materiais de produção e ao trabalho material. Nesses termos, a
dificuldade de negociação de cachês ficaria atribuída a um problema de cognição
dos pernambucanos; a importância do FdE estar na cidade de São Paulo
residiria no fato desta ser um “simulacro da Babilônia”. A própria noção
de materialidade das teorias “pós” fica obscurecida pela subsunção da
matéria a um significante, a uma contingência radical ou a pura
heterogeneidade. Esse tipo de argumentação promove o colapso do mundo
material em um tipo de exterioridade/meio que abre caminho para a
produção abstrata de ideias (McLAREN e FARAHMANDPUR, 2002).
O projeto ambicioso do FdE parece agora
refém de seu próprio nó conceitual, pois todo este aparato parece não
responder satisfatoriamente aos questionamentos econômico-políticos
promovidos por músicos que resistem à ideia de virarem “artistas
pedreiro” (a profissão concreta de pedreiro, massificada pelo século do
rancor, ainda oferece remuneração aceita na padaria) ou que veem com
reservas tanto uma associação deveras orgânica ao Estado quanto o
próprio método de atuação política do coletivo. Ou melhor, as respostas
oferecidas até então apenas reforçam a circularidade do discurso do FdE,
mesmo quando o assunto é a produção cultural de todo um estado da
federação (“o problema de Pernambuco é cognitivo”).
Evitando estar tão certo da minha
posição como estão, contraditoriamente, os intelectuais que pregam o fim
das metanarrativas, penso que o problema da cena musical independente
de Pernambuco passa por uma questão material. Negá-la — ou obscurecê-la
com um conjunto de argumentos e conceitos — significa perder a proteção
discursiva autorreferente e “revelar suas próprias afiliações de classe e
a ideologia que faz sua lógica interna aparentar um sistema
lógico universal” (EBERT e ZAVARZADEH, 2008, p. xxi). Talvez seja a
própria negação da influência das relações materiais no plano
sociocultural que permita a Capilé sugerir o apoio da Coca-Cola à
“Marcha da Liberdade”, [15] argumentando que hoje as
empresas buscam um contato direto com os movimentos sociais, sem que
seja necessária a exposição de sua marca. Da mesma ordem foi
posicionar-se contra a possibilidade da Marcha reivindicar ao poder
legislativo um projeto de lei que obrigue a polícia a fazer uso de armas
“menos letais”, quando se trata de reprimir manifestações — afinal, não
era necessário, para o coletivo, pautar qualquer coisa além da “própria
ideia de liberdade”. [16]
Em
suma, a posição política do FdE acaba por capitular diante da lógica
totalizante e homogeneizante do capitalismo, e do papel do Estado na
reprodução desta lógica. Como afirmou Ivana Bentes, “o FdE entendeu que o
modelo da produção cultural é o modelo de funcionamento do próprio
capitalismo” [17]. Tal argumentação chega a ser
alarmante, dado que esse modelo de funcionamento vem convulsionando-se
em larga escala nos últimos 20 anos e, mais recentemente, submeteu a
economia global a uma crise sem precedentes, cujos efeitos ainda são
sensíveis. O que pensar então da produção musical independente submetida
a tal lógica autodestrutiva?
O mais curioso nisso tudo é que as
manifestações mais inovadoras em resposta à crise do capital (e a
consequente tendência em aumentar seu caráter predatório) vêm pautando o
papel das grandes corporações, do Estado e da grande mídia na
manutenção de um sistema de exclusão econômico-política real da maioria.
Um exemplo é o Occupy Wall Street (OWS) e suas derivações por todos os
EUA que, ao mesmo tempo que usam e abusam das novas possibilidades de
conexão e distribuição de mídia disponíveis no mundo virtual, convocam
greves gerais, boicotes às grandes empresas, realizam assembleias ao ar
livre (com presença de movimentos sociais de todas as matizes) e apontam
para uma democracia horizontal (“We are the 99% [Somos 99%]”).
A resposta do Estado — atuando com apoio explícito das corporações — a
esses movimentos tem sido dura, dadas as demonstrações violentas de
desocupação pela polícia, as prisões em massa e demais arbitrariedades. [18]
Não podemos nos esquecer de que o “pós-modernismo”, hoje (ainda) considerado theoretical chic
por boa parte da academia, já possui nada menos que 20 anos de
disseminação na realidade cultural brasileira. Não é pouco tempo. Assim,
cabe a pergunta: no mundo global volátil e randômico, dado a crises e
mudanças repentinas, ao sabor do fluxo virtual de ideias, não seria a
política de “esquerda nos eixos” que estaria perdendo o “bonde da
história”?
