PICICA: "A se fazer uma analogia com o livro 1968, o ano que não terminou, do jornalista Zuenir Ventura, é de se dizer que 2015 é um ano que, no Brasil, “não vai terminar”.
Após
uma dura disputa eleitoral entre os dois partidos que têm polarizado a
vida política brasileira ao longo dos últimos vinte anos (PT e PSDB),
2015 iniciou-se com a posse de Dilma Rousseff, reeleita para o seu
segundo mandato de quatro anos. A investidura da Presidente no cargo,
contudo, não veio acompanhada de um ambiente de estabilidade
assegurando-lhe as condições da governabilidade. Isto em decorrência de
um conjunto de razões, coforme, a seguir, poremos em relace algumas
delas, sem necessariamente obedecer a uma cronologia em termos de ordem
hierárquica."
Política, poder e governo no Brasil: da história à farsa
Ivonaldo Leite (*)
A se fazer uma analogia com o livro 1968, o ano que não terminou, do jornalista Zuenir Ventura, é de se dizer que 2015 é um ano que, no Brasil, “não vai terminar”.
Após
uma dura disputa eleitoral entre os dois partidos que têm polarizado a
vida política brasileira ao longo dos últimos vinte anos (PT e PSDB),
2015 iniciou-se com a posse de Dilma Rousseff, reeleita para o seu
segundo mandato de quatro anos. A investidura da Presidente no cargo,
contudo, não veio acompanhada de um ambiente de estabilidade
assegurando-lhe as condições da governabilidade. Isto em decorrência de
um conjunto de razões, coforme, a seguir, poremos em relace algumas
delas, sem necessariamente obedecer a uma cronologia em termos de ordem
hierárquica.
PT, lulismo e Governo Dilma: contradições, equívocos e esgotamento
Uma
primeira razão a considerar diz respeito ao fato de o pacto político
firmado pelos governos petistas, aglutinando uma aliança de classes e
grupos sociais sob a chancela do que se convencionou chamar de lulismo (1),
começou a ser estiolado já no primeiro mandato de Dilma Rousseff. Este
pacto teve como correspondência no plano político-econômico a
tentativa de junção entre teses com afiliação neoliberal e formulações
desenvolvimentistas, supostamente com raízes na Escola
Desenvolvimentista que tem entre os seus expoentes Raúl Prebish e Celso
Furtado. Dessa tentativa de “casamento” surgiu então o chamado
neodesenvolvimentismo. Nas palavras de Plínio de Arruda Sampaio Jr.,
pode-se dizer que o neodesenvolvimentismo buscou conciliar pregações
neoliberais - como austeridade fiscal e ausência de restrição ao
capital internacional - com aspectos do antigo desenvolvimentismo, como
“o comprometimento com o crescimento econômico, papel regulador do
Estado, sensibilidade social” (2).
Como
elaboração teórico-conceptual, no entanto, o neodesenvolvimentismo
deixa muito a desejar. As suas vagas premissas deambulam em torno dos
instrumentos que devem ser mobilizados pela política econômica para
superar os obstáculos ao crescimento e conciliar as exigências do
equilíbrio macroeconômico com os objetivos da política industrial e as
necessidades orçamentárias da política social. Não são colocados em
causa factores danosos à nação, como a conexão entre dependência
externa e segregação social.
A
propósito, é de se assinalar a conivência do neodesenvolvimentismo com
a “sangria” da taxa básica de juros praticada no Brasil, que beneficia
o capital voltado à especulação financeira. Essa taxa, que já é alta,
conforme os padrões internacionais, em julho último, atingiu os 14,25%
ao ano, conforme pode ser obervado no gráfico a seguir.
O
aumento da referida taxa tem como consequência imediata a elevação das
despesas do governo, com o pagamento de juros aos detentores de
títulos da dívida pública. Cada ponto na elevação da mesma resulta num
acréscimo de despesa anual de 15 bilhões de reais.
No
curso do que estamos a assinalar, a partir de 2012, os sinais de cisão
do pacto petista-lulista tornaram-se evidentes. Como decorrência, para
as eleições de 2014, a frente de forças políticas em torno da qual
esse pacto foi celebrado fracionou-se, resultando daí até mesmo uma
nova candidatura presidencial, do então governador do estado de
Pernambuco Eduardo Campos. Este só não foi a votos em decorrência do
acidente aéreo que lhe tirou a vida, sendo então substituído pela
ex-Ministra do Meio Ambiente (e ex-petista) Marina Silva, com quem havia
feito uma aliança.
