maio 11, 2015

SÃO PAULO: VII Prêmio Carrano de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos

PICICA: "A entrega do VII Prêmio Carrano de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos será realizada no dia 16 de maio, sábado, a partir das 17h, no auditório da Biblioteca Publica Alceu Amoroso Lima, em Pinheiros – SP. O evento integra a semana do Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18/05). Além da entrega do Prêmio, numa parceria com o Cine Querosene, haverá uma exibição de um documentário sobre o tema e contaremos com a participação de artistas, músicos e convidados a apresentação fica por conta do palhaço e músico Clerouak. Mais informações abaixo."


Gato Seco – Nos Telhados da Loucura & Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima

Convidam para a entrega do

VII Prêmio “CARRANO” de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos

Imagem do Prêmio

A entrega do VII Prêmio Carrano de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos será realizada no dia 16 de maio, sábado, a partir das 17h, no auditório da Biblioteca Publica Alceu Amoroso Lima, em Pinheiros – SP. O evento integra a semana do Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18/05). Além da entrega do Prêmio, numa parceria com o Cine Querosene, haverá uma exibição de um documentário sobre o tema e contaremos com a participação de artistas, músicos e convidados a apresentação fica por conta do palhaço e músico Clerouak. Mais informações abaixo.

Os convidados para receber o prêmio este ano de 2014 são:

1.    Beatriz Abramides (Professora da PUC-SP – a confirmar)
2.    Casa Rodante – (Intervenções urbanas no território da Luz)
3.    Coletivos em prol da Saúde Mental de São Paulo
4.    Davi Martim (Líder da nação Guarani M'bya da Aldeia do Jaraguá)
5.    Lucio Costa (Psicólogo e militante da Luta Antimanicomial do FLAMAS-Sorocaba)
6.    O Samba Pede Passagem (Programa apresentado por Moisés da Rocha)
8.    Tatiana Bichara (Militante Antimanicomial, Coreógrafa e professora de dança).
(Informações sobre os convidados abaixo)

Para completar o número 13, (relevante para o coletivo), faremos menção a 5 (cinco) nomes de importância na Luta Antimanicomial e Direitos Humanos entre eles, Chico Mendes, Nize da SilveiraCarlos Marighela, Frei Tito e ao  casal de ambientalistas e extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, mortos  no dia 24 de maio de 2011 em Nova Ipixuna, no interior do Pará, em uma emboscada, por dois pistoleiros, dentro do assentamento onde viviam, o Agroextrativsta Praialta Piranheira. Numa parceria com o Cine Querosene, antes da entrega do Prêmio, às 17h, haverá exibição de um documentário sobre a Luta Antimanicomial, a partir das 19h, nos intervalos da a entrega do prêmio, haverá leituras, performances e apresentações musicais com a participação de artistas convidados e pintura de tela ao vivo com o artista plástico D’Ollynda, o mestre de cerimônia será o palhaço e músico Clerouak. Estarão disponíveis os dois últimos livros publicados por Carrano em parceria com o selo O Autor na Praça com textos de teatro: “Canto dos Malditos” e “O Sapatão e a Travesti”. Veja mais informações abaixo.

Serviço:
VII Prêmio Carrano de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos
Dia 16 de maio de 2015, sábado, a partir das 17h – Entrada Franca. Local: Auditório da Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima. Av. Henrique Schaumann, 777 (Esq. Rua Cardeal Arcoverde) - Pinheiros – SP – Tel. 3082 5023. Realização: Coletivo Gato Seco – Nos telhados da Loucura. Informações: Edson Lima – 3739 0208 / 95030 5577 / Adriano Mogli - 99632 4748. Apoio e parcerias: CRP-SP - Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, SMDHC _ Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, O Autor na Praça, Movimento Trokaoslixo, Mutirão Cultural da Quebrada, Fórum Paulista de Luta Antimanicomial, Grupo Tortura Nunca Mais, AEUSP – Associação dos Educadores da USP, O Cantinho Português, Max Design, Prefeitura do Município de São Paulo / Departamento de Bibliotecas e outras entidades e instituições ligadas a Luta.