[*]
rarguelles@gmail.com. Baixista indie desempregado (ex Supercordas, The
Cigarettes, Stellar, Superbug, A Lydie, 4-track valsa, Polystirene),
professor de história e doutorando em educação pelo PPGE/UFRJ. O autor
gostaria de agradecer a Kátia Abreu e Felipe Demier pela leitura e
sugestões valiosas.
[1] Aqui. [2] Aqui. [3] Idem nota anterior. [4] Ibid. [5] Aqui. [6] Aqui. [7] Idem nota acima. A prof. Ivana Bentes desponta como uma das principais teóricas do modus operandi do FdE, defendendo posições claramente conservadoras que assemelham-se à ironia pós-moderna do “capitalismo plus outras opções”, recentemente verbalizada por um dos maiores expoentes do campo. Conforme veremos adiante, os limites das políticas da pós-modernidade residem justamente na impossibilidade do discurso criticar as relações sociais subordinadas ao modelo de reprodução binário do capital. Sua linguagem altamente complexa acaba por operar dentro dos limites do fluxo de capitais, que, por sua vez, é um dos fenômenos de maior relevância para a manutenção do status quo. Não criticá-lo (“não existe outro mundo”) significa, no mínimo, abster-se da possibilidade de uma atuação política emancipada. [8] Devidamente replicada pelo artigo “A Esquerda nos Eixos e o novo ativismo” de… Ivana Bentes. (Aqui.) [9] Aqui. De acordo com o próprio Pablo Capilé (aqui, em 20/12/2011), o FdE encontra-se em “crise diplomática” com Pernambuco, tendo retirado suas bases deste estado. Em uma fala extremamente rancorosa, o produtor cultural acusa Pernambuco de ser o estado da federação que personifica a “lógica do rancor” e, destarte, está hoje isolado e estacionado no plano cultural nacional. Em suma, Pernambuco não soube “ressignificar-se” e adequar-se aos novos tempos do mercado de cultura, que é protagonizado pela proposta organizativa do FdE. [10] Fui alertado que a remuneração via cubo card hoje está restrita aos participantes efetivos da rede FdE. Assim, os artistas de maior público que se apresentam nos festivais do FdE recebem em reais, o que não deixa de ser uma contradição em termos, pois parece que a condição de “artista pedreiro” só serve para alguns. Uma boa discussão sobre o assunto encontra-se aqui. [11] Aqui. Ver também aqui. O jornalista Álvaro Pereira Jr. foi agraciado com uma réplica de Pablo Capilé (“Adeus ao sr. Pereira”, aqui). [12] Aqui. [13] Aqui. [14] Ver PELLEGRINI, T. Aspectos da produção cultural brasileira contemporânea. Aqui. [15] Ocorrida em 28/05/2011, na cidade de São Paulo, que contou com a participação de milhares de pessoas. [16] Aqui. Esse texto apresenta uma excelente análise dos pressupostos teóricos e contradições do FdE, definindo o coletivo como “uma classe de gestores que visa renovar a burocracia”. [17] Ver nota 5. [18] Aqui.
BENJAMIM, W. Conceptos de Filosofía de la Historia. La Plata: Terramar, 2007.
COUTINHO, C. N. Cultura e sociedade no Brasil: ensaios sobre ideias e formas. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
EBERT, T. & ZAVARZADEH, M. Class in culture. Boulder, CO: Paradigm Publishers, 2008.
McLAREN, P. & FARAHMANDPUR, R. Breaking significant chains: a marxist position on postmodernism. In: HILLet al. Marxism against postmodernism in educational theory. Lanham, MD: Lexington Books, 2002.
PELLEGRINI, T. Aspectos da produção cultural brasileira contemporânea. Aqui.
COUTINHO, C. N. Cultura e sociedade no Brasil: ensaios sobre ideias e formas. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
EBERT, T. & ZAVARZADEH, M. Class in culture. Boulder, CO: Paradigm Publishers, 2008.
McLAREN, P. & FARAHMANDPUR, R. Breaking significant chains: a marxist position on postmodernism. In: HILLet al. Marxism against postmodernism in educational theory. Lanham, MD: Lexington Books, 2002.
PELLEGRINI, T. Aspectos da produção cultural brasileira contemporânea. Aqui.
Desenhos de Roland Topor.
Fonte: Passa Palavra
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