A
mencionada cisão resulta, significativamente, das próprias
contradições oriundas da base de sustentação do pacto e dos limites do
neodesenvolvimentismo. Chegou um momento em que a indução ao consumo
(através do crédito, do endividamento das famílias), os agrados à
iniciativa privada (benefícios fiscais, subsídios, abreviamento de
procedimentos – como no caso das licenças ambientais – para pavimentar
caminhos a empresas), os imperativos monetaristas, etc., tornaram-se
uma mistura de difícil gestão. Frente a isso, não tendo considerado
devidamente a dependência externa e com uma pauta de exportações
unisetorial, o governo viu-se com as consequências da queda dos preços
das commodities, no quadro da crise mundial, com a China, por exemplo, reduzindo as compras de produtos brasileiros.
Uma
segunda razão da falta de condições de governabilidade da Presidente
Dilma remonta ao ano 2013, naquilo que ficou conhecido como as Jornadas
de Junho de 2013. Tratou-se de um amplo conjunto de manifestações, com
considerável grau de espontaneidade e com uma pauta bastante
diversificada de reivindicações, embora o protesto contra as condições
de serviços públicos tenha sido um fator central da eclosão da
insatisfação popular, sendo de referir, nesse sentido, a rejeição ao
aumento dos preços dos transportes.
Essas
manifestações materializaram aquilo que, em análise, já se ressaltava:
o divórcio entre o PT/seus aliados (partidários e nos movimentos
sociais) e as manifestações de massa no país, que durante anos
estiveram sob a hegemonia do bloco petista. Lideranças desse bloco a
tudo assistiram de forma um tanto pasma. Multidões, quase diariamente,
percorriam ruas portando cartazes e pronunciando palavras de ordem, sem
abrir espaço em suas fileiras para os segmentos que tradicionalmente
davam direção a essas manifestações. Contudo, a dado momento, a ação
direta dos black blocs – investindo contra bancos, por exemplo –
passou a ser evidenciada e criminalizada, a repressão policial foi
acionada e as manifestações, perdendo apoio na classe média e a
simpatia dos meios de comunicação, se foram esvaziando.
Seja
como for, as manifestações de Junho de 2013 parecem ter representado
um divisor de águas na relação do governo com a população. O bloco
petista que se havia recomposto após a eclosão do escândalo do chamado
mensalão (compra de apoio político), entre 2005/2006, sendo prova dessa
recomposição a reeleição do Presidente Lula e a vitória da Presidente
Dilma em 2010, via-se agora (2013) diante de uma ampla insatisfação da
população e, ao mesmo tempo, às portas com o julgamento, pelo Supremo
Tribunal Federal, do dito mensalão, processo que se arrastava há cerca
de sete anos. Do julgamento decorreu a prisão de destacados líderes do
PT, como José Dirceu; por outro lado, não faltou polêmica em torno da
apreciação judicial, com advogados apontando o ‘não cumprimento do
devido processo legal’ e prejuízos à defesa dos réus.
Foi
nesse contexto que a Presidente Dilma foi a votos em 2014, buscando a
sua reeleição, e que foi obtida por uma pequena diferença de cerca de
3% dos votos sobre o seu adversário Aécio Neves.
As
lideranças petistas não souberam tirar as devidas lições das chamadas
Jornadas de Junho de 2013. Não perceberam (ou não quiseram perceber)
que o seu bloco, após mais de dez anos acoplado aos “negócios do
Estado”, havia se divorciado da base social que historicamente lhe dava
suporte. Sem respaldo popular substancial, o Governo Dilma tornou-se
fragilizado na relação com o parlamento.
Uma
terceira razão da instabilidade da administração petista refere-se ao
estelionato político-eleitoral cometido na eleição de 2014. Isto é, a
Presidente Dilma, em campanha, não só criticou duramente propostas do
seu adversário - assumidas por ele em dado momento como impopulares -
como reiterou diversas vezes que, uma vez reeleita, não adotaria
nenhuma medida que contrariasse a agenda social. Empossada para o
segundo mandado, todavia, desdisse com atos o seu discurso de campanha,
ao implementar pontos do programa do candidato Aécio Neves, o que
deixou os seus apoiadores, à esquerda, perplexos. Se, diante do percurso
das gestões petistas, o apoio, na segunda volta, à candidata Dilma já
tinha custado um esforço grande a esses setores à esquerda, a referida
postura da Presidente não só os frustrou como os fez retraírem-se no
seu respaldo. De resto, as parcelas da população atingidas com os
efeitos da política econômica monetarista voltaram-se contra o governo
e, como consequência, a aprovação ao mesmo caiu drasticamente.