Já receberam o Prêmio Carrano em anos anteriores: Adriano Diogo; Agência Popular Solano Trindade; Allan da Rosa; Ana Elisa Siqueira; Antônio Lancetti; Ariel de Castro Alves; Associação Capão Cidadão; Associação Quintal Cultural; Cacá Pinheiro; Carlos Costa (Carlão da Banda Redonda); Carlos Eduardo Ferreira (Maicon); Carlos Giannazi; Casa do Saci; Centro Santo Dias de Direitos Humanos; Centro de Convivência é de Lei; Cia de Artes Balú; CRP-SP; Clara Charf; Comitê contra o Genocídio da Juventude Pobre, negra e periférica; Daniela Skromov; Claudia Valéria Ribeiro; Daniela Arbex; Dom Paulo Evaristo Arns; Dom Pedro Cassaldáliga; Eduardo Suplicy; Gegê (MTST); Geraldo Peixoto; Givanildo Manoel da Silva “Giva”; Grife Dasdoida; Grupo Tortura Nunca Mais; Ilú Oba de Min; Instituto Vladimir Herzog; José Ibrahin; José Roberto Aguilar; Laís Bodanzky; Leci Brandão; Luciano Santos; Mães de Maio; Magrão (Amigo de Carrano); Marcos Abranches; Marcos Garcia; Maria Amélia Teles “Amélinha”; Maria Rita Khel; Marilia Capponi; Multirão Cultural da Quebrada; Operação Braços Abertos; Paulo Amarante; Paulo César Sampaio; Raquel Trindade; Rede Social de Justiça e Direitos Humanos; Reinaldo Luz; Revista Ocas; Sebastião Nicomedes; Sonia Rainho; Tia Dag (Casa do Zezinho); Tico (Escritor); Toninho Rodrigues; Xico Sá e Z’África Brasil.

Histórico do Prêmio - 18 de maio é o dia Nacional da Luta Antimanicomial e no dia 27 de maio completam-se sete anos que um dos maiores militantes desta Luta nos deixou, em 2008: Austregésilo Carrano Bueno, dramaturgo e escritor, que se empenhou até o fim de sua vida pelo fim dos manicômios no Brasil. Carrano – como Nise de Silveira - se destacou na Luta Antimanicomial. Eleito representante dos usuários em congresso na cidade de Xerém-RJ, atuou muitos anos na Comissão Nacional de Reforma Psiquiátrica do Ministério da Saúde, chegando a receber, em 2003, uma homenagem das mãos do presidente da república Luís Inácio Lula da Silva, por seu total envolvimento na Reforma Psiquiátrica. Além das torturas e sessões de eletrochoques sofridas nos tempos em que foi isolado do convívio social e confinado “em chiqueiros psiquiátricos”, como dizia, Carrano sofreu vários processos judiciais por sua militância, principalmente por parte dos familiares dos médicos responsáveis pelos “tratamentos” recebidos nas passagens pelos manicômios onde esteve internado, por quase três anos. Após o confinamento escreveu o seu drama no livro “Canto dos Malditos” que originou o filme “Bicho de sete cabeças”, de 2001, primeiro longa-metragem dirigido por Lais Bodanzky, que revelou o jovem ator Rodrigo Santoro e se tornou o filme mais premiado do cinema brasileiro. A repercussão da obra no cinema e o livro intensificaram uma revolucionária mudança na Reforma Psiquiátrica no Brasil. Carrano nunca desistiu de seus ideais e sonhos por uma sociedade mais humana que trata a todos sem diferenças, continuou militando até seus últimos dias no Movimento da Luta antimanicomial, mesmo com a saúde debilitada e condições financeiras precárias - morreu condenado a pagar 60 mil reais para os médicos do qual foi “cobaia humana”, recebendo 21 eletrochoques e outras violências - sobre isso ele falava: "Estou condenado a indenizar as famílias dos torturadores dos quais fui vítima", mesmo nessas condições, no dia 18 de maio de 2008, participou do Dia Nacional de Luta Antimanicomial, Belo Horizonte, vindo a falecer nove dias depois.

