PICICA: "Ao longo de sua carreira, o artista transgrediu paradigmas da música, da moda, da cultura e influenciou mais que sua geração"
David Bowie se foi. Aqui estão frases que ilustram seu legado
Ao longo de sua carreira, o artista transgrediu paradigmas da música, da moda, da cultura e influenciou mais que sua geração
Relembre frases emblemáticas de David Bowie - e entenda como elas se encaixam em sua longa trajetória:
“O amanhã pertence àqueles que podem escutá-lo chegando”David Bowie foi aclamado por muitos como um artista muito à frente de seu tempo. O jornal americano "New York Times", no obituário que publicou para o artista, o descreve como o “impetuoso e revolucionário compositor que ensinou gerações de músicos sobre o poder do drama, da imagem e das personas”.
“Sempre tive uma necessidade de ser mais do que humano. Sempre achei fraco ser humano. Eu pensava ‘foda-se, quero ser sobre-humano’”Sua estética transgressora e por vezes andrógina também permitiu que ele se tornasse um símbolo da moda e da contracultura, mais notadamente da cultura LGBT. Em 1976, disse em uma entrevista à revista "Playboy" que era bissexual.
“Eu acho que a fama por si só não é recompensadora. No máximo, te consegue mesa nos restaurantes.”Bowie era um crítico do culto cego à fama desde antes da ascensão da cultura das celebridades. A primeira vez em que ele questionou os mitos da fama foi em Fame, uma canção de 1975. A letra diz “Fama, faz um homem assumir o controle / Fama, te coloca onde as coisas são vazias / Fama, não é seu cérebro, é só uma chama / Que queima suas mudanças para te manter louco”.
“Suponho que para mim, como um artista, não queria só expressar meu trabalho. Queria mesmo, mais do que tudo, contribuir de alguma forma para a cultura em que eu estava inserido.”David Bowie ficou conhecido por influenciar a cultura pop de maneira profunda e multidisciplinar: música, cinema, teatro, moda e movimentos de contracultura devem muito à obra do artista. Sua figura e a maneira como geriu a carreira lançaram reflexões sobre fama, símbolos e arte. Iggy Pop já disse algumas vezes que deve a carreira a ele.
“A música em si vai ser como água e eletricidade. (...) Tenho confiança de que em dez anos, por exemplo, não vai mais existir copyright”Em 2002, Bowie já previa a revolução musical que se aproximava com a popularização da internet e o MP3. Em uma entrevista, ele disse que os músicos deveriam aproveitar os últimos anos da indústria como conheciam e se preparar para fazer muitos shows, porque era a única coisa do modelo antigo que restaria. Ele também foi capaz de entender o que a internet representaria para a cultura dos direitos autorais na mesma época.
“Eu acho que venho escrevendo consistentemente sobre os mesmos temas por uns 35… quase 40 anos. Não houve muito espaço pra mudança comigo. Foi tudo sobre desânimo, desespero, medo, isolamento, abandono.”Há um tema recorrente na obra de Bowie: a sensação de ser um estrangeiro, um esquisito. Suas letras frequentemente descreviam o mundo do ponto de vista de alguém que não se encaixava, um renegado, um incompreendido, quase um alienígena. Um exemplo é seu primeiro grande hit, “Space Oddity”, de 1969, que descreve o diálogo de um astronauta solitário no espaço com sua base na Terra.
“Quando você vai ficando velho, todas as dúvidas se tornam duas ou três. Por quanto tempo? E o que eu faço com o tempo que ainda tenho?”Bowie nunca parou de produzir artisticamente, mesmo quando foi diagnosticado com câncer, em 2013. A energia dele é lendária: visível nos shows, nas várias faces artísticas que ele assumia e até nas frases - certa vez, Bowie declarou preferir as drogas estimulantes e disse que, se pudesse, não dormia.
Depois, seguiu fazendo outros papeis - dramas, comédias, animações e ficções científicas. A maioria de suas atuações foram pequenas participações: o site sobre cinema IMDB registra 39 papéis como ator. Também dirigiu, produziu e escreveu filmes, além de compôr trilhas sonoras.
“Eu não tenho lealdade estilística. É por isso que as pessoas me percebem como alguém que muda o tempo todo. Mas há uma continuidade real na minha identidade. [...], eu acredito que tenho mais integridade que qualquer outro artista com trabalho contemporâneo ao meu.”
“Já fiz mais de 25 álbuns de estúdio, e acho que provavelmente só fiz uns dois discos ruins, alguns que eram nada mal e alguns muito bons. Tenho orgulho do que fiz. Foi uma boa caminhada.”David Bowie tem uma obra longa e de qualidade consistente, mesmo com grandes dieferenças de sonoridade, de inspiração e de estética. Space Oddity, de 1969, é um disco de folk; The Man Who Sold The World, no entanto, inaugura uma fase de glam e hard rock do artista.
Hunky Dory, de 1971, é uma viagem de pop experimental e folk enquanto o próximo, The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, é uma opera rock sobre um alien bissexual que acaba de chegar de Marte e se torna um rockstar. Em 1974, Diamond Dogs já previa a sonoridade punk que tomaria conta da música poucos anos depois.
Young Americans, disco de 1975, foi aclamado pela juventude negra americana e se tornou um dos clássicos do soul. Bowie tem hits das pistas, como Just Dance, da rodinha de violão, como Space Oddity, hinos do rock, como Ziggy Stardust.
“Olhe para cima, estou no paraísoTenho cicatrizes escondidasBowie escolheu lançar Blackstar, seu último disco, no dia 8 de janeiro, data de seu aniversário. Estreou também o clipe de Lazarus, ambientado em um leito de hospital. A letra fala claramente sobre a iminência da morte, que ele parece encarar com resignação.
Tenho drama, não pode ser roubado
Agora, todo mundo me conhece
Olhe para cima, cara, estou em perigo
Não tenho mais nada a perder
Sabe, vou ser livre
Como aquele pássaro azul
Não é a minha cara?”
Fonte: NEXO
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