Last but not least,
uma quarta razão da crise vivida pelo Governo Dilma Rousseff diz
respeito às consequências da opção feita pelo próprio PT na busca de
recursos para o financiamento de campanhas eleitorais. Ou seja, o
partido, sob a condução do setor que há anos o controla (onde José
Dirceu era possivelmente a principal referência, depois de Lula),
seguiu um caminho que, em princípio, rejeitava e passou a buscar
dinheiro junto a grandes empresas, como as empreiteiras. Daí foram
montadas articuladas redes de captação de fundos, cujos reflexos
episódios como o mensalão e o escândalo da Petrobrás trouxeram ao
conhecimento público.
A
honestidade pessoal da Presidente é reconhecida até por adversários,
mas o funcionamento das referidas redes, no mais das vezes, ocorre às
margens da anuência da chefia do poder executivo. Além disso, os seus
operadores não agem necessariamente apenas em função de “propósitos
políticos”, mas também pessoais, obtendo dividendos. Trata-se de um modus operandi
que tem sido usual na história política brasileira (e quiçá, em maior
ou menor medida, seja mesmo inerente ao funcionamento da “democracia de
mercado”), mas o que se esperava do PT era que não capitulasse perante
ele, pois nasceu combatendo-o. Desse ponto de vista, existe no país um
tratamento seletivo dos casos de corrupção: os que envolvem o PT são
abordados/apreciados exaustivamente e com rigor; os que envolvem os
outros partidos, de direita, não. Com isso, dissemina-se no imaginário
nacional o vergonhoso constrangimento da derrota político-moral
petista.
A grande imprensa, monopolizada, como avant-garde
dessa disseminação, serve de suporte à nova direita que se tem formado
no país, uma direita mais orgânica e ideologicamente estruturada, a
qual - seja comandando manifestações de rua, seja atuando no contexto
universitário – tem como propósito liquidar a própria ideia de
esquerda. O combate obstinado ao marxismo, a sintonia com outras
organizações de direita na América Latina (como métodos de ação
semelhantes), a realização de cursos para jovens sobre pensadores
(neo)liberais, etc., e mesmo a defesa de posições políticas
autoritárias, propagando intolerância, configuram a face dessa nova
direita brasileira, tripudiando sobre a derrota político-moral do PT.
Espetáculo da farsa, dúvidas sobre o futuro e uma lição
Estamos,
no Brasil, numa daquelas situações em que, como é próprio de “um ano
que não vai terminar”, os acontecimentos se sucedem numa velocidade que
“ultrapassa a marcha do tempo”. No continente da História, sem que se
assuma a postura de vidente, é possível - ligando passado e presente,
conjuntura e estrutura, observando o jogo do poder entre classes e
grupos sociais, etc. – tentar esboçar tendências de delimitação do
futuro. Na atual conjuntura brasileira, contudo, essa não é uma
tentativa fácil. Parecem imprevisíveis os rumos políticos brasileiros. A
Presidente Dilma Rousseff conseguirá reunir condições/apoios para
terminar o mandato? Renunciará? A chapa que disputou a eleição em 2014,
o que inclui o Vice-Presidente Michel Temer, será cassada e assim
ter-se-á uma nova eleição? A Presidente sofrerá impeachment? Se sim,
assumirá o Vice-Presidente ou, após um eventual afastamento da
Presidente, ele também será afastado e será convocada outra eleição?
Todas
essas hipóteses estão em aberto, e, por agora, às vésperas da
Primavera tropical, não há como apontar maior propensão à concretização
de nenhuma delas, sobretudo diante de factos como: 1) o avanço das
investigações da Operação Lavo Jato na esfera política; 2) os
contraditórios sinais de um pacto entre o Governo Dilma e o
empresariado, com destaque para a voz da alta finança; 3) a
oficialização do movimento na Câmara dos Deputados solicitando o
impeachment da Presidente; 4) a divisão, até o momento, no principal
partido de oposição, o PSDB, resultado da disputa interna em função da
próxima candidatura presidencial; 5) a influência/posição condicionante
que as agências de classificação de risco passaram a exercer sobre a
economia brasileira, após a Standard & Poor’s rebaixar a nota do país.
Seja
como for, entretanto, o que se afigura como fáctico é o macambúzio
ponto ao qual aportou o Governo do PT, bem como o próprio partido. De
concessão em concessão, chegou numa situação em que não tem mais aneis
para entregar, e então oferta os próprios dedos. Mete o seu programa na
gaveta e adota o da oposição derrotada nas urnas. Mas, mesmo assim,
nem isso lhe garante a continuidade. Em verdade, não equacionou a
relação entre atuação institucional e não institucional, e, por
priorizar absolutamente a primeira, desprezou a sua histórica base
social. Agora, com a derrota na institucionalidade, tem os canais de
interlocução obstruídos no tocante a quem poder-lhe-ia apoiar. A dada
altura, em decorrência dos rumos do PT, houve quem fizesse um paralelo
com o peronismo na Argentina (3),
para dizer que esse seria o destino do partido – ser uma espécie de
‘federação peronista’. Mas, ao que parece, nem isso. Posições de
determinados segmentos do peronismo, mesmo atualmente, estão bem à
frente do petismo lulista. De resto, não vale a pena tentar fazer a
história se repetir. Cai-se na oscilação entre tragédia e farsa (4).