O Prêmio é uma ação para que a sua voz não se cale e seu nome continue vivo não só no Movimento de Luta Antimanicomial, como nos direitos da humanidade em geral, criado em 2009, o Prêmio CARRANO de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos tem como objetivo dar continuidade a sua luta por uma mudança nas condições de tratamento de pessoas em sofrimento mental, fazendo valer a Lei nº 10.216/2001 da reforma Psiquiátrica no Brasil, da qual Carrano foi um dos maiores defensores e crítico. O troféu é entregue anualmente a 13 pessoas e instituições, que com sua arte e atitudes contribuem com os dois temas, denunciando, atuando com sua arte e manifestando sua indignação contra quaisquer violações dos Direitos Humanos, especialmente no que se refere às pessoas nas condições de sofrimento mental. Em 2009 foi criado o coletivo Gato Seco – Nos telhados da Loucura, que tem o papel da organização do Prêmio. O coletivo é formado por Edson Lima, coordenador do projeto O Autor na Praça, Erton Moraes escritor, compositor e músico do Movimento TrokaosLixo, Lobão, poeta, escritor, integrante do Movimento 1daSul e Sarau do Cooperifa,  grande amigo de Carrano, a produtora cultural Nádila Paiva, o educador e coordenador da AEUSP, Adriano “Mogli” Vieira, a escritora e produtora Paloma Kliss do projeto Literatura Nômade, a psicóloga e militante do Movimento Nacional de Luta Antimanicomial Patrícia Villas-Bôas Valero, a poeta Tula Pilar, o músico e compositor Léo Dumont e  outros amigos de Carrano. Trata-se de um grupo aberto a pessoas e instituições interessadas em participar e colaborar com esta iniciativa.

Veja um depoimento no plenário do Senado, pelo Senador Eduardo Suplicy no ano em que recebeu o prêmio: http://www.youtube.com/watch?v=XafXh0_Idlg.

Sobre os convidados:
Bia Abramides – Maria Beatriz Costa Abramides – É Assistente Social aposentada. Trabalhou muitos anos com habitação popular. Professora do Programa de Pós Graduação em Serviço Social da PUC-SP; Coordenadora do NEAM - Núcleo de Estudos e Pesquisas em Serviço Social da Pós graduação; Orientadora de mestrandas (os) e doutorandas (os)Coordenadora do GTP - Grupo de Trabalho e Pesquisa sobre Movimentos Sociais e Serviço Social da ABEPSS -Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social; Membro do GTP - Marxismo 21; Diretora da APROPUC - Associação dos Professores da PUC-SP. Integrante da Rede de Proteção aos Militantes Ameaçados de Morte. Integra o Comitê contra a Criminalização dos Movimentos Sociais. Editora geral da Revista PUC Viva. Membro do conselho editorial do Jornal PUC-Viva. Autora de diversos artigos; Conselho editorial das revistas "Em Pauta", "Cultura Crítica”, "Novos Temas", "Libertas", "Ser Social", Co-autora do livro "O novo sindicalismo e o Serviço Social",  Cortez Editora, 1995; Co-organizadora do livro "Movimentos Sociais e Serviço social:  uma relação necessária, Cortez Editora, 2014.  Em 2013 sofreu um processo administrativo, por parte da PUC-SP, com acusações, dentre outras, de “desrespeitar os superiores hierárquicos” e de “contribuir ou influir para de indisciplina dos estudantes”. O processo é em represália a sua participação em manifestação conjunta com os estudantes no CONSUN (Conselho Universitário da PUC) em 27 de fevereiro de 2013.

Casa Rodante - A Casa Rodante é um carro ateliê que promove intervenções urbanas no território da Luz / "De Braços Abertos" Parceria: SMDHC / Julio Dojcsar (casadalapa). Trata-se de uma casa-carro projetada por artistas da Casadalapa e convidados para atuarem nas ruas do bairro da Luz. O grupo circula pelas ruas do bairro, estaciona em determinados lugares, instala mesas e desenvolve atividades as mais variadas com moradores (jovens, adultos e idosos, usuários de crack). Saiba mais: https://www.facebook.com/rodante.luz.

Coletivos em prol da Saúde Mental de São Paulo - É formado por trabalhadores do campo da Saúde Mental, do SUS e militantes da Reforma Psiquiátrica. Tem como objetivo estabelecer um espaço dialógico colaborativo entre gestão, trabalhadores e população para a organização de uma rede de atenção psicossocial viva, horizontal, inclusiva e de qualidade! Formou-se em janeiro de 2014, com a proposta de debater e compreender como a atual gestão municipal planeja as ações para implantação na cidade de São Paulo do Plano Municipal da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS/SP. Realizou neste período dez encontros e várias intervenções para influir na política pública de atenção em saúde mental no município, mobilizando e agregando trabalhadores e territórios na defesa do direito ã atenção em saúde mental pública e de qualidade. 

