PICICA: "É bem difícil escrever sobre a vida de
Deleuze. Ele era muito reservado, não deixou nenhuma auto-biografia, não
gostava de dar entrevistas. Considerava suas obras muito mais
importantes que sua vida particular. Apesar de tudo, era uma personagem
muito excêntrica, com unhas compridas e um jeito bem particular de agir
e falar (por exemplo, um período de sua vida em que sempre usava
chapéu).
Sua obra pode ser separada em duas
categorias: livros de conceitos (como “Diferença e Repetição” e “Lógica
do Sentido”, ambos obras primas) e livros de história da filosofia.
Apesar de ser considerado um grande historiador de filosofia, sua
abordagem é diferente dos seus companheiros, Deleuze mesmo dizia que
“fazia um filho pelas costas” de cada pensador que estudava. Sua
intenção não é encontrar o “verdadeiro” Nietzsche ou Espinosa. Não, na
verdade, os pensamentos dos filósofos que estuda são usados como
ferramentas para pensar o presente e por isso reinventa os filósofos
sobre os quais admira e escreve: Hume, Bergson, Espinosa, Nietzsche,
Leibniz, Kant."
Deleuze
Gilles
Deleuze nasceu em 18 de janeiro de 1925 e é considerado um dos maiores
filósofos do século passado. Filho de uma família de classe média,
passou a maior parte de sua vida em Paris (não gostava de viajar).
Deleuze estudou filosofia na Universidade de Sorbonne, Paris, entre 1944
a 1948. Durante sua vida toda foi professor, primeiro em liceus (até
1957) e depois em universidades como Lyon, Paris VIII e Vicennes.
É bem difícil escrever sobre a vida de
Deleuze. Ele era muito reservado, não deixou nenhuma auto-biografia, não
gostava de dar entrevistas. Considerava suas obras muito mais
importantes que sua vida particular. Apesar de tudo, era uma personagem
muito excêntrica, com unhas compridas e um jeito bem particular de agir
e falar (por exemplo, um período de sua vida em que sempre usava
chapéu).
Sua obra pode ser separada em duas
categorias: livros de conceitos (como “Diferença e Repetição” e “Lógica
do Sentido”, ambos obras primas) e livros de história da filosofia.
Apesar de ser considerado um grande historiador de filosofia, sua
abordagem é diferente dos seus companheiros, Deleuze mesmo dizia que
“fazia um filho pelas costas” de cada pensador que estudava. Sua
intenção não é encontrar o “verdadeiro” Nietzsche ou Espinosa. Não, na
verdade, os pensamentos dos filósofos que estuda são usados como
ferramentas para pensar o presente e por isso reinventa os filósofos
sobre os quais admira e escreve: Hume, Bergson, Espinosa, Nietzsche,
Leibniz, Kant.
Outra questão muito importante foi a sua obra em conjunto com Félix Guattari, cujo encontro aconteceu em 1969. Anti-Édipo
(1972) e Mil-Platôs (1980) podem ser consideradas suas obras mais
importantes, ambas com o subtítulo “Capitalismo e Esquizofrenia”. Grande
parte das resenhas e conceitos abordados neste blog se situam neste
território (ou seria platô?) da crítica ao psicanalismo. Sua obra à quatro-mãos é de extrema importância para o pensamento moderno, principalmente após maio de 68.
Deleuze lecionou na universidade de
Vincennes até 1987 e é conhecido por ter sido um grande professor. Seus
cursos eram célebres e frequentados por uma enorme quantidade de
estudantes não matriculados que queriam conhecer o mestre dando aula
(até mesmo estrangeiros que consideravam as aulas de Deleuze um
importante ponto turístico para visitar e conhecer). Também ficou
conhecido por desenvolver um filosofia da imanência e do desejo, muitas vezes associada ao pós-estruturalismo.
Desde cedo o filósofo sofria de problemas
respiratórios e desenvolveu uma tuberculose em 1968. No fim de sua
vida Deleuze diminuíra suas atividades acadêmicas. Seus pulmões estavam
muito debilitados. Desde 1992 eles funcionavam com apenas um terço de
sua capacidade, em 1995 Deleuze só respirava com ajuda de aparelhos.
Então, em 4 de novembro do mesmo ano, Deleuze jogou-se da janela de seu
apartamento em Paris, deixando dois livros inacabados. Muitos estudiosos
da obra de Deleuze consideram seu suicídio condizente com o pensamento
que desenvolveu em vida, Deleuze se mata quando seus órgãos não
permitiam mais a vida passar em toda sua intensidade, seu ato final foi
uma afirmação de um corpo que estava quase morto. Uma vida que pediu
passagem, para fluir em outras direções.
Veja aqui todos os textos relacionados com Deleuze em nossa página
2. Abecedário
4. Devir-mulher
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