Aliás, farsa por farsa, no Brasil, já há uma “original”: a de as
relações políticas e de poder terem gestado um jogo em que o governo
renega a história do seu partido e a oposição deseja derrubá-lo mesmo
ele adotando o programa oposicionista. A farsa em espetáculo.
Ao
fim e ao cabo, existe algo que não pode deixar de ser retido, como
lição, do percurso dos governos comandados pelo PT e da trajetória do
próprio partido: por um lado, a subestimação do jogo do poder que
perpassa as relações entre classes e grupos sociais, com reflexo no
Estado como instância de ‘condensação material’ dos interesses dessas
forças; por outro lado, o desprezo pela teoria, em nome da realpolitik
e do “praticismo cego”, pondo de parte o debate teórico como meio de
formação para a necessária inteligibilidade da realidade e enfretamento
dos desafios inerentes à ação política.
(*) Ivonaldo Leite
(n. 1969) é doutorado em Ciências da Educação pela Universidade do
Porto. É atualmente professor e investigador da Universidade Federal de
Paraíba em João Pessoa (UFPB)/Brasil. Tem publicado diversos trabalhos
no Brasil e em Portugal: Combatividade Sindical: as lutas do passado e os desafios do presente. 1ª. ed. João Pessoa: Idéia, 1996; Novas Tecnologias, Trabalho e Educação: Desorganizando o Consenso. 1ª. ed. Lisboa: Dinossauro Edições, 2002; Educação, Formação, Trabalho e Políticas Educativas. 1ª edição. Porto: Profedições, 2007. A sua tese de doutorado, de 2003, que ainda aguarda publicação, se intitula Sindicatos,
Trabalho e Educação: Um Estudo do Posicionamento do Movimento Docente
Brasileiro e Português durante a década de 1990.
______________
NOTAS:
(1) Sobre a definição do lulismo, ver SINGER, André. Os sentidos do lulismo: reforma gradual e pacto conservador. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
(2) Cf. SAMPAIO JR., Plínio de A. Desenvolvimento e neodesenvolvimento: tragédia e farsa, in Serviço Social & Sociedade, São Paulo, nº 112, out./dez. 2012, p. 679.
(3)
A propósito das comparações entre o PT e o peronismo, ver LUCA, Juan
Bautista. Origem e transformação do enraizamento sindical do Partido
Justicialista (Argentina) e do Partido dos Trabalhadores (Brasil), in Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, nº 05, jan./jul. 2011.
(4) A propósito, tendo em conta o contexto francês, em O 18 Brumário de Luís Bonaparte, Marx afirma: “Hegel
observa, em uma de suas obras, que todos os factos e personagens de
grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas
vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a
segunda como farsa. Caussidière por Danton, Luís Blanc por Robespierre,
a Montanha de 1845-1851 pela Montanha de 1793-1795, o sobrinho pelo
tio. E a mesma caricatura ocorre nas circunstâncias que acompanham a
segunda edição do Dezoito Brumário! Os homens fazem sua própria
história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de
sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente,
legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações
mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. E justamente quando
parecem empenhados em revolucionar-se a si e às coisas, em criar algo
que jamais existiu, precisamente nesses períodos de crise
revolucionária, os homens conjuram ansiosamente em seu auxilio os
espíritos do passado, tomando-lhes emprestado os nomes, os gritos de
guerra e as roupagens, a fim de apresentar a nova cena da história do
mundo nesse disfarce tradicional e nessa linguagem emprestada. Assim,
Lutero adotou a máscara do apóstolo Paulo, a Revolução de 1789-1814
vestiu-se alternadamente como a república romana e como o império
romano, e a Revolução de 1848 não soube fazer nada melhor do que
parodiar ora 1789, ora a tradição revolucionária de 1793-1795. De
maneira idêntica, o principiante que aprende um novo idioma, traduz
sempre as palavras deste idioma para sua língua natal; mas só quando
puder manejá-lo sem apelar para o passado e esquecer sua própria língua
no emprego da nova, terá assimilado o espírito desta última e poderá
produzir livremente nela. O exame dessas conjurações de mortos da
história do mundo revela de pronto uma diferença marcante”. Ver MARX,
Karl e ENGELS, Friedrich, O 18 Brumário de Luís Bonaparte, in Obras Escolhidas de Karl Marx e Friedrich Engels, vol. 01, São Paulo, Editora Alfa-Omega, s/d, p. 203.
Fonte: O COMUNEIRO
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