David Martim – Líder indígena Guarani Mbya da aldeia Tekoa Itakupe (Sol Nascente), que vivem na Terra Indígena do Jaraguá (norte da capital paulista), estão sofrendo um processo de reintegração de posse de suas terras a favor do ex-pefeito de São Bernardo do Campo Tito Costa. A regularização fundiária da TI Jaraguá estende-se por mais de dez anos. Parte da área foi demarcada ainda nos anos 1980, antes da promulgação da Constituição Federal de 1988. No entanto, a área delimitada no documento, 1,7 hectares – a menor do Brasil -, é insuficiente para as mais de 500 pessoas que moram ali. Em 2013, graças à pressão das lutas indígenas pela revisão do território, a Funai aprovou os resultados dos estudos técnicos que reconhecem 532 hectares como limites da TI, incluindo a aldeia Tekoa Itakupe. A iminência da nova reintegração de posse assusta a comunidade indígena, que busca divulgar a luta para que seus direitos sejam assegurados. “Viver na aldeia é onde a gente vive a nossa cultura indígena, onde passamos o nosso conhecimento pras nossas crianças. Temos que lutar pela demarcação, para que as autoridades apressem esse processo. Tem pessoas que dizem serem donos da nossa terra e querem tomá-la, isso não pode acontecer”, denunciou Ari Karai, cacique da aldeia Tekoa Itakupe (Sol Nascente). David Martim reitera a gravidade da situação:“Nós não sabemos como vamos viver daqui pra frente”. Fonte: Socio Ambiental.

Lucio Costa - É formado em psicologia e tem mestrado em Educação pela Universidade Federal de São Carlos. É militante da luta antimanicomial e participou da fundação, em 2009, do Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba (FLAMAS). Atuou na articulação para o desmonte dos manicômios na região de Sorocaba, maior polo manicomial do Brasil, sofrendo perseguições e diversas formas de retaliação por grupos da anti-reforma – incluindo um processo civil movido contra ele e o professor Marcos Garcia por parte dos donos de seis dos sete hospitais psiquiátricos existentes na região. Em razão das denúncias feitas pelo FLAMAS acerca das graves violações de direitos humanos que ocorriam em manicômios de Sorocaba, em 2011, representando o FLAMAS, recebeu a maior condecoração feita pelo Estado brasileiro aos defensores de direitos humanos: o Prêmio Nacional de Direitos Humanos (categoria Enfrentamento e Combate à Tortura). Essa foi a primeira vez que um movimento da luta antimanicomial recebeu a congratulação concedida pela Presidência da República, Dilma Rousseff. Em 2013, trabalhou na Coordenação Nacional de Saúde Prisional do Ministério da Saúde, contribuindo na formulação da Portaria 94/2014, que prevê a construção de equipes multiprofissionais com a finalidade de promover a reinserção social de pessoas com transtorno mental em conflito com a lei. Ainda em 2013, passou a integrar a equipe da Coordenação Geral de Direitos Humanos e Saúde Mental da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, órgão em que permanece na função de coordenador geral. Em 2014, contribui com a formulação do Observatório Nacional de Saúde Mental e Justiça Criminal, coordenado pela Universidade Federal Fluminense.  Atualmente, representando a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, é Conselheiro do Conselho Nacional de Política sobre Drogas (CONAD). Mais sobre ele: https://www.facebook.com/lucio.costa.50.

O Samba Pede Passagem – Moisés da Rocha - Programa dedicado à preservação das raízes culturais afro-brasileiras. Com a apresentação de Moisés da Rocha, O Samba pede passagem completou 37 anos no ar, apresentado aos sábados e domingos no horário das 12 às 14h, na Rádio USP FM. Alem de radialista Moisés é um dos maiores pesquisadores samba, da MPB, também foi coordenador do carnaval da cidade de São Paulo pela SPTuris. A história da veiculação do Samba nas emissoras de rádio paulista, nos últimos 37 anos, não pode ser contada sem o reconhecimento do pioneirismo do radialista e pesquisador da MPB MOISÉS DA ROCHA, e de seu programa “O SAMBA PEDE PASSAGEM”, marco da popularização do samba nas emissoras de rádio, levado ao ar pela Rádio da Universidade de São Paulo, a Rádio USP FM – 93,7 MHZ. Premiado pela APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, o SAMBA PEDE PASSAGEM é um programa dedicado à preservação das raízes culturais afro-brasileiras, evocando personagens e criações musicais, e à divulgação de todos os talentos contemporâneos, reconhecidos ou não pela mídia em geral. O SAMBA PEDE PASSAGEM já foi transmitido por outras emissoras da capital paulista, Rio de Janeiro e outras cidades do interior. O respeito que MOISÉS DA ROCHA conseguiu entre músicos, compositores e intérpretes sempre garantiu a presença em seus programas de artistas consagrados e de novos talentos da MPB. Paralelamente, O SAMBA PEDE PASSAGEM transformou-se em marca popular no mundo do Samba, promovendo shows, feijoadas e outros eventos em várias cidades brasileiras. Fonte: http://osambapedepassagem.zip.net.

