PICICA: "Entre tickets de viagem e curtas escalas entre aeroportos mundo a
fora, o ator Daniel Oliveira e a atriz e produtora Alice braga, ambos
brasileiros, provam que as produções nacionais são cada vez mais de
excelente qualidade e que além da simpatia e entrosamento, textos bem
escritos e lições quase de moral, são encomendas do pacote. Mesmo em
meio ao caos pessoal, as novas paixões e os antigos amores: embarcar é
preciso, viver (lentamente) também."
DO FILME “LATITUDES”: UM TAPA NA CARA E UMA VOLTA AO MUNDO
Latitudes são coordenadas geográficas de localização. Veneza, Istambul, Londres, Paris, José Ignacio ( Uruguai), Porto, Buenos Aires e São Paulo, são as latitudes exploradas pelo filme “Latitudes” de Felipe Braga.
Entrelaçados entre um texto bem escrito e um cenário mundialmente conhecido, o filme surpreende pela conexão quase surreal dos atores e por ser uma produção brasileira pioneira. Dividida em oito episódios de 22 minutos e em um longa, a produção é como os acadêmicos gostam de dizer: Um Projeto transmídia.
E trasmídia nada mais é, do que um determinado trabalho que será apresentado em diversas plataformas de visualização e nesse nosso caso: TV, web e longa metragem. E claro, desperta aquele gostinho de viajar, aquela vontade de se apaixonar e aguça aquela coragem de largar tudo.
Na trama, uma editora de moda e um fotógrafo se apaixonam lentamente. Normal, quem nunca? Mas no desenrolar da história cada um vai pra um lado, todos os dias um porto diferente, um aeroporto e um destino.
Em meio aos caos da vida pessoal de cada um, Daniel Oliveira, que vive José e Alice Braga, que vive Olívia vivem a separação a cada encontro.
Mas meus olhos de cigana obliqua e dissimulada, não se ativeram aos detalhes técnicos e nem mesmo aos belos cenários mundo a fora.
Embora cada detalhe seja digno de mérito, inclusive a qualidade da atuação do casal principal ( e praticamente único).
Meus olhos, foram na verdade, atraídos pro lado oculto do que somos cada um de nós. Seres humanos, no fundo iguais.
Olívia permanece em um casamento destruído pelo tempo, pelas viagens constantes de ambos e pelo comodismo – O que não é exclusividade dos personagens ( Serve pra mim a lição).
José vive um namoro a distância. Repleto de planos feitos a dois e de expectativas de um futuro. Mas dói mesmo, é perceber o quanto adiamos a felicidade, o quanto encharcamos nossos dias de compromissos e obrigações e acreditamos que toda essa correria desvairada e loca, que toda essa rotina quase imposta pela sociedade, vai nos levar a tão sonhada felicidade plena. Será que um dia chegaremos a ser 100% felizes? Ou sempre queremos mais? Existe felicidade plena? Dinheiro é felicidade plena? Ou o amor nos basta?
Queremos o mundo. Eu já quis, aliás, ainda quero.
Mas tão rápido quanto os carros que vão na estrada, são as oportunidades que nos aparecem, as chances de sermos felizes, mesmo que nem tudo esteja exatamente como gostaríamos.
É preciso parar e refletir: Não postergar o fim de relacionamentos vazios por medo, não perder a vida tentando ganha-la, não ter medo – mesmo que o medo pareça inevitável e por fim, somente ir, lentamente. Divagando os sentimentos, as conquistas. Desacelerando o relógio, activando a soneca eterna.
Mesmo que de porto em porto, aprecie o céu, o vento e o mar. Aprecie o fim dos dias, o início deles. Aprenda com os voos e com os dias turbulentos, mas não desista da próxima viagem.
E se o amor lhe couber, lhe calhar, sortear: vista-o por completo, se encontre no meio do caos pessoal e siga.
Ou a vida vai seguir. Ela nunca espera mesmo. Quem sabe devamos ser como a vida. Contínua e incansável, começa em uns, termina em outros.
Mas siga, sempre.
A vida é como um vinho, pra se embriagar, lentamente, até o dia de descansar. Mesmo que nos embriaguemos de porto em porto sem saber o rótulo da garrafa ou o nome do bar.
Fonte: OBVIOUS
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