PICICA: "Já que perguntar é inofensivo, pelo menos caprichemos um pouco nas perguntas. Expectativas à parte, claro."
Novas perguntas à Comissão da Verdade
Que papel tiveram no golpe (e na repressão) empresários, jornais e instituições religiosas? Já que perguntar é inofensivo, pelo menos caprichemos um pouco…
Por Guilherme Scalzilli, em seu blog
Outro dia um anônimo formulou “Dez Perguntas para a Comissão da Verdade”, que preencheram um vazio discreto na edição da Folha de São Paulo. São elas: que fim levaram os guerrilheiros mortos no Araguaia? Como morreram Vladimir Herzog e Rubens Paiva? Quem eram os informantes do regime? Quem praticou maus tratos nos porões? O que ocorreu na Casa da Morte de Petrópolis e na da Rua Tutóia? Como funcionou a aliança entre as ditaduras da Operação Condor? Onde foram enterradas as vítimas do regime?
Apesar do aspecto meio acaciano de algumas questões, elas abarcam mais ou menos o que se espera do limitado alcance do grupo nomeado pelo governo federal. Mas agregam um enfoque preguiçoso e acomodado, dirigido àquela zona confortável do tema que já foi explorada por extensa bibliografia. Restam outras lacunas que também mereceriam a atenção dos investigadores, justamente porque menosprezadas pela historiografia e pela mídia corporativa:
- Como se relacionaram os grandes veículos informativos da época com o movimento golpista pré-64?
- Que apoios logísticos, financeiros e humanos dedicaram esses veículos ao regime?
- Quais foram os analistas, jornalistas, intelectuais e celebridades que apoiaram o golpe?
- Que empresas nacionais e estrangeiras financiaram a tenebrosa Operação Bandeirante e outros sistemas criminosos?
- Que papel tiveram empresários, diretores e demais representantes de corporações privadas na sustentação do aparato repressor?
- Como as instituições religiosas e os conselhos profissionais se posicionaram em relação à ditadura?
Já que perguntar é inofensivo, pelo menos caprichemos um pouco nas perguntas. Expectativas à parte, claro.
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Fonte: Outras palavras
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