Projeto Poesia é da Hora – Marah Mends - O projeto Poesia é da hora coordenado pela escritora e ativista cultural Marah Mends, iniciou-se no ano de 2012 e ainda resiste, firme e forte! O projeto baseia-se na produção de saraus mensais, oficinas literárias e produção de livretos artesanais dentro de tendas de convivência para moradores em situação de rua da capital paulista, Tenda Barra Funda e Tenda Alcântara Machado (debaixo do Viaduto Alcântara). Juntamente com seus parceiros do coletivo, Henrique José como técnico de som e Nicanor Jacinto na filmagem, Marah Mends tenta contribuir socialmente com arte para um público que por vezes, foi esquecido pelo resto da sociedade ou simplesmente ignorado pelo poder público. Contato: Marah Mends - poesiaedahora@gmail.com - Vivo/whatsapp 55 11 9 7121 3403 - http://poesiaedahoramano.blogspot.com

Tatiana Bichara - É, psicóloga formada pela PUC-SP em 1998, tornou-se Mestre em Psicologia Social pela PUC-SP, em 2003, e Doutora em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da USP, em 2014. Atuante do Movimento de Luta Antimanicomial em suas labutas diárias, iniciou sua trajetória no campo da saúde mental em 1997, quando, ainda estudante da graduação, entrou para compor a equipe de profissionais do Coral Cênico Cidadãos Cantantes e de onde desdobrou a Oficina de Dança e Expressão Corporal, projeto que coordena há 13 anos. Atuou em diferentes projetos sociais não-governamentais e como docente da Faculdade de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e dos Cursos de Psicologia da UNIP/Jundiaí e da UNINOVE. Atua, hoje, como docente do Programa Rede Sampa da Escola Municipal de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (EMS/SMS-SP) na área de Rede de Atenção Psicossocial e integra o Grupo de Trabalho para a formulação de uma Política Pública Municipal na Interface Saúde e Cultura desde 2014. Após doze anos de experiência junto à Oficina de Dança e Expressão Corporal, em maio de 2014, defendeu a tese de doutorado no Instituto de Psicologia da USP, intitulada: “Dança para Todos: cartografias de experiências artísticas da Oficina de Dança e Expressão Corporal como lugar-ponte”, sob a orientação da Prof. Dra. Ianni Scarcelli, também ativista do MLA, na perspectiva de compreender o que a Oficina de Dança produz nos sujeitos que dela participam e na cidade, assim como de sistematizar esta prática em andamento, para que as pessoas, de um modo geral, tenham acesso aos modos e às reflexões construídas sobre um trabalho que busca preservar, de forma viva, os princípios do MLA, que, de acordo com Paulo Amarante, o objetivo da Luta Antimanicomial da qual falamos tem um propósito maior do que somente “a humanização das relações entre os sujeitos, a sociedade e as instituições.” Mas, sim, o de “construir um outro lugar social para a loucura, para a diferença, a diversidade, a divergência. [...] Nossos princípios vêm a ser: inclusão, solidariedade, cidadania”. Para ele, esse lugar social é aquele que “não é o da doença, da anormalidade, periculosidade, irresponsabilidade, insensatez, incompetência, incapacidade, defeito, erro, ausência de obra”.

