maio 16, 2012

"Censura do prefeito Eduardo Paes a livro referência da Política Nacional sobre álcool e outras drogas surpreende profissionais da área" (Justiça Global)

PICICA: "Organizações da sociedade civil também questionaram a reportagem do jornal O Dia. "A matéria se constitui como mais um ataque à Política de Redução de Danos, instrumento que embasa o cuidado e o tratamento oferecidos pela Saúde Pública aos usuários de álcool e outras drogas, debatido por mais de uma década com setores representativos da sociedade brasileira, aclamada na IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial e reafirmada como Política de Estado pelo Ministério da Saúde". A forma como a Prefeitura do Rio vem tratando a saúde mental na cidade também foi citada. “A opção da prefeitura carioca, como se sabe, vem sendo pelas práticas de recolhimento e internação compulsórias em abrigos especializados e comunidades terapêuticas, escolhendo a repressão, o isolamento e a tutela aos usuários, em desrespeito às diretrizes das políticas públicas de Saúde e Assistência Social que vêm sendo reduzidas a meras coadjuvantes da ordem e segurança ‘públicas’." Em tempo: O livro em questão continua sendo referência no campo da reforma psiquiátrica antimanicomial. No entanto, veja a contradição, ao instituir a internação compulsória e o investimento público em comunidades terapêuticas, o governo federal colocou-se na contramão da história. O tema causa arrepios na medula dos militantes antimanicomais, temerosos da manipulação midiática. Coragem, compaheir@s, a crítica mais consistente só poderá sair do seio do proprio movimento, porque ela é fraterna e justa.

Censura do prefeito Eduardo Paes a livro referência da Política Nacional sobre álcool e outras drogas surpreende profissionais da área

Ato do prefeito do Rio de Janeiro foi motivado por matéria de capa do Jornal O Dia - ”Sugestão é plantar em casa – Saúde do Rio defende o uso da maconha”

O Dia

Uma matéria de capa do jornal O Dia do último sábado, dia 12, causou a indignação dos profissionais de Saúde Mental do país. O caso fez com que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, determinasse a retirada do livro “Toxicomanias: incidências clínicas e socioantropológicas”, citado na reportagem e considerado uma referência na política nacional sobre álcool e outras drogas, do site da Coordenação de Saúde Mental do Rio de Janeiro. O livro é o quarto volume da “Coleção Drogas: Clínica e Cultura”, que conta atualmente com cinco livros publicados pelo Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (CETAD/UFBA) através da Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA).

Os autores, em nota pública, consideraram que a forma que a matéria questiona o livro é leviana, e que a decisão do prefeito Eduardo Paes de censurá-lo inoportuna. “A matéria trata a publicação de forma distorcida e equivocada, fazendo um recorte descontextualizado e até criminoso de um dos artigos [...]“. Eles destacaram também a importância do livro para a área de Saúde Mental. “Essas publicações, que tem sido uma referência para estudantes e profissionais de diversas áreas, trazem à tona as reflexões e o debate em torno do uso e abuso de drogas, enfocando o sofrimento humano e suas complexas relações sociais, através de múltiplos olhares, no âmbito da socioantropologia, da comunicação, da medicina, da psicanálise, da lei, com artigos de profissionais e pesquisadores de reconhecida experiência nesse campo“.

Leia a nota na íntegra dos autores do livro Antonio Nery Filho, Edward Macrae, Luiz Alberto Tavares e Marlize Rêgo.

Organizações da sociedade civil também questionaram a reportagem do jornal O Dia. “A matéria se constitui como mais um ataque à Política de Redução de Danos, instrumento que embasa o cuidado e o tratamento oferecidos pela Saúde Pública aos usuários de álcool e outras drogas, debatido por mais de uma década com setores representativos da sociedade brasileira, aclamada na IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial e reafirmada como Política de Estado pelo Ministério da Saúde“. A forma como a Prefeitura do Rio vem tratando a saúde mental na cidade também foi citada. “A opção da prefeitura carioca, como se sabe, vem sendo pelas práticas de recolhimento e internação compulsórias em abrigos especializados e comunidades terapêuticas, escolhendo a repressão, o isolamento e a tutela aos usuários, em desrespeito às diretrizes das políticas públicas de Saúde e Assistência Social que vêm sendo reduzidas a meras coadjuvantes da ordem e segurança ‘públicas’“.

Leia na íntegra a nota de organizações da sociedade civil como Justiça Global, Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (NEPS/UERJ), Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), Associação de Juízes para a Democracia (AJD) e outros.

Veja as matérias do jornal O Dia:
Sugestão é plantar em casa – Saúde do Rio defende o uso da maconha
Prefeito manda investigar o blog da maconha


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Fonte: Justiça Global Brasil

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