Pequena biografia de AUSTREGÉSILO CARRANO BUENO - Curitibano, escritor, ator, dramaturgo. Autor de dois livros editados: “Canto dos Malditos”, que originou o filme “Bicho de Sete Cabeças” (veja aqui o trailler) e “Textos – Teatro – Seis peças para Teatro”. O texto para teatro de sua autoria “SOS Mãe natureza”, premiado na ECO-92, foi adaptado para livro infanto-juvenil, com titulo provisório: “SOS... Os Senhores Mesquinhos estão devorando a Mãe Natureza” que não foi publicado ainda, embora Carrano tenha batido a portas de algumas editoras. Em parceria com o selo O Autor na Praça, publicou em 2007, dois livros de textos para Teatro: Canto dos Malditos e O Sapatão e a Travesti, com a renda da venda desses livros esperava publicar de forma independente uma nova edição de “Cantos dos Malditos” e seu novo romance “Filhas da Noite”, ainda não publicado. Durante quase 3 anos de internações Carrano sobreviveu a 21 aplicações de Eletroconvulsoterapia; choques numa voltagem de 180 a 460 volts aplicados nas temporas.

Carrano foi Ativista do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, Membro da Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Representante dos Usuários no Conselho Nacional de Reforma Psiquiátrica (Eleito no Encontro Nacional dos Usuários e Familiares em Xerém, RJ), Defensor Ferrenho das Indenizações as Vítimas do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro, foi homenageado pelo Ministério da Saúde em 2003. O trabalho de Carrano foi reconhecido nacional e internacionalmente, envolvendo a questão da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Como ele exigia e defendia: “Temos que ter uma nova visão e maneira de tratarmos, sem preconceitos, respeitando seus direitos de cidadão, e aceitando o diferente que se encontra em sofrimento mental. Um basta definitivo no confinamento, sedação e experiências com cobaias humanas. Confinar não é tratar, é Torturar, portanto, são crimes psiquiátricos que devem ser cobrado responsabilidades e serem pagas indenizações as Vítimas”.

“(...) Ainda espero ser indenizado pelas torturas psiquiátricas sofridas, pela minha condenação aos preconceitos sociais, danos físicos, emocionais, morais, danos na minha formação profissional, danos financeiros, destruição de minha adolescência. E esses meus direitos de cidadão serão cobrado até o fim dos meus dias. Se não conseguir em vida, algum dos meus filhos ficará com essa incumbência. Justiça plena e total é o que exijo, e mesmo depois de morto continuarei a exigir. Não só para mim, exijo essas indenizações para todas as vítimas do holocausto da psiquiatria brasileira, não desistirei por nada nem que leve o resto da minha vida” (Texto de Carrano no posfácio da última edição do livro Canto dos Malditos).

Vejam depoimentos do Carrano: http://www.youtube.com/watch?v=bElqEmQhpBU
Neste depoimento Carrano faz a leitura de seu poema “Sequelas... e... Sequelas” de abertura do livro “Canto dos Malditos”, que originou o filme “Bicho de sete cabeças” (o texto do poema está ao final deste release).

SINOPSE do livro Canto dos Malditos - História real do período que o autor passou confinado por três anos e meio em instituições psiquiátricas do Paraná e Rio de Janeiro, dos 17 até 21 anos. Sofrendo torturas, e as mazelas de um sistema manicomial brasileiro arcaico, confinador, estigmatizante, e que chamam de “tratamento psiquiátrico”. O livro foi escrito não com a intenção de denegrir a imagem de médico psiquiatra algum, e sim é um relato fiel a que são submetidos os pacientes psiquiátricos dentro dos manicômios. O livro “Canto dos Malditos” deu origem ao filme mais premiado da história da cinematografia brasileira: “Bicho de Sete Cabeças”, dirigido por Laís Bodanzky, recebeu 45 prêmios nacionais e 08 prêmios internacionais, ao todo são 53 prêmios conquistados.

Homenageado pelo Presidente da República Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 28 de maio de 2003, pelo seu empenho na Reforma Psiquiátrica, que está sendo construída em todo o Brasil; Porém, todo esse empenho e reconhecimento, têm-lhe cobrado um grande preço, na sua terra natal. Em Curitiba, um Lobby de Psiquiatras, contrários às ideologias de Carrano, e do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, são eles, opositores ferrenhos a Reforma Psiquiátrica no Brasil. Esses Empresários da Loucura, donos e associados dos hospitais psiquiátricos, fizeram perseguições indecentes, constantes e aviltantes, lançou a 1ª edição do livro em 1990, pela Scientia et Labor, Editora da Universidade Federal do Paraná.  Dias após o lançamento, o livro foi retirado das livrarias a mando desse Lobby de Psiquiatras. Só voltando a ser publicado em 1991, pela Editora Lemos, de São Paulo, Carrano comprava a edição e a vendia em seminários, palestras, feiras culturais, entre elas uma em um Shopping da cidade, por onde chegou as mãos da diretora do filme Laís Bodanszky. Chegou a publicar e bancar sete edições do livro sem ser vendido em livrarias.

Em 13 de maio de 1998, Carrano entrou com a “1ª Ação Indenizatória” por erro, tortura e crime psiquiátrico no histórico forense brasileiro. Até sua morte em maio 2008, uma de suas rotinas foi responder a processos jurídicos de todos os tipos, até um processo que exige que ele se calasse, proibindo-o de falar de sua experiência dentro dos chiqueiros psiquiátricos que foi torturado. As Perseguições judiciais que recebia, eram repudiadas pela sociedade brasileira, causando indignação em ongs nacionais e internacionais de Direitos Humanos. O livro “Canto dos Malditos” foi cassado, retirado novamente das livrarias e proibido em todo o território nacional, em abril de 2002. Da primeira Ação Indenizatória por erro, tortura e crime psiquiátrico no Brasil, de vítima virou réu, em maio de 1999 foi condenado a pagar R$ 60.000.00 aos donos dos “Chiqueiros Psiquiátricos” do qual foi vítima. Entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal em Brasília. Em novembro de 2003 foi condenado novamente a pagar mais R$ 12.000.00 em vinte e quatro horas, por citar os nomes dos hospícios e dos médicos na imprensa, por estas citações chegou a receber ameaças de morte. Na sentença desse processo seu direito de livre expressão foi cassado, foi proibido de falar o nome de seus torturadores em público, com uma multa de R$ 50.000.00 a cada desobediência jurídica.  Julgado pelo Judiciário Paranaense, de Vítima da Tortura Psiquiátrica se tornou Réu por denunciar, exigir mudanças radicais, indenizações, cobrança de responsabilidades dos profissionais dessa falsa psiquiatria que confina, droga e mata pessoas em suas casas de extermínios, os “chiqueiros psiquiátricos” brasileiros. Pagou o preço por enfrentar essa Máfia do Inconsciente, donos exclusivos e ditadores do “Saber Psiquiátrico!”.

Tentaram o calar a todo custo. Foi sem dúvidas um artista, revolucionário, guerreiro da Luta Antimanicomial e dos Direitos Humanos e um dos mais batalhadores por estas causa no Brasil. Conseguiu, bancando sozinho o trabalho de seu advogado na liberação do seu livro “Canto dos Malditos”, depois de dois anos e meio cassado e retirado de todas as livrarias brasileiras, não contou com nenhum apoio da editora da época. “Canto dos Malditos” foi dos poucos livros proibidos depois do fim da Ditadura Militar.  Voltou às livrarias em setembro de 2004, com um posfácio mais picante, denunciando os crimes psiquiátricos e também as fortunas psiquiátricas ilícitas. Cobrando, exigindo “Indenizações” imediatas às Vítimas do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro... “A Luta pelos Direitos Sociais de nós ‘Vítimas Psiquiátricas’, está apenas começando, agora que a cobra vai fumar!” dizia Carrano.

 Sequelas... e ... Sequelas

Seqüelas não acabam com o tempo. Amenizam. Quando passam em minha mente as horas de espera, sinceramente, tenho dó de mim. Nó na garganta, choro estagnado, revolta acompanhada de longo suspiro.

Ainda hoje, anos depois, a espera é por demais agonizantes. Horas, minutos, segundos são eternidade martirizantes. Não começam hoje, adormeceram há muito tempo, a muito custo... comigo. Esta espera, Oh Deus! É como nunca pagar o pecado original. É ser condenado a morte várias vezes.

Quem disse que só se morre uma vez?

Sentidos se misturam, batidas cardíacas invadem a audição. Aspirada à respiração não é... É introchada. Os nervos já não tremem... dão solavancos. A espera está acabando. Ouço barulho de rodinhas. A todo custo, quero entrar na parede. Esconder-me, fazer parte do cimento do quarto. Olhos na abertura da porta... rodam a fechadura. Já não sei quem e o que sou. Acuado, tento fuga alucinante. Agarrado, imobilizado... Escuto parte de meu gemido.

Quem disse que só se morre uma vez?

(Austregésilo Carrano Bueno – Poema das quatro horas de espera para ser eletrocutado – aplicação da eletroconvulsoterapia). Veja o poema na voz de Carrano:

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